março 25, 2016

Minha viagem

Por Elisabeth Santos

A Beth está na França e manda lembranças! Oui, Madame.

Resolvi aprender francês na França, já que não aprendi inglês nos Estados Unidos.

Adquiri um “pacote” numa agência de turismo: hospedagem em casa de família, aulas numa escola de francês no centro de Paris, passagens de avião, seguro e transporte terrestre até a residência que me acolherá. 

Precisei tomar algumas aulas de francês antes de partir e Valéria contratou uma professora particular para mim. Além das aulas esta me trouxe aplicativos úteis, livros, exercícios. Contei lhe da  minha dificuldade em entender o que um inglês nativo estivesse falando comigo. Se leio, consigo entender o teor do que ali está escrito. Quando alguém fala comigo em inglês, tenho que “enxergar escrito”, e fico bloqueada pela agilidade das palavras que saem da boca do interlocutor, e a decodificação mental que necessito.

A língua francesa e a Portuguesa são derivadas do Latim. Além  disso, estudei francês, quando criança, no Colégio Nossa Senhora de Sion, que é de origem francesa. Por tudo isso acredito ter mais facilidade.

Adquiri um tablet para habituar meus ouvidos a uma nova língua através de músicas diversas  e contos da carochinha.

Dispensei assuntos e coisas que pudessem tirar minha baixa capacidade de concentração. Coloquei sentido na minha memória falha.

Descobri com auxílio da minha professora Ana Amélia, Doutora em língua Francesa, que meu conhecimento desta língua está enquadrado no “niveau débutant”.

Falta desenvoltura, segurança para ouvir e falar o mínimo necessário para chegar em Paris, e ficar um mês estudando.

 Transpor dificuldades, barreiras, inibição, nervosismo, ou tenha lá o nome que tiver será imprescindível daqui em diante.

Sigo confiante. Nada vai fazer-me desistir desse sonho que ora tem planejamento passo a passo, e possível realização.

Como manda o figurino!

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Enquanto o dia da viagem não chega fico a imaginar-me friorenta no inverno europeu passados vinte anos de minha única experiência.

Olho as ruas de Paris no google map e me encanto. Vejo como é linda minha escola, imagino como serão meus professores. 

Rigorosos? Metódicos? Pacientes? 

Tento visualizar meus colegas, todos concentrados no aprendizado da comunicação num novo idioma. Sendo jovens na maioria como me receberão em seu meio?

E se são todos estrangeiros, de que nacionalidade serão? 

Pretendem trabalhar ali? Residir? Ou já moram e querem comunicar-se melhor com os nativos?

A cada dia que se aproxima vou ficando mais animada. Sei que aprenderei o tanto que pretendo que é para entender e fazer-me entender ao interlocutor francês. Poder andar a pé nas proximidades da minha residência provisória. Comprar bilhetes para o transporte coletivo, que pretendo utilizar. Apreciar a paisagem, passear, conhecer um pouco da cultura local.

Docinhos franceses e notícias horrendas do Brasil.



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Elisabeth Carvalho Santos desde alfabetizada lê tudo que aparece à sua volta. Depois de aposentada professora (não de Português) resolveu escrever. Colabora com o jornalzinho da família, participa de concurso cultural e coleciona seus textos para publicar oportunamente. Os assuntos brotam de suas observações, das conversas com amigos e são temperados com pitadas de imaginação e bom humor. Costuma afirmar que "escrever é um trabalho prazeroso e/ou um lazer trabalhoso que todo alfabetizado deveria experimentar algum dia".

Procissão de Páscoa

Por Elisabeth Santos

Um lindo quadro da Beth.

Na pequena Pousada interiorana, o turista lê a programação da Semana Santa e se surpreende:

_ Há um erro aqui: procissão da Ressurreição às 5h do domingo. A gráfica esqueceu o 1 à frente do 5. A procissão deve ser às 3h da tarde, ou seja, 15h.

_ É às cinco horas da manhã sim. - foi a resposta por ele ouvida.

_ E vai alguém?

Diante do riso disfarçado de outros hóspedes a saborear o café da manhã naquele salão, bem humorado, o causador da piada disse ir constatar in loco. E foi...

Acertando o celular para despertar às 4:30h, vestiu roupa adequada para o friozinho certeiro, abriu a geladeira da copa, bebeu leite e pondo no bolso uma fruta saiu a pé até à igreja.

E não é que já havia um tanto de gente nas ruas ainda escuras? E eram de todas as idades! Eram casais, famílias, idosos ou jovens, silenciosamente a caminho da igreja. À porta delineava-se o que seria a manifestação popular da fé na ressurreição de Cristo, maior festa do ano litúrgico. E o nosso repórter de incrédulo foi apreendendo...

Levados à frente, castiçais enormes e o pálio com o Santíssimo Sacramento; padre e coroinhas incensando e batendo sinos alegres; ia a procissão aumentando à medida que passava nas ruas. Mais e mais fiéis iam se juntando, engrossando as duas fileiras. Lá no arremate final, a banda acordando dorminhocos, com seus dobrados festivos. Numa reta mais longa foi possível contar cinco quarteirões de católicos enfileirados disciplinadamente posto que os organizadores apressavam os que por ventura parassem para amarrar o cadarço pisado do tênis, ou por qualquer outro entrave. Caminhar quando todos caminhavam, descansar quando o sacristão lá na frente parava, era o segredo daquela beleza.
Eis que chegam à igreja onde será a celebração, e os fiéis vão sentando-se, ficando em pé, encostando nas paredes laterais e nas pilastras, restando um tanto para os degraus da escadaria e os bancos da praça onde participarão ou pelo menos ouvirão o representante de Jesus na Terra.

Aleluia!


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Elisabeth Carvalho Santos desde alfabetizada lê tudo que aparece à sua volta. Depois de aposentada professora (não de Português) resolveu escrever. Colabora com o jornalzinho da família, participa de concurso cultural e coleciona seus textos para publicar oportunamente. Os assuntos brotam de suas observações, das conversas com amigos e são temperados com pitadas de imaginação e bom humor. Costuma afirmar que "escrever é um trabalho prazeroso e/ou um lazer trabalhoso que todo alfabetizado deveria experimentar algum dia".

março 21, 2016

Corn in a Publix walnut, how is it possible?

Clearwater beach at Tampa Bay.

Spring is around the corner and I've decided to go see Tampa bay before a longer trip to Florida. It was good, but my issues with food were there as well.

As always, I read the label before eating anything. Mainly in a trip. Even if I'm traveling for work. Why? I don't want to get any reaction that will make me miss a flight for example. Back to the point I was talking, a great light come to my mind about previous reactions eating nuts in many salads.

Why walnuts need corn oil? Freshness and allergy.
I'm pretty and dangerous.

Too bad for me!

But at least, now I know why I reacted.


It was all white on the eggs' shelves, wait, look again...




março 18, 2016

Nós e as nozes

Por Elisabeth Santos

Coleção de quebra-nozes da família.

O quintal da minha infância ainda tem uma nogueira. Entre a bifurcação de seus dois troncos foi encaixada uma tábua que serve de banco, para as crianças sentarem e saírem bem na foto.

A outra utilidade dessa nogueira são os frutos que caem recobertos de uma casca preta quando maduros. Dentro, a casca resistente e enrugada, protege a deliciosa e versátil noz.

Abri-la não é tarefa fácil. Mas, se por perto houver porta ou janela de dobradiça, surge o primeiro quebra noz. De creque em creque vai se estragando o fechamento da porta. Quebra noz, além disso, impossível de se transportar de um a outro lugar, fez ativar a inventividade das pessoas.

Há quem abra nozes com as mãos, pedra, martelo, faca ou outro instrumento qualquer. Há também quem pesquise a melhor maneira de tirá-las inteiras de suas cascas. Há quem fabrique e embeleze o instrumento; e até quem os colecione!

Quanto às receitas culinárias, são tantas quantas as pessoas, que apreciam o sabor das nozes. Não se trata de um exagero, pois trituradas, acompanham pratos salgados ou doces, de saladas a sorvetes, alimentando todo mundo.

O conto natalino “O quebra nozes” de Hoffmann inspirou Tchaikowsky a compor um dos ballets mais famosos que existe. Cheio de encanto e magia tem a menina Clara como principal personagem. Seu presente de Natal foi um quebra nozes em forma de soldadinho.

Toda essa criatividade e beleza em torno de um simples artefato de utilidade doméstica nos mostra um pouco do significado das nozes nas mesas de Natal.

Que cada interessado possa descobri-lo!




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Elisabeth Carvalho Santos desde alfabetizada lê tudo que aparece à sua volta. Depois de aposentada professora (não de Português) resolveu escrever. Colabora com o jornalzinho da família, participa de concurso cultural e coleciona seus textos para publicar oportunamente. Os assuntos brotam de suas observações, das conversas com amigos e são temperados com pitadas de imaginação e bom humor. Costuma afirmar que "escrever é um trabalho prazeroso e/ou um lazer trabalhoso que todo alfabetizado deveria experimentar algum dia".

março 16, 2016

Consulado americano em São Paulo

Você deve receber esse papelzinho na entrada do Consulado, mas aí pode ser tarde ou caro. Explico, existem guarda-volumes nos arredores, mas acrescenta um custo para você.

Então leia o bilhetinho com atenção e se tiver dúvida... deixe a coisa no carro ou em casa.

Já adianto, livro pode, revista pode, sudoko pode, revistinha infantil pode, apesar de que em alguns casos a criança nem precisa ir até lá.



Quais tipos de comida posso levar para os Estados Unidos?



março 15, 2016

Como são as lojas de usados nos Estados Unidos.

Muito tempo atrás eu escrevi sobre como ajudar pessoas menos favorecidas com as roupas que você não curte mais (Reciclando roupas nos States). Sejam elas africanas ou americanas.

Agora um outro jeito bacana também é doando para as instituições Goodwill da sua comunidade ou Thrift Stores como são chamadas os brechós por aqui.


Isso é um pouco do que está escrito no recibo de doação do Goodwill.

Frente: "Nós tranformamos sua doação em emprego$ que ajudam a sua comunidade, que dá suporte às famílias, que transforma vidas. As indústrias Goodwill ajudam pessoas a se tornarem independentes pela educação e treinamento que levam aos empregos."

Verso: "Aceitamos carros velhos, barcos e mais - nós até buscamos seu carro usado de graça! Ligue ou visite o site para mais informações."

Essa é a loja Goodwill que fica mais perto de casa.

Então lá fui eu doar umas coisas que estavam estacionadas em casa sem nenhuma utilidade, mas ainda usáveis e em bom estado. Algumas eram praticamente novas, mas não ornaram com a pessoa que vos fala.

Uma coisa comum em lojas de usados é ver pessoas caçando tesouros, literalmente. Aquela peça de ouro ou pedra preciosa que passou batido pela mão dos funcionários. Artigos de colecionadores ou relíquias que estavam esquecidas no porão de uma casa do interior.

Essa é a loja da Miracle Hill que também vende carros.

Dicas para comprar nos brechós americanos.

1. Vá o mais cedo possível, nas primeiras horas os funcionários colocam à venda os produtos recebidos no dia anterior.

2. Viu algo interessante? Pegue o produto e decida depois. É comum alguém ficar admirando a mercadoria enquanto o outro pede licença, passa na frente e deixa o outro a ver navios.

3. Procure brechós próximos de bairros "de ricos", eles tem coisas melhores e mais novas. Nada de preconceito, somente constatação da dura realidade.

4. Visite o brechó regularmente, sempre tem coisa nova por lá. Procure pelo "cabide" coisas novas (new goods) que não necessariamente quer dizer coisas sem uso, mas coisas novas no pedaço.

5. Veja o site desses lugares antes de fazer uma viagem até o local, fique atento aos horários também. Nem todas as lojas funcionam até as 18 horas, algumas não abrem aos domingos, outras vendem carros usados (sim, carros!) e por aí vai.

6. Tá ocupado demais para entrar na loja e doar? Passe pelo drive thru.

7. Se você tem alergias respiratórias, eu não recomendo ficar muito tempo dentro de uma loja dessas. Dependendo do caso, melhor nem ir porque algumas lojas tem aquele aroma de "coisa guardada no ármário da vó".

8. Algumas lojas tem partes dedicadas às coisas mais ajeitadinhas, mais novas, mais fashion mesmo.

9. Finalmente, sempre que for leve alguma coisa para doar. Assim você mantém a instituição funcionando, abre espaço no armário para produtos novos e deixa a energia circular.

E você já visitou algum brechó americano?


A história da camiseta

Reciclando roupas nos States


março 11, 2016

Fuxico

Por Elisabeth Santos

Fuxicos da amiga da Beth.

Recebi telefonema de minha amiga perguntando se eu sabia quem estava com a máquina de fazer fuxico dela. Respondi que não, mas perguntei-lhe antes quais as características deste tal aparelho que faz fuxico.

Amaraliz foi descrevendo: _ Trata-se de algo bem simples, mas de grande efeito. Faz fuxico de vários tipos e tamanhos. Tem a vantagem de se poder carregar para todo lado. Parece uma caixa comum, mas quando você abre, se estende, fica poderosa.

Se não fosse pelo nome “fuxico” eu afirmaria ser ela uma engenhoca perfeita para os novidadeiros.

De fuxico em fuxico, emendando-se, rapidinho forrava-se uma mesa; cobria-se uma cama; escondia-se a desordem da estante; fazia-se um xale ou outro acessório transformador de aparências. Minha amiga estava certa ao procurar com quem estaria a criadora de novos fuxicos. Dispus-me a ajuda-la:

_ Quem sabe você deixou no clube das tricoteiras? Esqueceu que emprestou a alguém que trabalha com fuxicos? Guardou como se fosse segredo, mas agora que precisa fazer uns fuxicos não acha?

Resolvemos então fazer um cartaz bem objetivo para divulgarmos nos locais que frequentávamos: “Procuro minha maquininha fuxiqueira para distrair-me no período de repouso. A quem encontrou peço que me avise pelo telefone, e irei busca-la onde estiver. Recompensarei a devolução com minha produção mensal de fuxicos”.

Analisando o texto, achamos por bem redigir outro, sem oferecer a recompensa:

“Tendo esquecido um aparelho fuxiqueiro neste local peço, a quem o tenha encontrado, que me devolva. Não fico bem sem fazer fuxicos”!

E após várias tentativas de acerto num anúncio claro, sem duplo sentido, com muito esforço escrevemos assim:

“Comunico aos amigos (as), que de hoje em diante não faço mais fuxicos em série, à maquina, pois esta sumiu. Quem quiser que faça seus próprios fuxicos!”

Inda restou uma dúvida para Amaraliz: divulgar ou não o comunicado na sua rede social?

_ Faz isso não amiga!

Aprendendo a fuxicar.



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Elisabeth Carvalho Santos desde alfabetizada lê tudo que aparece à sua volta. Depois de aposentada professora (não de Português) resolveu escrever. Colabora com o jornalzinho da família, participa de concurso cultural e coleciona seus textos para publicar oportunamente. Os assuntos brotam de suas observações, das conversas com amigos e são temperados com pitadas de imaginação e bom humor. Costuma afirmar que "escrever é um trabalho prazeroso e/ou um lazer trabalhoso que todo alfabetizado deveria experimentar algum dia".

março 04, 2016

O dono da esquina

Por Elisabeth Santos

Um lindo quadro da Beth.

Na esquina daquela avenida ali mora uma pessoa. Não mora nessa casa, nem naquele prédio. É um morador de rua e é na rua que ele mora.

Antenor Antunes de Albuquerque Segundo é seu nome inteiro.

Não se trata de um mendigo. Ele é um morador de rua, ou morador de avenida, se preferir o leitor, posto que sua moradia fixa seja na esquina da avenida com a rua transversal.

As pessoas o chamam de Sontonio. Ele atende.

Os moradores das casas e apartamentos vizinhos trazem-lhe água de beber, vale refeição, roupas, e não o deixam passar frio. Ele agradece, responde o que lhe é perguntado, mas nada pede para si. Por isso nenhum dos passantes se refere a ele como mendigo. É só mais um, que ficando sem moradia optou pela rua. O pessoal já fez de tudo para convencê-lo a ir para um abrigo e Sontonio não quis.

Diz que experimentou, e não gostou. Claro que foi bem tratado, mas aquela história de ter horário de refeição, de chegada à noite, de tomar banho todo dia por obrigação, não acostumou não senhor! Já nem sabia há quantos anos era um “sem teto”... Primeiro morou na praça da fonte. Era muito bom. Banhava-se naquela água e sua roupa estava sempre limpa. Depois morou sob uma árvore existente no canteiro central de grande avenida. Debaixo de viaduto achou perigoso morar e permaneceu pouco tempo.

Sontonio tem muitos amigos na calçada da rua onde mora. São pessoas de bom coração, que o cumprimentam, às vezes param para conversar, perguntam se estaria precisando de alguma coisa. Existe até quem cuide de sua saúde, de seus pés machucados de andar, andar, andar...

Um dia desses, alguém permitiu que ele tomasse banho de mangueira em seu jardim. Noutro, alguém lhe trouxe cortador de unhas e sandália de borracha. Em seguida apareceu uma sacolinha de supermercado com uns objetos perto do homem que dormia no seu travesseiro de pedra. Eram apetrechos para barbear, e até um espelhinho.

Dona Dôra, passando por ali testemunhou a transformação. Sontonio perguntou-lhe se teria uma bolsa de viagem para emprestar-lhe. Foi a primeira vez que ele pedia algo, ela presenteou-lhe com uma.

E o morador de rua desapareceu. Disseram tê-lo visto no Departamento de Serviço Social da Estação Ferroviária.

Se voltou de onde veio, se foi conhecer outros belos horizontes... Ninguém soube afirmar.

Mal ele mudou-se, e apareceu outra criatura a ocupar sua moradia, espaço, ou o nome que quiserem dar ao pedaço de chão, que ocupa um ser humano nesse latifúndio.
    



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Elisabeth Carvalho Santos desde alfabetizada lê tudo que aparece à sua volta. Depois de aposentada professora (não de Português) resolveu escrever. Colabora com o jornalzinho da família, participa de concurso cultural e coleciona seus textos para publicar oportunamente. Os assuntos brotam de suas observações, das conversas com amigos e são temperados com pitadas de imaginação e bom humor. Costuma afirmar que "escrever é um trabalho prazeroso e/ou um lazer trabalhoso que todo alfabetizado deveria experimentar algum dia".