dezembro 28, 2018

Despedindo

Por Elizabeth Santos

Despedindo do ano que se passou, foi programada uma reunião festiva dos cinquenta membros do clube. Atividades encerradas foram postas em avaliação pelos presentes. A música era boa e muitos arriscaram passos de uma dança improvisada. Houve uma brincadeira de rodar números num disco onde cada um teve oportunidade de tentar a sorte recebendo um presente bem embrulhado para não se saber de antemão o que estava recebendo. Salgadinhos, docinhos e sucos de frutas à vontade, pois alguns convivas vieram de longe e a despedida do ano naquele clube sempre teve um ritual respeitado por todos desde sua fundação: falas avaliativas de atividades realizadas, música, cantoria, comes e bebes e algumas brincadeiras. Para o final... os chamados discursos, hora em que os menos tímidos até arriscavam falar em público, diante do microfone e de improviso!
 
Em primeiro lugar, o orador oficial, fundador e pela terceira vez diretor do grupo democrático com eleição bienal. Ele tirou uma única folha do bolso, leu a descrição de suas iniciativas daquele ano que se encerrava, elogiou a participação de todos agradecendo veemente as colaborações.
Em seguida falou um representante da turma e a palavra foi aberta a quem quisesse se expressar.
 
Hora delicada, quando ninguém se habilita a dizer nada publicamente para não prolongar a reunião, e cansar os presentes que já se movimentam nas desconfortáveis cadeiras de plástico.
 
Eis que se adianta ao microfone Dona Angélica Meiriluce e inicia a oratória afirmando que será breve:
 
_ Meus senhores, minhas senhoras, meus caldeirões e suas caçarolas. Aqui estamos ao ensejo de um recomeço, que é o ano de 1990. Mal termina 1989, embora tivesse terminado com muito mais benfazejos que malfazejos e já vislumbramos um horizonte promissor. Ninguém aqui, entre honrados companheiros, tem certeza dos eventos que se aproximam, mas tem uma verdejante esperança que tudo seja muito melhor. E assim tem sido através dos séculos que eu mesma presenciei, e posso testemunhar ter visto com meus próprios olhos, estes que a terra um dia há de comer. Toda passagem de ano no clube é a mesma coisa: só porque dizemos ANO NOVO, não estamos afirmando com todas as letras que tudo será novidade. O despertar em cada um dos trezentos e sessenta e cinco dias será comum. Muito trabalho, enfrentamento de problemas não aritméticos, soluções saídas do nada, gente indo e vindo, mudanças climáticas... para pior. O Clube, como um todo, define boas metas e deseja veementemente que sejam atingidas. Observemos a casa do sr. João de Barros: dependendo de que lado ele construiu a entrada, maus ventos virão pelo outro lado. Assim faremos nós. Vamos imitar o sábio pássaro dos postes urbanos. Importa-me lá as palavras difíceis do moço do tempo: zona de convergência, chuvica de nada, frente fria, costa quente, massa polar, ciclone, marouço de calor, borrasca tropical ou qualquer outra palavrona. Remaremos contra a correnteza se preciso for para atingirmos o proposto no estatuto dessa sociedade e seu regimento interno.
Pausa para beber o copo d’água restante e o orador olha a plateia espantado: a metade que não cochilava, bocejava.
 
Perdeu o fio da meada que estava a desenrolar. Desnorteado, queria encerrar, mas não via como. Também gostaria de obter uns aplausos do distinto público, que precisava ser acordado naquela altura dos acontecimentos. Foi quando recebeu o raio de luz que vinha de um flash qualquer e bradou:
 
_ E vivas à nossa Padroeira!
 
Entre devotos felizes pela boa lembrança e outros convivas aliviados por irem embora antes do toró que ameaçava cair, a Confraria bateu palmas fortemente e dispersou para se reencontrar depois das férias de verão.






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Elisabeth Carvalho Santos desde alfabetizada lê tudo que aparece à sua volta. Depois de aposentada professora (não de Português) resolveu escrever. Colabora com o jornalzinho da família, participa de concurso cultural e coleciona seus textos para publicar oportunamente. Os assuntos brotam de suas observações, das conversas com amigos e são temperados com pitadas de imaginação e bom humor. Costuma afirmar que "escrever é um trabalho prazeroso e/ou um lazer trabalhoso que todo alfabetizado deveria experimentar algum dia".

dezembro 26, 2018

Make sure your home is ready for the winter

A snow day in South Carolina is like this.

Have your heating system inspected. For a small fee, you can hire a technician to inspect your heat pump or furnace to make sure it's ready for the winter.
 
Before you turn on your fire place, make sure that the chimney and vents are cleaned and any damage is repaired.
 
If your house is prone to icicles, have a professional detect and fix air leaks and insulation issues. This will prevent ice dams, which can cause icicles.
Does your ceiling han have a reverse switch? If so, flip it so that you turn on your heat, your fans will create an updraft to push down warm air from the ceiling.
Make sure your gutters are clean. You can clean them yourself or hire someone to clean them. Be sure to check for damage or missing gutters.
Make sure exterior faucets are empty so that the water doesn't freeze in the pipes. If they freeze, the pipes may burst.
 
Check your roof for damage or decay that may cause leaks.

 

dezembro 25, 2018

Curiosidades

Por Elisabeth Santos


Sempre que estou “num mato sem cachorro” lembro-me da brincadeira: _ “Sô Lobo ‘tá pronto?”. A canção é um convite “Vamos passear na floresta enquanto seu lobo apronta...”
Tem gente a matar um leão por dia, outros a procurar o lobo e onde passo minhas férias evito o caminho dos ursos.

Vislumbrando a possibilidade de brevemente poder adquirir uma arma de fogo pedi que me levassem a conhecer uma loja, para distinguir uma coisa de outra e não comprar, algum dia, “gato por lebre”.

A experiência foi além da minha, até então tida como poderosa, imaginação!

Passei bons momentos ali, experimentando armas sem munição só para calcular o peso, a força no gatilho, o “coice” e a possibilidade de acerto no uso da mira telescópica. O balconista sentiu firmeza em minha seriedade e perguntas dirigidas a ele através do guia daquela incursão. Eu, muito ao contrário, sentia uma tremedeira nas pernas só de imaginar em ver um ursão nas proximidades do acampamento.

Na “cara dura” saí da loja sem comprar nem arma de atirar bolinhas de papel. Ali tinha de tudo e poderia sim adquirir um brinquedo. Poderia, mas não quereria ter arma de espécie alguma visualizada no Raio X alfandegário. Para passar o perrengue ia preferir que fosse por uma boa causa. Se é que existe...

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Sempre que chovia, eu reinventava a ida ao comércio local a descobrir novidades. Afinal, naquele ambiente enorme, procurando ofertas imperdíveis, coisas exóticas, lembrancinhas bem pequeninas e leves, eu conseguia exercitar a mente... e as pernas.

Descobri que poderia ser sócia de um grande magazine. A coisa funcionava assim: fazer uma carteirinha de identificação de possível compradora das mercadorias ali expostas. Pagar uma taxa a ser devolvida pela loja na primeira compra à vista. Daí então só vantagens!

Entrei de sola, com o pé direito! Tirei o agasalho ao perceber o aquecimento central. Tornei a vesti-lo para escolher produtos hortifrutigranjeiros na câmara fria. Tinha de comprar pensando na mesa do dia de Ação de Graças, quando as vovós vão para a cozinha.

A variedade de artigos naquele tipo de hipermercado é muito grande, portanto os fregueses são numerosos, gerando um movimento e tanto, o dia inteiro e a semana toda. Encontrei tudo que precisava e nem senti fome degustando os novos e deliciosos, alimentos oferecidos no interior da loja.

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Manifestando curiosidade a respeito de “Brechó”, que é o comércio de artigos usados, ofereceram-me uma ida a três deles, funcionando nas imediações de casa. No maior, levei horas olhando, especulando e comparando preços. Foi muito proveitoso! Lucrei um vestido de festa que caiu certinho igual luva nos dedos e custou o mesmo que um par de meias novas.

No segundo, mais especializado em objetos de adorno, comprei um quadro pintado à tinta óleo, representando uma raposa em seu habitat. Combinou muito bem com o restante da decoração, além de preencher o espaço na parede oposta à janela.

No terceiro, até que enfim achei as bijuterias, chaveiros úteis e colecionáveis, dentre outros pequenos objetos que iam servir de lembrancinhas.

Para quem como eu, decidida a viajar feliz mesmo com pouco dinheiro... saí-me muito bem.
Até presentinhos consegui trazer!




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Elisabeth Carvalho Santos desde alfabetizada lê tudo que aparece à sua volta. Depois de aposentada professora (não de Português) resolveu escrever. Colabora com o jornalzinho da família, participa de concurso cultural e coleciona seus textos para publicar oportunamente. Os assuntos brotam de suas observações, das conversas com amigos e são temperados com pitadas de imaginação e bom humor. Costuma afirmar que "escrever é um trabalho prazeroso e/ou um lazer trabalhoso que todo alfabetizado deveria experimentar algum dia"


dezembro 20, 2018

É Natal III

Por Elizabeth Santos


O mês de Dezembro tem uma data muito especial comemorada pelos cristãos: o natal do menino Jesus. Todos que nele creem reservam a passagem do dia vinte e quatro para o dia vinte e cinco ao louvor: Adeste fidelis, Laeti triunphantes, venite in Bethlehem! Venite adoramus Dominum... (venham aqui os fiéis alegres e triunfantes, vinde em Belém onde vamos adorar...).

Numa demonstração de fé, católicos se preparam para a grande data com a novena, em família e comunidade: amigos, vizinhos, conhecidos de qualquer idade, são benvindos.
Só ao findar das orações e cânticos, o grupo conversa, relembrando outros momentos de reunião, contando causos, rindo das gracinhas das crianças.

Tudo isto, na turbulência em que vivemos, traz a esperança da Paz Mundial.

Hoje percebemos quantos de nós já partiram desta vida... Quão pouco nosso grupo de confraternização natalina aumentou... Como nosso mundo necessita de momentos de reflexão...

E assim é chegado o dia propriamente dito, geralmente com um almoço, familiares reúnem-se, trocam abraços de Paz, presenteiam-se e se vão felizes, desejando Boas Festas aos que encontram pelos caminhos.

Não existem muitos acreditando, que é o Papai Noel quem compra e traz os presentes às crianças. Nem tampouco crendo ser Jesus o presenteador de bens materiais. Ele traria, e traz, para todos que aceitarem sentimentos e ensinamentos bons.

-É das pessoas solidárias que os mais necessitados recebem presentes de Natal.

-É com o décimo terceiro salário que o (a) trabalhador (a) adquire bens para sua família, nas festas de fim de ano.

-É do empresário que se ganha a cesta de alimentos para a ceia.

-E não é maioria os que têm todos os dias do ano próprios para realizar seus sonhos de consumo.

Lindos enfeitos de Natal tomam conta das árvores.



Leia outros contos de Natal da Beth.

É sempre Natal

De quem é o Natal




 
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Elisabeth Carvalho Santos desde alfabetizada lê tudo que aparece à sua volta. Depois de aposentada professora (não de Português) resolveu escrever. Colabora com o jornalzinho da família, participa de concurso cultural e coleciona seus textos para publicar oportunamente. Os assuntos brotam de suas observações, das conversas com amigos e são temperados com pitadas de imaginação e bom humor. Costuma afirmar que "escrever é um trabalho prazeroso e/ou um lazer trabalhoso que todo alfabetizado deveria experimentar algum dia".

dezembro 18, 2018

O maior granito

Por Elisabeth Santos


Uma das maiores pedras de granito do mundo, Stone Mountain Park na Geórgia.

Se você for visitar Atlanta, no estado da Geórgia não deixe de passear em Stone Mountain Park. Trata-se de um parque de entretenimentos para todas as idades, gostos e bolsos. Minha experiência foi divertida e maravilhosa! A decoração temática era de Natal e Ano Novo, com famílias ocupando todos os espaços: resorts, hotéis, praças, lojas e os vários tipos de divertimentos.

O parque em si, tratando-se de área de preservação ambiental, é uma festa para os olhos com lago, cachoeira, flora e fauna típicas da montanha. Sobre esta, para minha surpresa de ir lá e ver só uma pedrona, há a escultura em baixo relevo de personagens da guerra civil americana. Consta que esta obra de arte, levou meio século para ser terminada!

E pelo teleférico cheguei ao topo, caminhei sobre o espaço delimitado para turistas apreciarem a vista, senti-me pertinho do céu, quase tocando as nuvens.

A chuva fina não demorou a cair, mas voltei com a turma no dia seguinte e o mesmo ingresso. Afinal com tempo chuvoso e frio seria pouco agradável dar uma volta inteira ao redor do “granitão”, num trem de ferro aberto. Viagem curta e surpreendente: Circuito de TV com aparelhos em todos os vagões apresentavam músicas natalinas bem animadas. E os igualmente animados passageiros, principalmente as crianças, não se cansaram de juntar suas vozes exibindo reconhecimento total da arte!

Assisti a uma verdadeira aula de “como se faz vidro soprado” também conhecido como Murano e apreciei as mil e uma peças delicadas e coloridas feitas no local. Linda loja para você escolher, com muita dificuldade, o que comprará de lembrança...

Árvore de Natal feita com bolas de vidro soprado.

Existem ainda nessa área, museus, dezenove edifícios históricos, moradias preservadas de séculos passados, faculdades de artes etc. Escolhi visitar um museu histórico dos diversos povos do planeta, com múmias egípcias, réplicas de detalhes arquitetônicos romanos e gregos, adereços de tribos africanas, utensílios diversos, vestimentas, obras de arte diversificadas e curiosidades difíceis da gente acreditar que existiram em outras civilizações remotas de qualquer parte do mundo. Pareceu-me que, de tempos em tempos, surgia um ou outro gênio, como até em nossos dias surge. Sim, eles seriam capazes de inventar aquela geringonça ali, reconhecida como útil até o século XXI. Só não creio que tivessem uma linha de produção de tal objeto, com agenda a cumprir, a tempo e a hora as encomendas solicitadas.

_ Seria pedir demais...

Beth admirando as múmias do Egito.






Elisabeth Carvalho Santos desde alfabetizada lê tudo que aparece à sua volta. Depois de aposentada professora (não de Português) resolveu escrever. Colabora com o jornalzinho da família, participa de concurso cultural e coleciona seus textos para publicar oportunamente. Os assuntos brotam de suas observações, das conversas com amigos e são temperados com pitadas de imaginação e bom humor. Costuma afirmar que "escrever é um trabalho prazeroso e/ou um lazer trabalhoso que todo alfabetizado deveria experimentar algum dia".

dezembro 14, 2018

Passeio no centro de Greenville

Por Elisabeth Santos

Beth contemplando o Reed River no Falls Park, em Greenville.

_ Visitando estúdios de Pintura Artística instalados no andar térreo de um prédio com vista permanente para um trecho encachoeirado do Reede River.

Tudo lindo, acolhedor, repleto de novidades para se passar tarde agradável, em boa companhia, bebendo um café feito na hora!

Nos Estados Unidos se vê várias doações de milionários, ou de quem ficou só, embelezando cidades, favorecendo seus habitantes, atraindo turistas. No centro de Greenville, Carolina do Sul, são estátuas, monumentos, jardins e os Estúdios de Artes Plásticas.

Os artistas que ocupam os sete espaços são previamente selecionados para ali terem seu local de trabalho, contanto que aceitem as normas do contrato, que tem a seguinte cláusula: parte do dia, as portas ficam abertas à visitação. Ganham todos! O profissional a divulgar seu trabalho, os moradores, turistas e todos apreciadores da diversificação artística.

Passeando pelo Paris Mountain Park, ainda em Greenville.
_ Seja a Natureza “Viva” inspirada no campo com seus galináceos, suínos e demais bichos e plantas...

_ Noutro estúdio pessoas que vão pela chuva, convivem, relaxam em suas casas, ou em atitude de pressa constante, são retratadas em estilo acadêmico...

_ No próximo local, muitos adereços, complementos de vestuário, joias, bijuterias idealizadas e trabalhadas com técnica exclusiva pelas mãos hábeis do artista.

_ No seguinte painéis gigantescos já prontos em claro/escuro ou luz e sombra, ao lado de vários pares de tênis que serão personalizados. São para quem aprecia esportes!

_ Atelier fotográfico; de fios de algodão coloridos; de montagens; recortes e colagens... Todos ali enfileirados aos olhares dos que passam curiosos, próximos às portas de vidro, verdadeiras vitrines esbanjando criatividade!

No caminho de volta ao estacionamento, um ringue de patinação, uma biblioteca universitária expondo trabalhos natalinos, as lâmpadas com brilhos de estrelas ao alcance de qualquer um...

Em casa, uma sopa quentinha com torradas em ambiente musical, com direito a gato demonstrando a falta que sentiu dos donos.

O lago do Paris Mountain Park.
Clique aqui e role o cursor para ler outros Contos da Beth.

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dezembro 11, 2018

As árvores

Por Elisabeth Santos

Beth admirando as cores do outono da Carolina do Sul.

São muitas as perguntas duplas que ouço por aí:

_ “As rosquinhas são fresquinhas por que se vende mais ou vende-se mais por que são fresquinhas”?

_ “A vegetação é verde onde chove mais ou cai mais chuva onde a vegetação é mais abundante”?

Eu responderia, a partir das árvores observadas onde as estações do ano são bem definidas:

_ Elas crescem mais quando a chuva é abundante, ficam verdíssimas quando o sol resplandece, dão flores e muito pólen na primavera, fazem cair chuva de folhas antes do inverno e no frio intenso... ficam secas porem com vida.

Já morei num bairro semelhante a um bosque e senti as vantagens de viver perto da natureza. Senti também ter de tomar determinadas precauções quanto aos inconvenientes... A primavera é linda, mas o pólen em excesso incomoda, entupindo meu nariz, embaçando o para brisa do carro!

O verão é uma delícia com tantas árvores sombreando a varanda onde permaneço lendo, embora os mosquitinhos não deem sossego.

Outono? Folhas coloridas do amarelo ao marrom escuro passando por tons de vermelho afofam o chão, em que passo temerosa, dos peçonhentos que ali se alojam.

Assim chega o longo inverno! Nem sei como as árvores resistem assim sem suas roupagens sendo que eu pareço um monte de agasalhos perambulando pelo jardim.

E aí percebo que uma das árvores está perdendo a vitalidade e me apresso a chamar o “doutor”, ou seja, o especialista. Fizemos de tudo para salvá-la. E depois de um ano de tentativas frustradas, diante do diagnóstico definitivo, aceitei ter de retirá-la.

Embora com todo o aparato para nenhum prejuízo maior acontecer, no fundo do meu coração senti que aquela gigante tombando ia deixar um vazio...

Na hora da retirada da raiz, pensei numa solução:

_Vou fazer um canteiro de flores coloridas nesse espaço!

O bom de morar num bosque é ter terra fértil no entorno e sempre poder trocar plantas, e vizinhança. Agora tenho festival de borboletas, joaninhas, beija-flores completando meu zoo particular.

E voltando à questão inicial... Rosquinhas vendem mais estando ao gosto do nosso paladar, na mesma proporção que os bosques atraem moradores que aprendem a conviver com a natureza.

A triste derrubada de uma árvore doente.




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dezembro 07, 2018

Dia de Estúdios Abertos

Por Elisabeth Santos
  


É “Open Studios” ou “Free Studio Tours”!

Em Greenville (S.C) acontece num fim de semana em que o distinto público apreciador de Artes é convidado a visitar o artista plástico em seu local de trabalho. Lá poderá acompanhar o processo criativo e de feitura da arte plástica, observar o que está exposto, adquirir alguma peça que seja do seu agrado.

Mostras culturais como essas, não são muito comuns, e atraem pessoas diferentes, com o mesmo interesse que é apreciar, aprender ou simplesmente matar uma curiosidade sobre o trabalho artístico. Há quem pense em mil e uma facilidades, mas não constata ser bem assim ao se deparar com os dez por cento de inspiração mais os noventa de transpiração gastos no acabamento de uma pintura, peça de cerâmica, madeira, metal nobre ou não. A propósito, o estúdio de onde sai uma coleção temática de joias é dos mais envolventes. Ali tem que se pensar na pessoa que irá usar o adereço, e como quer se sentir ao usá-lo! São peças que vão da delicadeza de uma asa de borboleta ao vigor de grilhões que fingem prender a musculatura mais viril.


Em se tratando de evento com adesão de 143 artistas em 89 locais diferentes fizemos uma seleção prévia em busca do que tínhamos planejado: decoração e presentes de Natal originais, assinados por profissionais criativos; Oficinas diferentes para sabermos de tendências; Momentos agradáveis de conversas com quem está sempre em busca do belo!

Assim sendo voltamos para casa satisfeitos, e com muitas informações preciosas. Sem dúvida, uma experiência inesquecível, única mesmo que não tenha sido nossa primeira ou última, porque Estúdio Aberto também significa inovação, novidade.

_ Cerâmica: apresentadas como utilitárias ou decorativas, desde peças minúsculas às enormes. Modelagens e modelos de rústicos aos colorizados, pintados à mão ou vitrificados, que toleram forno de micro ondas e máquina de lavar pratos.


_ Metal: forja em espaço adequado, com muito calor, fagulhas, e barulho donde saem peças as mais variadas. São armas brancas, inspiradas nas antigas de guerrear; grades arabescadas; estatuetas; suportes para plantas etc. Aproveitando o aquecimento da caldeira borbulhante, três outros artistas trabalhando tinturas de tecidos, confecção de roupas, inovando em trabalhos decorativos.

_ Pintura: abstrata, figurativa, orgânica, geométrica, minimalista, multicolorida, acadêmica ou moderna... era o que mais variedade tinha. Além disso, técnicas se misturavam: xilogravura, litogravura e em metal também; quadros em telas de texturas diversas; tintas artesanais e industrializadas de todo tipo; todas as formas e tamanhos, mais a possibilidade de se encomendar para um ambiente menos convencional. Em cada Atelier, a oportunidade de se discutir e aprender sobre cada assunto recebendo a opinião de entendidos. Nossa peregrinação teve início sexta feira à noite para terminar no domingo, com todos felizes e cheios de ideias mirabolantes na cabeça.

Nas profundezas das mentes artísticas, muitas das vezes voltadas para instigar pensamentos e humores novos, cada qual a se identificar com o que melhor lhe convém e o faça repensar:

Arte existe pois só a vida não basta!
F. Gullar

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novembro 30, 2018

O gato Zion e os esquilos

Por Elisabeth Santos
 

Zion fazendo patrulha na janela.
 
Zion de suas dez janelas anti-furacão, vigia os esquilos, os cães e outros gatos que passeiam no gramado do jardim ou com seus donos pelo asfalto da rua. Zion pressente a aproximação de quaisquer desses e se põe de sentinela na primeira vidraça. A posição é mesmo de sentido. E vai acompanhando a movimentação lá de fora correndo para o próximo observatório, o seguinte e o outro... até inteirar dez!
 
E o esquilo ondeia pulando em volta da casa, volteando seu rabo comprido, subindo e descendo das árvores. E os olhos do Zion acompanham toda aquela movimentação: esquilo catando o fruto do carvalho branco, tentando descascá-lo, enterrando quando não consegue, fazendo seu estoque de alimento para o inverno que se aproxima.
 
#catinabox
 
Os esquilos não param quietos, mas o gato sim e vai tirar a soneca dentro de sua caixa de papelão. Nada de caixa revestida, ou feita especialmente para felinos domésticos. Qualquer caixa, que chega em casa como embalagem é bem melhor! Zion inspeciona todas elas com seu faro certeiro. Mal espera a gente esvaziá-las para fazer a experiência de se alojar e dormir. O pior é que, seja qual for o tamanho da caixa, sempre vai caber seu corpo alongado, magro, de três camadas de pelo. Pensando bem, é muito pelo para pouco gato! Na hora de escová-lo observamos isso.

Ele gosta da escova, embora demonstre impaciência. A melhor parte é a escovação no sovaco dele que parece rir. Aliás... tem hora que ele “conversa” com os passarinhos, só que não entendemos bulhufas. Já conseguimos distinguir suas prosas, além do miado genuíno. É bem engraçado! Gato sabido, usa sons específicos para cada situação; Consegue bajular, como quem não quer nada, para conseguir petiscos extras; sobe na mesa para chamar a atenção dos falantes; inteligente que só ele... é capaz de urinar estrategicamente para a gente entender: _ Troque a areia do meu “sanitário” pois o cheiro passou da conta!
 

Zion prestando atenção no causo que a Beth está contando.




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novembro 23, 2018

Meu pé de laranja


Por Elisabeth Santos

Doce de laranja é coisa séria na casa da Beth.

Meus pais compraram um pedaço de chão para construir uma casa branca com varanda. Da janela eu via um pé de laranja que ia crescendo no quintal, mas ao dar frutos, e estes amadurecerem... nenhum passarinho vinha bicar. Desci os quarenta e dois degraus para andar mais uns passos até aquela laranjeira. Apanhei algumas laranjas, tirei o canivete do bolso do avental, sentei-me à sombra da galhada e fui descascar a primeira que estava verdolenga. Achei ácida demais ao prova-la. Descasquei a segunda e a terceira que estava bem madurinha. Descobri que aquele pé de fruta dava laranja azeda, que não tinha nome ainda. Umas pessoas diziam:

_ É de laranja de fazer doce.

Outros diziam: _ É de laranja da terra.

Para mim... continuava a ser “laranja sem nome”. Perguntei a minha mãe como seria o tal doce de laranja azeda.

_ Primeiramente tira-se o azedume. Depois disso faz-se o doce das frutas mergulhadas na calda dulcíssima. Querendo secá-las ao sol é só retirar da calda e passar no açúcar. É doce tradicional no campo e muito apreciado também na cidade.

Juntas fomos fazer doce de laranja: em calda; seco aos pedaços; e moído para servir ensanduichado entre duas fatias de queijo.

Uma trabalheira danada, mas compensadora.

_ Mãe, por que essa laranjeira não é de laranja pronta para a gente chupar?

_ Pergunta lá para sua avó.

E a vovó contou esta história para a neta não se esquecer de espalhar por aí:

_ Quando conheci os laranjais dessa região, em todos eles havia frutas gostosas mesmo sendo umas mais, outras menos doces. Em gomos, de tampa, ou fatiadas complementavam lanches saudáveis. Colhíamos laranjas fora de época para fazermos a laranjada adoçada no copo. Tudo bem aproveitado, e apreciado, porque a criançada gostava de andar pelo nosso pomar verificando se estava tudo em ordem. Havia muitas abelhas, e mamangavas visitando as flores; muitas lagartas metamorfoseando em borboletas coloridas; passarinho fazendo seu ninho e aproveitando o alimento da árvore.

_ Então não existia “laranja de fazer doce” vovó?

_ Não. Até que comecei a reparar uma laranjeira que detestava ter bichinhos à sua volta, e balançava seus galhos até que eles se mudassem dali. Suas frutas, com o passar do tempo, foram ficando de caras amarradas, cascudas, azedas, mais e mais espinhos crescendo nos galhos! Daí uma mulata idosa, doceira de mão cheia... inventou o doce de laranja, que inventado para sempre ficou.

E até os mais incrédulos acreditaram! Avós inventam boas histórias, além de serem habilidosas ao fazerem doces das frutas do pomar.





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Elisabeth Carvalho Santos desde alfabetizada lê tudo que aparece à sua volta. Depois de aposentada professora (não de Português) resolveu escrever. Colabora com o jornalzinho da família, participa de concurso cultural e coleciona seus textos para publicar oportunamente. Os assuntos brotam de suas observações, das conversas com amigos e são temperados com pitadas de imaginação e bom humor. Costuma afirmar que "escrever é um trabalho prazeroso e/ou um lazer trabalhoso que todo alfabetizado deveria experimentar algum dia".