julho 29, 2016

Cemitério II

Por Elisabeth Santos


Depois de ouvir contarem curiosidades de personagens, esculturas e túmulos de alguns cemitérios do mundo, resolvi relatar um causo da minha cidade.

O pequeno cemitério estava localizado no alto de um morro, pois em ocorrência de enchente no rio, não seria atingido trazendo danos e tristeza às famílias dos mortos.

Cercado por muro não muito alto, o portão ladeado de palmeiras, oferecia uma nostálgica vista do casario e igreja, ao pôr do sol.

Para a molecada, o interesse voltava-se para os coquinhos das palmeiras. Atirando pedras, acertavam alguns, e tinham de pular o muro para busca-los.

Para enamorados, o interesse maior era pelo local de pouco movimento, principalmente ao anoitecer.

Eis que numa noite sem lua, dois moleques repartiam assim seus coquinhos:

_ Um pra mim, um pra você; um pra mim, um pra você...

Isto do lado de dentro do cemitério, com portão fechado.

E o casalzinho aos beijos do lado de fora, encostado ao muro, ouvindo aquilo sem saber de quem seria a voz a sussurrar:

_ Um pra mim, um pra você...

De início, não se preocuparam em sair dali, mas ao ouvirem a frase:

_ Corre a pegar aqueles dois que vão sumir na cova aberta!

Lívidos, dispararam a correr ladeira abaixo.

E os moleques, a dividirem os frutos redondinhos, que ora escapavam rolando, ouvindo tropel e gritos assustados pularam o muro, correram pra casa, esquecendo o que tinham ido buscar no cemitério.



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Elisabeth Carvalho Santos desde alfabetizada lê tudo que aparece à sua volta. Depois de aposentada professora (não de Português) resolveu escrever. Colabora com o jornalzinho da família, participa de concurso cultural e coleciona seus textos para publicar oportunamente. Os assuntos brotam de suas observações, das conversas com amigos e são temperados com pitadas de imaginação e bom humor. Costuma afirmar que "escrever é um trabalho prazeroso e/ou um lazer trabalhoso que todo alfabetizado deveria experimentar algum dia".

julho 27, 2016

Ideias simples para os controladores de plantão

Acho que a maioria vai concordar com a frase a seguir. Seja em casa ou no trabalho, as pessoas controladoras sofrem, mas também atormentam quem esta por perto.

Alguns empresários chegam ao ponto de não deixar a secretária organizar a agenda do dia ou mesmo marcar reuniões. Muitos desses chefes só vão delegar tarefas quando já estão biologicamente exaustos (burn out) e com uma equipe totalmente despreparada nas mãos. Uma boa receita para o fracasso!

Então essas são 4 dicas para ajudar o Sr. Mandão a delegar mais tarefas.

©  | Dreamstime Stock Photos

Começando com a mais fácil.

1. Defina as tarefas mais difíceis ou demoradas do seu dia. Contrate alguém para fazer coisas que você sabe que não faz tão bem e seja livre para fazer o seu dia mais produtivo.

2. Conheça as pessoas que trabalham para você!

2.1. Se puder, contrate alguém que seja treinado e experiente no assunto.

2.2. Descubra os talentos da sua equipe e explore isso. Esqueça aquele ideal romântico e dissipador de energia que fala para "desenvolver as qualidades faltantes das pessoas" delegando tarefas que elas não sabem fazer. 

2.3. Entenda os potenciais de cada funcionário, de verdade. Só assim você vai conseguir determinar o tipo de treinamento necessário para que sejam excelentes nas tarefas que executam. Se for esse seu caso... veja o número 3.

3. Seja paciente, com a aprendizagem. Com tempo e muito bom senso seu time vai conhecer suas preferências. Você também vai saber como seu time trabalha e demandar tarefas mais complicadas com melhor retorno. 

4. Mantenha anotações das suas tarefas diárias. Controle o tempo (aqui pode) que você leva para realizar cada trabalho, cada projeto, cada telefonema, etc. Seja muito organizado com as SUAS anotações. Somente assim você vai conseguir aperfeiçoar as dicas anteriores.


E você, tem outras dicas interessantes para deixar de ser controlador? Conte para a gente nos comentários.


Outros textos interessantes para você.

Fábricas exploradoras, moda barata que mata.




julho 25, 2016

Pergunto a vocês: o que é mais inteligente, o livro ou a sabedoria?

A sabedoria, não é?
José Agradecido

Com ela a gente escreve os livros...
Leonardo Guelman


Resolvi estender um pouco mais o assunto do último post sobre o Profeta Gentileza, veja o post aqui, a fim de passar mais algumas curiosidades (baseadas nas pesquisas do Prof. Dr. Leonardo Guelman) sobre essa grande figura que motiva pesquisas, ações, músicas, filmes, e até mostras artísticas em nosso país.

“O que é mais inteligente: o livro ou a sabedoria?” Pergunta retórica do Profeta Gentileza após ter vivido o fato de ter sido preso no início dos anos 70 em Aquidauana - Mato Grosso, em sua peregrinação, onde o delegado alegou tê-lo preso por estar pregando sem a Bíblia – livro-. Além de ter sido preso por tal motivo, José Agradecido teve seu cabelo e barba cortados e seu estandarte destruído, em seguida o colocaram em um trem para Campo Grande. Depois disso, voltou para o Rio de Janeiro e por estar careca começou a usar uma cartola, sendo então apelidado de “Chacrinha da Calçada” e “Profeta Tropicalista”. A partir daí carregava uma carta de autoridades confirmando que ele era de “ordem” e não um“desordeiro”, para assim poder continuar sua jornada em paz.


Como vimos no post anterior, a tragédia do “Gran Circus” foi algo que mexeu muito com José Datrino, ele relacionava aquela fatalidade particular de um circo com a fatalidade de o mundo estar perdendo seus valores. Desse modo criou uma modinha (tipo essas modas de viola cantadas) que dizia o seguinte:

“Diz que o mundo ia se acabar

Pois o mundo se acabou

A derrota de um circo queimado em Niterói

É o mundo representado

Porque o mundo é redondo e o circo é arredondado

Por esse motivo Gentileza não tenha sossegado

O Profeta do lado de lá passou para o lado de cá

Para consolar os irmãos que eram desconsolados

É isso que aconteceu

E o mundo é redondo e o circo arredondado”

É certo que o circo é uma representação do mundo, e se consideramos isso os pensamentos de Gentileza sequiam uma linha de raciocínio extraordinária, tudo fazia sentido das coisas que fazia, escrevia e falava.

Das sacadas mais legais é a palavra “conhecer” escrita dessa forma: “CONHESER” -> conhecer e ser ao mesmo tempo.

Outro exemplo é em seu segmento místico/religioso onde podemos identificar a simbologia da repetição das letras na palavra “amor” -> “AMORRR” – escrito com 3 “Rs”: a cada R era atribuída uma parte da Santíssima Trindade, sendo o primeiro R ao Pai, segundo ao Filho e terceiro R ao Espírito Santo.


Por ter o costume de andar em lugares onde havia mais circulação de pessoas, trânsito, centros e, portanto mais falta daqueles valores. Ficou caracterizado como um autêntico profeta urbano e para alguns estudiosos um reformador contemporâneo que vem questionar os caminhos tortos que a sociedade tem tomado e mostrar algumas novas trilhas mais iluminadas.

Gentileza também foi o primeiro artista urbano do Rio de Janeiro reconhecido nacionalmente e por isso:

Até dia 31 de julho acontece no Parque das Ruínas no Rio de Janeiro – RJ uma Exposição em sua homenagem chamada: “GENTILEZA – o verde e amarelo do Rio - Uma releitura contemporânea da arte mural do profeta” onde foram reunidos trabalhos de 11 artistas, entre eles grafiteiros, escultores e ilustradores. A visitação à Mostra está aberta de terça a domingo, das 10h às 18h com entrada gratuita.





Outros posts da Amanda você lê aqui.


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Amanda estuda Filosofia e mora em Ouro Preto – MG. Lança no mundo um olhar contemplativo e é por isso que gosta trocar informações e curiosidades sobre tudo o que admira e experimenta. Acredita que as perguntas movem o mundo e o conhecimento pode ser um remédio para a alma. Escrever no Caderno de Perguntas é uma forma de passar um pouco da sua bagagem adiante.

julho 22, 2016

Memória e História

Por Elisabeth Santos

Lindo quadro da Beth. 

Quem não tem memória, não terá História!

Memorizar é natural. Relembrar é saudável. Guardar é importante. Registrar... imprescindível.

Só registrando é que se guarda para a posteridade!

Se alguém escreve, fotografa, ou filma fatos de hoje estará deixando suas lembranças, que brevemente serão seu passado. Se vem outra pessoa, e guarda, armazena ou arquiva tais recordações estará preservando fragmentos de uma época onde muitos viveram, e outros poderão se enxergar ali.

Passado e presente assim se misturando carregam para o futuro as Memórias, que talvez se tornem História.

Cada um pode ser o agente de mudança da sua vida, e fazer sua História. Aguardar a ação incisiva de alguém, não o torna diretamente responsável por tal modificação, mas no aceite, continua a ser o personagem central. Agente ou subserviente teve sua vida modificada, a trajetória mudada, o final concluído de outra forma. Não tem como saber ao certo... o que seria se não tivesse sido.

Muitos sofrem pela dúvida: contar ou não contar a experiência vivida? Decisão cabível só a si mesmo que pode ser ajudada pela utilidade da informação aberta ao público.

Vai encorajar ou ajudar alguém? Muitos relatos de cidadãos poderão ser úteis a outros que precisem de uma referência, ou um bom exemplo.

Gente que venceu pela persistência, estudo, trabalho, apesar das dificuldades.

Gente que superou perdas.

Que caiu e levantou-se.

Acreditou.

Apostou.

Venceu!

A História é repleta de personagens decididos. E eles foram encorajados por outros, nem sempre lembrados, também importantes.

As perguntas de Bertold Brecht (1946) se repetem através dos anos: “A grande Roma está cheia de arcos do Triunfo. Quem os ergueu”?




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Elisabeth Carvalho Santos desde alfabetizada lê tudo que aparece à sua volta. Depois de aposentada professora (não de Português) resolveu escrever. Colabora com o jornalzinho da família, participa de concurso cultural e coleciona seus textos para publicar oportunamente. Os assuntos brotam de suas observações, das conversas com amigos e são temperados com pitadas de imaginação e bom humor. Costuma afirmar que "escrever é um trabalho prazeroso e/ou um lazer trabalhoso que todo alfabetizado deveria experimentar algum dia".

julho 18, 2016

Expressões de surpresa em inglês caipira.

Dicas do Sul dos Estados Unidos


17. Expressões divertidas para usar no dia-a-dia nos EUA (veja o tópico 16 aqui).

Sabe quando alguém te surpreende com algo bem bacana, bem diferente e muito melhor do que você pensava? É a hora de usar expressões divertidas como essa:


"Butter my but and call me biscuit."

"Passe manteiga na minha bunda e me chame de biscoito!" 

Em uma tradução mais prática seria algo assim: "pode me chamar de bobo, minha ideia sobre o assunto estava toda errada." Outras pessoas simplesmente falam "shut my mounth" ou "cale a minha boca".

Sempre num contexto coloquial, uma expressão dessas só cabe mesmo numa conversa com amigos. Para momentos formais é preferível falar "really"?

Existem outras frases como essa do tempo que os Estados Unidos era um país rural. São expressões usadas pelos rednecks, caipiras grosseiros. Elas descrevem coisas que você nunca pensou que alguém pudesse fazer de verdade. Ou coisas contrárias ao que você faria. Então você se sente um bobo, no sentido de alguém inocente que não acredita que aquela coisa pudesse ser feita.

As outras expressões divertidas no mesmo sentido são essas:

- Paint me green and call me a cucumber.
Me pinta de verde e me chama de pepino.

- Slap me with bread and call me a sandwich.
Me bate com um pão e me chama de sanduiche.

- Pin my tail and call me a donkey.
Coloca um pino no meu rabo e me chama de burro.

- Fry me in butter and call me a catfish.
Me frita na manteiga e me chama de bagre.

- Saddle my back and call me a horse!
Sela minhas costas e me chama de cavalo!

E você, conhece outras expressões do sul dos Estados Unidos? Conte sobre algumas nos comentários.

Quer saber mais sobre o sul dos Estados Unidos? Veja aqui.

Coisas que você precisa saber antes de embarcar num voo para os Estados Unidos

A fabulosa loja de chocolate M&M

julho 15, 2016

Dona de Casa I

Por Elisabeth Santos

Tampa, tampinha, tampão.

Quem escolher ser dona (o) de casa por ser menos trabalhoso rapidamente verá que não é bem assim. E depois de um bom tempo nessa atividade constatará, que semelhante a outros serviços, terá de adaptar-se aos novos aparelhos também. Nem vou contar detalhes das inúmeras vasilhas que estão surgindo todos os dias nas prateleiras comerciais. Em variados materiais, formatos, cores, fechamentos, tamanhos, etc. Simples ou sofisticadas com sistema de vácuo, resistência a temperaturas extremas, próprias para esse ou aquele tipo de alimento, fazem os responsáveis pela copa/cozinha de um lar perderem horas preciosas buscando-as aqui e ali.

O mais importante mesmo não são os tais utensílios, mas os eletros-eletrônicos, que exigem leitura atenta do manual, memorização constante de seus detalhes de funcionamento, limpeza e condicionamento. Muitas vezes até o que foi idealizado para facilitar, atrapalha. Num aparelho de multiuso o encaixe de cada peça pode estar gravado na própria. Para quem enxergou, e leu instruções pode parecer bem fácil.

Os encaixes são cercados de segurança para não funcionarem indevidamente o que é um ganho. Alguns exigem uma força nas mãos que nem toda dona de casa tem. Enfim, a cada troca de um aparelho doméstico por outro lançado no comércio, faz-se necessário novo aprendizado. Otimistas encaram tudo isto normalmente, mas quem vai usar a parafernália existente deverá escolher o que mais lhe convém. As feiras de utilidades são os melhores locais para quem quiser aprender, experimentar e até provar das receitas no novíssimo forno de micro-ondas p.ex.

A mídia auxilia bem, e a(o) vizinha(o) que primeiro aderir à novidade ajudará bastante na propagação da ideia.

A quem ainda estiver se decidindo se vai ou não ser dona(o) de casa atualizadíssima(o) existe um teste bem simples:

Vá até seu armário de cozinha e feche todas as vasilhas com suas tampas originais. Se não sobrou tampa nem pote, sua chance de dar certo é grande. Se sobrou tampa ou pote e você nem sabe dizer o que ali aconteceu, sua chance será menor. E, se ao contrário dessas duas hipóteses, você tiver um mundo de vasilhas, um mundo de tampas, e nada se encaixar...

Não desista ainda!

Encaixote tudo, e deixe no portão para alguém levar.

Recomece sua coleção antes de perder de vez a paciência. Boas e bons donas(os) de casa não podem desistir assim tão facilmente.

Boa Sorte!




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Elisabeth Carvalho Santos desde alfabetizada lê tudo que aparece à sua volta. Depois de aposentada professora (não de Português) resolveu escrever. Colabora com o jornalzinho da família, participa de concurso cultural e coleciona seus textos para publicar oportunamente. Os assuntos brotam de suas observações, das conversas com amigos e são temperados com pitadas de imaginação e bom humor. Costuma afirmar que "escrever é um trabalho prazeroso e/ou um lazer trabalhoso que todo alfabetizado deveria experimentar algum dia".

julho 13, 2016

Porque esse feminismo é mesmo uma piada.

ANTES E DEPOIS

Ali Wong é uma americana de famílias chinesa e vietnamita que mesmo grávida apresenta um show de stand up comedy hilário. Cara, ela é ainda melhor falando mal das feministas. 

No Net Flix você encontra o show inteiro, mas aqui tem um aperitivo. Afinal, o feminismo foi a pior coisa que aconteceu para a mulher!



"If you like it, please make sure to leave a 5 star review and some nice comments. There are crazy racist haters out there!" Ali Wong



julho 11, 2016

Sabia que o Profeta Gentileza também passou por Ouro Preto em Minas Gerais?


Para que serve o Catavento?

- “O catavento é para arejar a mente da humanidade.”

Disse uma vez um profeta-poeta que caminhava pelo mundo carregando um estandarte com flores e catavento que dizia: “GENTILEZA GERA GENTILEZA”.


Dizem alguns moradores de Ouro Preto, que se lembram do Gentileza com simpatia, que adoravam ficar ao redor do Profeta, quando crianças, enquanto ele fazia suas pregações. Um dos lugares onde ele costumava ficar era perto da Escola Dom Pedro II, na Rua das Flores.

Criador do slogan “GENTILEZA GERA GETILEZA”, José Datrino (1917, Cafelândia, SP – 1996, Mirandópolis, SP) também conhecido como José Agradecido, Profeta Tropicalista e Profeta Gentileza passou algumas vezes por Ouro Preto em sua peregrinação na década de 80 e em uma dessas vezes, estudantes republicanos disseram-no para usar túnica, já que era um profeta. Desde então passou a se vestir com uma e a customizá-la assim como fazia com seus estandartes, cartola e calçados.

Em 1961 José DaTRINO que trabalhava com transportes e dirigia caminhões teve uma espécie de iluminação que o fez deixar sua vida (material) trabalho e família para trás dando início à sua jornada  espiritual, onde veio  propagar Gentileza e Amor.  Uma leitura que se dá à uma de suas ideias é de que o “capeta”, “capetalismo” simbolizava o “capitalismo” = “importância dada ao dinheiro em demasia” que gerava a indiferença  e o esquecimento de valores mais humanos, como o amor, a  gentileza, reconhecimento da importância da natureza que é gratuita.

Também em 1961 houve um grande incêndio criminoso em um circo gringo -“Gran Circus” -que se apresentava em Niterói, deixando pelo menos 500 mortos, uma catástrofe, crianças e adultos de todas as idades partiram ali. Foi o que motivou e talvez tenha impulsionado José Datrino a virar José Agradecido e se instalar naquele território. Foi para Niterói com seu caminhão e em um dia distribuiu vinho à população com o acordo de que pedissem “por gentileza” – invés de “por favor” e agradecessem  com “agradecido”- invés de “obrigado”. Com esse episódio foi levado pela polícia cujo batalhão se situava ao lado do circo que havia se tornado cinzas.

José transmutou a si mesmo e também aquela terra coberta de cinzas em um jardim gracioso onde chamou de “Paraíso Gentileza”, seu destino faria sentido se trouxesse de alguma forma o renascimento – florescimento de gentileza e amor à vida das pessoas, através de palavras esclarecidas, sua própria figura e inúmeros murais que veio pintar com toda alegria e paciência em pilastras do Viaduto do Caju no Rio de Janeiro.

O profeta é aquele que anuncia e denuncia. Nesse sentido José Agradecido veio anunciar que é possível mudar o mundo, em pequenos gestos, no cotidiano, resgatando valores que foram perdidos no meio do caminho, vem chamar atenção para o simplório e pequeno (individual) que se projeta no maior e complexo (social). Denuncia o capeta (termo de origem interiorana brasileira) que diz respeito ao material, supérfluo para o qual estão todos voltados e cegos. E aborda uma diferente maneira de tratamento com os termos “Por gentileza” e “Agradecido”, o que está sendo novamente resgatado por nossa geração, que vem trabalhado a expressão e sentimentos de GRATIDÃO.

Taxado de louco por alguns, aos quais respondia: “Maluco para te amar, louco para te salvar” nosso andarilho Profeta Gentileza é admirado por sua sabedoria e singularidade, sacadas, criatividade e história. Sua graça gerou homenagem de Gonzaguinha aqui e Marisa Monte aqui e ainda hoje atrai estudiosos e curiosos de várias áreas, desde as Artes, pois agia ética e esteticamente ao mesmo tempo, até a  Psicanálise. Veja seus trabalhos de tipografia, criação de frases e palavras, customização e decoração, cores usadas, letras trocadas e/ou repetidas, havia sentido em tudo ali, também agia conforme essas ideias que escrevia e falava em seu cotidiano, um exemplo disso era que a partir do momento em que deixou seus bens com a família, por volta de 1970, só viajava de carona, e viajou muito, viu. Podemos ainda compará-lo com um Hippie, pois viveu o florescimento do movimento hippie e ainda passou pelo auge da ditadura militar sendo uma figura despojada e a frente de seu tempo.

Texto criado a partir de leituras, depoimentos, documentários sobre o Profeta Gentileza, além de trechos da Palestra do Prof. Dr. Leonardo Guelman.

Veja o documentos sobre o Profeta Gentileza aqui 

Palestra do Prof. Dr. Leonardo Guelman sobre o Gentileza aqui.





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Amanda estuda Filosofia e mora em Ouro Preto – MG. Lança no mundo um olhar contemplativo e é por isso que gosta trocar informações e curiosidades sobre tudo o que admira e experimenta. Acredita que as perguntas movem o mundo e o conhecimento pode ser um remédio para a alma. Escrever no Caderno de Perguntas é uma forma de passar um pouco da sua bagagem adiante.

julho 08, 2016

Cortando gastos

Por Elisabeth Santos

Um  lindo quadro da Beth.

Para baratear custos e garantir ganhos há de se economizar. É muito difícil ficar rico gastando. Riqueza garantida se faz guardando.

Quem não nasceu rico, mas pretende ficar, deve enxergar as boas chances e aprender a gastar de acordo com o que ganha.

Até meu circo predileto transformou-se em meio círculo para garantir sobrevivência. 

Também mudou arquibancadas para cadeiras de plástico. Usa palco ao invés de picadeiro.

Contrata artistas versáteis, que após venderem ingressos na bilheteria, e lembrancinhas alusivas ao espetáculo, fazem mágicas e malabarismos para a distinta plateia.

As bailarinas aprenderam a fritar saborosas batatas a serem oferecidas nos intervalos, a dez reais a porção.

O sonoplasta é encarregado de toda instalação elétrica. O recepcionista é também segurança, ajudante do trapezista, e o segurador de todos que simulam voos, se equilibram no alto, ou andam na corda bamba.

Esses artistas das alturas se arriscam sem rede de proteção, porque a distância do solo também diminuiu (e o ajudante de palco mede quase três metros, com o braço estendido pra cima!).

O show encanta crianças de oito a oitenta anos, sob a batuta do músico, administrador, proprietário, chefe direto, divulgador, etc.

O estrategista da empresa tem alguma semelhança com Mister Eme, pois intercalando apresentações com aroma de cachorro quente, ou de pipoca doce, duplica os ganhos... enquanto o recheio da carteira do respeitável público diminui, para manter a alegria entusiástica da criançada.

Vale a pena ver de novo, e de novo!

O circo realizou sua última apresentação ontem, mas hoje mesmo anunciou que vai reapresentar-se com o dobro de números artísticos, e ingressos promocionais custando a metade.

Cortando gastos, trabalhando incansavelmente, lá vai pelas estradas da vida... o circo driblando a crise!





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Elisabeth Carvalho Santos desde alfabetizada lê tudo que aparece à sua volta. Depois de aposentada professora (não de Português) resolveu escrever. Colabora com o jornalzinho da família, participa de concurso cultural e coleciona seus textos para publicar oportunamente. Os assuntos brotam de suas observações, das conversas com amigos e são temperados com pitadas de imaginação e bom humor. Costuma afirmar que "escrever é um trabalho prazeroso e/ou um lazer trabalhoso que todo alfabetizado deveria experimentar algum dia".