março 25, 2016

Procissão de Páscoa

Por Elisabeth Santos

Um lindo quadro da Beth.

Na pequena Pousada interiorana, o turista lê a programação da Semana Santa e se surpreende:

_ Há um erro aqui: procissão da Ressurreição às 5h do domingo. A gráfica esqueceu o 1 à frente do 5. A procissão deve ser às 3h da tarde, ou seja, 15h.

_ É às cinco horas da manhã sim. - foi a resposta por ele ouvida.

_ E vai alguém?

Diante do riso disfarçado de outros hóspedes a saborear o café da manhã naquele salão, bem humorado, o causador da piada disse ir constatar in loco. E foi...

Acertando o celular para despertar às 4:30h, vestiu roupa adequada para o friozinho certeiro, abriu a geladeira da copa, bebeu leite e pondo no bolso uma fruta saiu a pé até à igreja.

E não é que já havia um tanto de gente nas ruas ainda escuras? E eram de todas as idades! Eram casais, famílias, idosos ou jovens, silenciosamente a caminho da igreja. À porta delineava-se o que seria a manifestação popular da fé na ressurreição de Cristo, maior festa do ano litúrgico. E o nosso repórter de incrédulo foi apreendendo...

Levados à frente, castiçais enormes e o pálio com o Santíssimo Sacramento; padre e coroinhas incensando e batendo sinos alegres; ia a procissão aumentando à medida que passava nas ruas. Mais e mais fiéis iam se juntando, engrossando as duas fileiras. Lá no arremate final, a banda acordando dorminhocos, com seus dobrados festivos. Numa reta mais longa foi possível contar cinco quarteirões de católicos enfileirados disciplinadamente posto que os organizadores apressavam os que por ventura parassem para amarrar o cadarço pisado do tênis, ou por qualquer outro entrave. Caminhar quando todos caminhavam, descansar quando o sacristão lá na frente parava, era o segredo daquela beleza.
Eis que chegam à igreja onde será a celebração, e os fiéis vão sentando-se, ficando em pé, encostando nas paredes laterais e nas pilastras, restando um tanto para os degraus da escadaria e os bancos da praça onde participarão ou pelo menos ouvirão o representante de Jesus na Terra.

Aleluia!


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Elisabeth Carvalho Santos desde alfabetizada lê tudo que aparece à sua volta. Depois de aposentada professora (não de Português) resolveu escrever. Colabora com o jornalzinho da família, participa de concurso cultural e coleciona seus textos para publicar oportunamente. Os assuntos brotam de suas observações, das conversas com amigos e são temperados com pitadas de imaginação e bom humor. Costuma afirmar que "escrever é um trabalho prazeroso e/ou um lazer trabalhoso que todo alfabetizado deveria experimentar algum dia".

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