maio 29, 2020

Sem tempo na quarentena Covid19

Por Elisabeth Santos

O gato Zion tambestá em quarentena.


O enfrentamento ao novo Corona força as pessoas, que têm alto risco de serem contaminadas e não se recuperarem, a ficar em casa. Algumas destas já estavam acostumadas, e não mudaram a rotina diária. Outras tiveram que reinventar a roda para bem sobreviverem como acontecia antes do confinamento.

Se a roda, girando como de costume, as mantinham ocupadas com as visitas a tudo quanto é lugar... Agora ficou parecendo uma roda, dia após dia, aguardando o tempo passar pela janela. Sendo que o tempo não é visível nem audível... tedioso ficou o cotidiano das pessoas vulneráveis a se tornarem pacientes de algum centro hospitalar, sem terem paciência para tal.

 Enfim, roda reinventada, alternativas para uma rotina que já não existe surgiram em todo canto do mundo. Uns cantando em verso e prosa; outros dançando e a maioria procurando o que fazer dentro de um espaço que sempre foi... sua própria e desconhecida casa.

- Introspectivos adentrem! Tem muita coisa a ser feita.

- Trabalhadores do mundo, ouvi-me! Tem muita poeira a ser eliminada.

- Gente criativa, imaginativa, pensantes em geral, mãos à obra!

- A hora é agora!

- Assim recolhidos, cada qual com seu próprio eu, sem mais o que fazer, navegar é preciso! Águas claras ou tumultuosas; caminhos retos ou tortuosos; céu azul ou enuviado... seja lá qual for o percurso perscrutado até então, a gente muda. Entrar pra dentro deixa de ser pleonasmo por representar a volta dos que não foram. O que vão dizer?

- Pirarei na batatinha?

- Nada de novo está sendo dito?

- Nunca, jamais, em tempo algum filosofastes?                

Ouvindo a resposta: - A roda está sendo reinventada. Não há como fazer omelete sem quebrar ovos, ou ... novos paradigmas serão peças de reposição para novos seres?

A primeira pergunta no passado:

- Haveria vida em outros planetas?

E a resposta:

- Bem provável a de micro organismos.

E alunos novatos perguntariam ainda:

- E vida inteligente que nem nós humanos no planeta Terra? Existiria no Universo?

E a última resposta ouvida para se entregar ao trabalho de cada qual reinventar-se:

- Mostremos nossa inteligência agora, nessa pandemia que nos tirou o chão. Chão de saber onde estamos, o que fazemos, para que ou quem vivemos. Crendo só no que vemos e sentimos fisicamente, em que iremos nos firmar agora? A lógica que um dia foi nossa bússola, direcionou nossas vidas, não tem mais sentido se um serzinho de merda, um vírus em forma de coroa, poderá ser o tirano a ordenar o que cada ser humano irá fazer daqui para a frente.

“_ Eu sou o ditador e determino: vocês vão passar o resto das suas existências tentando livrar-se de efeitos nocivos de suas próprias ingerências advindas da tal inteligência supostamente superior!”




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Elisabeth Carvalho Santos desde alfabetizada lê tudo que aparece à sua volta. Depois de aposentada professora (não de Português) resolveu escrever. Colabora com o jornalzinho da família, participa de concurso cultural e coleciona seus textos para publicar oportunamente. Os assuntos brotam de suas observações, das conversas com amigos e são temperados com pitadas de imaginação e bom humor. Costuma afirmar que "escrever é um trabalho prazeroso e/ou um lazer trabalhoso que todo alfabetizado deveria experimentar algum dia".

maio 22, 2020

4 hábitos americanos que são difíceis de aguentar



Existem coisas que os americanos fazem que são difíceis de aguentar, do ponto de vista de uma brasileira depois de 8 anos morando na Carolina do Sul.

1. Assoar o nariz à mesa na frente de outras pessoas.

Oh Meu Deus... se você está tão doente assim, não saia de casa. Se está com uma super alergia que acomete a todos durante a explosão de pólen na primavera tome remédio, vá ver um médico, fique em casa. Ou então se limite às interações que não vão fazer os outros vomitarem na sua frente.

2. Eles não lavam as mãos antes das refeições.

Esse fato é intrigante para mim porque eles comem com as mãos e sem usar guardanapos. Geralmente  pegam lanches, hamburgeres, asas de frango, fritas, bacon, pizza, tudo com as mãos.

3. Eles arrotam à mesa, elas arrotam também.

Eu entendia que garotos arrotavam alto e na frente dos outros para fazer graça, gerar uma reação de nojo nos outros, homens fazem isso também e pelos mesmos motivos. Acho que minha mãe avaliou bem a situação quando ela disse, "mas eles bebem muito refrigerante (com gás), então eles têm que arrotar". Não me interessa, eu não tenho estômago para aguentar, nem a necessária falta de olfato para ficar por perto...

4. Eles sugam as bebidas quentes fazendo barulho.

Eu entendo que meus amigos asiáticos façam isso, afinal é culturalmente interessante demonstrar que gostou do alimento ou bebida. Entretanto quando um americano faz isso na frente de outros não asiáticos é meio nojento.

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maio 15, 2020

Pressentimentos I

Por Elisabeth Santos 


Contaram-me que na “minha infância querida que os anos não trazem mais” eu dizia frases premonitórias. Não posso afirmar totalmente. Sei que eu folheava revistas, jornais, livros ilustrados e tudo o mais de leitura diária dos meus pais e demais adultos da minha casa. Daí a “meter o bico” nos diálogos de gente grande com meus palpites... a distância não seria muita.

 Poderia o leitor curioso perguntar-me agora se fui uma criança enxerida, e eu não afirmaria nem negaria. Achava natural tudo aquilo. Acompanhei, e me estarreci com os julgamentos de crimes da guerra; sofri junto com vítimas de todo tipo de crime; acompanhei avanços tecnológicos; cobicei eletrodomésticos que facilitariam em muito o trabalho de donas de casas; “viajei” nos modelos de automóveis recém lançados, nos aviões teco-teco e também nos a jato.

Tudo isso e muito mais, pois eu lia e lia e nunca consegui juntar o verbo ler, ao verbo estudar. Resumindo: estudar seriamente... eu não conseguia. Tinha comigo que na hora da prova final da série escolar algo viria à minha mente para salvar-me. Esta fase durou que durou para desespero de meus pais. Guardei uma carta da mamãe para o meu padrinho Guido:

_Elisabeth Maria continua lendo muito. Estudar que seria bom... nada. Estou sempre repetindo a ela que largue de fantasias e faça o dever de casa. Resultado: o boletim dela do quarto ano primário no Colégio Sion trouxe a vergonhosa nota de cinco vírgula seis!

Completo agora que, passados mais três anos de escolaridade no mesmo estabelecimento... tomei uma bomba redonda, como se dizia em mil novecentos e sessenta e um! Matérias: Matemática, História do Brasil e Inglês.

Só cheguei a melhorar depois desse incidente de percurso e interessar-me verdadeiramente por aprender o que a escola preconizava, após a transferência para uma escola pública.

O detalhe nisso tudo é que eu continuava acreditando ter um Santo muito forte. Funcionava! Era despreocupada, porque o acaso sempre me protegia. Parecia que eu adivinhava facilmente, ou antevia perigos a desviar-me, coisas certas a dizer no momento exato. Sei lá o que poderia ser isto. Dava certo e eu acabava por concluir que não precisava preocupar-me com o que desse e viesse a acontecer a mim, aos meus, ao mundo.

Durou até que perdi minha mãe de um enfarto fulminante. Ela sendo medicada em casa, eu acompanhando tudo, cheguei à janela, olhei o céu repleto de estrelas e pensei: - Amanhã estará tudo bem. Ela não vai morrer e lembrarei desse sonho ruim e das estrelas todas que vejo agora.

Pela primeira vez antevi o impossível e me decepcionei.




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Elisabeth Carvalho Santos desde alfabetizada lê tudo que aparece à sua volta. Depois de aposentada professora resolveu escrever e já publicou dois livros. Os assuntos brotam de suas observações, das conversas com amigos e são temperados com pitadas de imaginação e bom humor. Costuma afirmar que "escrever é um trabalho prazeroso e/ou um lazer trabalhoso que todo alfabetizado deveria experimentar algum dia"