No dia 25 de dezembro acontecia a cerimônia
da Primeira Comunhão de crianças católicas de sete anos de idade. Para isto
havia preparação específica: o que rezar no confessionário; o que dizer ao
padre; como distinguir pecado venial de pecado mortal; lembrar-se sempre de
fazer a penitência recomendada.
_Padre dá-me vossa benção porque pequei.
Quais são meus pecados? Rezo agora o ato de contrição? “Senhor meu Deus, estou
muito arrependido de ter feito pecado. Mereci ser castigado neste mundo e no
outro. Perdoai-me Senhor, não quero mais pecar. Amem.”
Na véspera do grande dia, hino decoradinho,
experimentava-se a roupa branca e engomada, lustrava-se o sapato, prendia-se o
cabelo para não amanhecer espetado e dormia-se cedo para não perder a missa das
sete.
_ “Chegou o dia da querida festa, chegou a
hora em que vamos comungar, a inocência brilha em nossa testa, queremos sempre
a Jesus amar.”
O jejum recomendado era do horário que se
ia dormir até a hora da comunhão. Depois da longa cerimônia de igreja repleta
de familiares, caminhava-se de volta ao lar para o café da manhã. Sendo Natal,
sobre a mesa havia mais que café com leite e pão com manteiga. Podia ser bolo,
rosca doce ou panetone.
E o presente do Menino Jesus? Na beira do
presépio, dentro ou sobre o pé de sapato de cada um, lá estava a surpresa.
Acreditava-se que Jesus trazia os presentes por ele escolhidos, sem esquecer-se
de ninguém! Na noite de vinte e quatro de dezembro, as crianças mesmo iam se
certificar se os sapatos estavam todos ali. E eram muitos! Do mais velho membro
da família ao mais novo, passando pelos domésticos, todos recebiam algo: tecido
para uma roupa nova; perfume; sapato ou um jogo. Raramente aparecia um
brinquedo.
Todo mundo feliz, comemorava o aniversário
do Salvador.
_ A fé era simples: tinha-se o que era
necessário, adquiria-se o que fosse possível, colocava-se nas mãos do Senhor o
que não se podia resolver sem sua ajuda. Quem ele ajudava? Os que seguiam suas
palavras, preferencialmente; os que persistiam na fé; os que precisavam ver pra
crer e dar testemunho. Então não existiam castigos ou vinganças.
Mas o Natal mudou. Acompanhou a evolução
através das eras. O aniversário de Jesus continuava festejado porem com os
presentes que Papai Noel trazia. Trazia e traz o que for escolhido na loja,
manifestado na cartinha que segue pro Pólo Norte e é aguardado ainda na noite
de vinte e quatro para o dia vinte e cinco de dezembro.
Por não serem incompatíveis, perduram.
Papai Noel a trazer o que o dinheiro
compra. Jesus Menino a abençoar os lares, as famílias, todas as pessoas que
creem. Por isso as crianças, mesmo sem questionar, entender, ou saber o
significado da palavra FÉ, acreditaram para sempre:
_ Crer para receber; receber e agradecer; agradecer
e sorrir; sorrir feliz para espalhar pelo mundo a dádiva da CONFIANÇA.
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Elisabeth Carvalho Santos desde alfabetizada lê tudo que aparece à sua volta. Depois de aposentada professora (não de Português) resolveu escrever. Colabora com o jornalzinho da família, participa de concurso cultural e coleciona seus textos para publicar oportunamente. Os assuntos brotam de suas observações, das conversas com amigos e são temperados com pitadas de imaginação e bom humor. Costuma afirmar que "escrever é um trabalho prazeroso e/ou um lazer trabalhoso que todo alfabetizado deveria experimentar algum dia".
Bela crônica de Natal. ;)
ResponderExcluirGiovani, agradeço o reconhecimento e desejo um ótimo fim de ano em família! Elisabeth
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