Xande no armário da vovó. |
Xande tinha um gato chamado Xodó.
Não era um gato comum, nem era um gato que
brincasse de “vivo/morto”.
Xande, xodó da vovó.
Xodó, gato do Xande.
Simples assim.
Xodó era pretinho que nem piche.
E gostava de peixe, imaginem!
Na chácara da vovó, vez por outra aparecia
um gato sem dono.
Andava no muro... Descia e...
Sondava a porta da cozinha atrás de um
alimento qualquer.
Via o Xodó, gato do Xande, e corria.
Sumia no mato.
Quando aparecia novamente, estava
ligeiramente diferente.
Ou seria um outro?
Um irmão do gato do muro... Ou um primo?
A dúvida surgiu quando o pessoal da chácara
percebeu um cheiro estranho no jardim, e era um
cadáver de gato.
Morrera envenenado o pobrezinho.
Assuntando aqui e ali, com outros
chacareiros, cada qual contou um episódio semelhante:
_ O gato saia do mato; andava nos muros; sondava
as portas das cozinhas, e... Sumia vivo para aparecer morto.
Fizeram uma reunião de condôminos a fim de
discutir o crime ambiental.
Alguns moradores contaram casos de sumiço
de alimentos de suas cozinhas.
Ninguém assumiu ter posto veneno num
sanduíche para exterminar gatos enxeridos.
A avó de Xande interrompeu o chá da hora de
dormir, colocou nos ombros um chalé xadrez, fechou a porta com chave, e
chegando atrasada na reunião do condomínio falou:
_ O gato está vivo!
_ Como se o vimos morto?
E ela:
_ Estou falando do “gato de Xande”,
entendam. Ele também teria morrido comendo sanduíche de peixe, mas está
vivinho. Acho que o gato do jardim não morreu envenenado não. Pelo menos não
propositalmente.
_ Dona Xuxa, por favor, vê se não complica
mais a questão: O Xodó de Xande não está por aí caçando comida, pois é muito
bem tratado. O gato do mato não haveria de entrar na sua cozinha para “gatar”,
não é mesmo? Lá teria de enfrentar o gato da casa. Então vamos concluir assim:
este caso não tem nada a ver com o gato de Schrödinger. As propriedades do
condomínio não poderão ser letais para animais de nenhuma espécie. Se virmos
pelas redondezas gatos andando sobre muros e telhados, serão considerados
vivos. Se estiverem imóveis estirados no chão, serão considerados mortos. A
afirmativa é que “gato não ressuscita NEM MORTO”.
_Mas como? – tentou retrucar vovó Xuxa
ajeitando os óculos- se eu acabei de ver um gato igualzinho ao descrito como
morto e enterrado no jardim e até fotografei aqui no meu celular. Vejam!
As pessoas presentes na reunião
levantaram-se para ver a imagem do gato, e constataram:
_ Parece, mas não é. À noite todos os gatos
são pardos!
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Elisabeth Carvalho Santos desde alfabetizada lê tudo que aparece à sua volta. Depois de aposentada professora (não de Português) resolveu escrever. Colabora com o jornalzinho da família, participa de concurso cultural e coleciona seus textos para publicar oportunamente. Os assuntos brotam de suas observações, das conversas com amigos e são temperados com pitadas de imaginação e bom humor. Costuma afirmar que "escrever é um trabalho prazeroso e/ou um lazer trabalhoso que todo alfabetizado deveria experimentar algum dia".
Muito boa a sacada do Schrödinger!
ResponderExcluirAbraços