Chama-se Brazilian Nuts Effect e a gente nem estuda ele na escola.

Brazilian Nuts Effect explica porque os maiores se sobressaem.

Você compra um saco de batatas fritas, onde estão as batatas maiores? Em cima! Agora em um saco de pipoca, onde estão os farelinhos? Embaixo! As pipocas grandes ficam sempre em cima e você nem sabia que isso se chama Brazilian Nuts Effect.

O Efeito das Castanhas do Pará* é uma convenção entre produtos granulados que especifica o seguinte: "uma quantidade de grãos quando sujeita à movimentação, tende a deixar as menores partículas no fundo". Você vai lembrar disso quando comer o próximo saco de porcaritos ou quando comprar a farinha de milho para farofa do frangão de Natal.

Peguei uma foto de outro post e não é que as menores estão mesmo embaixo!!

Quando um material granulado com diferentes densidades e tamanhos, ou seja, o saquinho de M&M não vale, está em movimento as partículas não se misturam de maneira uniforme. Ao contrário, as grandes vão para cima afetando assim vários tipos de empresa como aquelas  que trabalham com estoque e transporte de materiais. Algumas companhias sofrem e outras se beneficiam, vai depender da natureza da operação, do objetivo, do consumidor, do produto, tamanhos, densidades e por aí vai.

Assim funciona o Efeito Castanha do Pará.

Nas empresas de pedras pode ser uma coisa boa. Digamos que você tem um carregamento de britas para separar. Coloque numa peneira adequada, movimente na horizontal e vai ver as pequenas rapidamente indo para o fundo. Ponto para o seu processo industrial. Agora imagine que você vende granola no mercado central, à granel. Então no final do estoque vai sobrar um farelo tão poeirento que nem pode se chamar de granola. Por isso você deveria virar o pacote de cabeça para baixo às vezes ou fazer uma super promoção de fim de estoque. Por isso que algumas barracas colocam em embalagem própria.

Eu fui atrás de fotos interessantes para postar, mas só encontrei desenhos computadorizados. Não encontrei imagens realísticas e por excesso de castanhas em casa, resolvi usar o DIY (do it yourself) ou faça você mesmo. Não é que foi dvertido, vejam o resultado!

Castanha do Pará, amêndoas, semente de abóbora, nozes, semente de pinho, castanha de caju.

Container cilíndrico, conhecido como copo.
Comecei pelas maiores, a castanha do Pará.

Adicionei castanha de caju.

Um pouco de amêndoas.

Algumas nozes quebradas.

Um pouco de semente de abóbora.

No final as pequeninas, assemente de pinho.

Com as primeiras chacoalhadas, no sentido horizontal é
possível ver as menores descendo pelas laterais do copo
e as grandes se direcionando para cima pelo meio.

Resultado final dentro do previsto...

afinal eu não estou na Lua, lá é diferente.

Outras regras importantes também foram observadas. Embalagens cúbicas como a caixa de ceral ou cilíndricas como as latas seguem essa regra, mas não as cônicas. Elas se organizam contra a convenção, ou seja, num movimento contrário de descida pelo meio. Você pode ver isso num liquidificador se ele tiver um formato cônico, ou quase.

Efeito reverso acontece em embalagens cônicas.

Claro que o fator já foi super estudado em vários países, todos tentando controlar os efeitos, inclusive fora do planeta Terra, com gravidade zero e tudo mais. Descobriram que o fenômeno depende da presão atmosférica, espaço entre partículas e desidade delas. Por exemplo, quanto mais pesadas, mais rápido elas vão para cima. Os geólogos percebem o mesmo em lugares específicos do planeta onde pedras aparecerem depois de uma estação muito úmida e o rearranjo da superfície, por exemplo. Ou você esqueceu que a Terra também se movimeta?

*O que os gringos chamam de Brazilian nut é a nossa castanha do Pará.

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Isabela: designer, estudou psicologia clínica, especialista em tecidos automotivos, trabalha inclusive com análise de tendências de design e comportamento humano. Está morando fora do país, por isso gosta de compartilhar as coisas interessantes que encontra por ai.