julho 28, 2013

História de boi, e para boi... dormir.


Era uma vez um boi que não tinha a cara preta. Admirava-se no espelho d’água sem perceber que a lagoa, com o passar do tempo, virou brejo. Assim foi o boi para o brejo. Lá se encontrou com a vaca atolada. Ela tinha pastado antes num mandiocal. Tanto faz a vaca, o boi, ou os dois juntos irem pro brejo. Se fosse um rebanho, só conseguiria atolar-se no Pantanal. Rebanho é coletivo: tem muitas patas de vaca e muitos pés de boi.

Salvaram-se graças à sabedoria popular: na travessia do rio pantaneiro, o boi de piranha é colocado à frente da boiada. Enquanto as carnívoras se deliciam com o banquete, atravessa o boiadeiro seu rebanho a salvo. Se o condutor fosse mineiro, daria o boi para não ter disputa com o peixe, e daria a boiada para não sair de disputa alguma.

A boiada era responsável pela destruição das matas, para ter onde pastar. A procura da carne estava em alta, era preferência internacional, exigia grandes espaços na terra e no ar.

 Concluiu-se depois de florestas e florestas mortas que a camada de ozônio também estava indo embora, por causa dos gases emitidos pelo gado. Só essa que faltava! O que não tinha solução, solucionado não estava. Agora era tratar de reflorestar e dizer pro boi da cara preta pegar o menino que tivesse medo de careta. A careta era a da fome.

Lá ia a vaca pro brejo de novo.

Se, aonde a vaca vai, o boi vai atrás, seria melhor cuidar para que não fossem extintos do planeta.

O que será que existe muito além daquele brejo? A garantia da sobrevivência das espécies todas?

Nem que seja copiando a velha idéia do Noé, era um caso a se pensar urgentemente.

Não é só boi sonso que arromba curral. Acuado, qualquer boi ou animal de outra espécie, tende a atacar. Já pensou um hambúrguer querendo atacar a humanidade? Não sendo isto literalmente possível, através do mau colesterol sim. É tratar de diminuir a ingestão de carne para sermos vegetarianos que nosso aparelho digestivo pede e agradece.

Voltando à salvação das espécies, sem planeta, de nada adiantaria. Na arca de Noé estariam todos juntos: os carneiros, os lobos, e os repolhos representando todo o reino vegetal. De timoneiros, um casal da espécie animal racional. Rumando todos para um universo em expansão. 

_ “Boi, boi, boi,
 boi da cara preta
 pega esse menino,
 que tem medo de careta”.

_ Dormiu?

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Elisabeth Carvalho Santos desde alfabetizada lê tudo que aparece à sua volta. Depois de aposentada professora (não de Português) resolveu escrever. Colabora com o jornalzinho da família, participa de concurso cultural e coleciona seus textos para publicar oportunamente. Os assuntos brotam de suas observações, das conversas com amigos e são temperados com pitadas de imaginação e bom humor. Costuma afirmar que "escrever é um trabalho prazeroso e/ou um lazer trabalhoso que todo alfabetizado deveria experimentar algum dia".

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