janeiro 21, 2014

O que posso fazer para ajudar minha esposa quando ela está intoxicada com glúten?

- Esta foi a resposta de uma amiga celíaca ao marido de uma colega com intolerância ao glúten.
O que eu posso fazer para ajudar minha esposa quando ela está intoxicada com glúten?

"A primeira coisa a fazer se você convive com alguém que tem alergia ou intolerância alimentar é dar todo o suporte que puder. Não a culpe, culpe a doença. Aprenda que se numa família tem alergia ou intolerância alimentar todos os outros serão afetados.
Entenda que algumas vezes fazemos um esforço fora do comum nos ambientes sociais para parecer que estamos bem. Fingimos que não temos dor, cansaço, coceiras, mas estamos corroendo por dentro. Vamos trabalhar não nos sentindo bem só porque temos que ir. Essa doença às vezes nos deixa imprestáveis, também pelo número de médicos que consultamos para falarem que complicações piores vão aparecer. O sono que sentimos ao comer glúten não é igual ao que você sente quando está cansado. Acho mesmo que devia existir uma palavra nova para explicar a dificuldade que sentimos só de atravessar a casa.
Não se sinta ofendido se parecemos estar bem com pessoas desconhecidas na rua e ficamos mal quando voltamos para casa ou estamos perto de alguém que gostamos. É comum nos ver conversando ou sorrindo para pessoas fora de casa, porque temos que fazer isso. Às vezes nosso trabalho depende disso. Às vezes precisamos ir aos eventos sociais que não queremos. Quando voltamos para casa estamos exaustos física e emocionalmente. Nesta hora, todos pagam o pedágio, mas especialmente aqueles que amamos e ficam perto de alguém desgastado e sem paciência. Em outras palavras, saiba que ficamos sorrindo para os outros quando sentimos dor, só porque temos que fazer isso, Na verdade apreciamos bem mais quando não precisamos fazer isso. Agradeça o fato dela não precisar encenar perto de você, é sinal de que ela se sente segura ao seu lado. Triste, mas muitas pessoas próximas entendem isso como algo ruim, preferiam ser tratados como os estranhos na rua.
Não se ofenda se ela não quiser ser tocada. Saiba que às vezes um abraço machuca e carinho dói. Quando meu marido coloca o braço em volta da minha cintura e estou intoxicada eu tenho o reflexo de tirar o braço dele de mim. O que ele não vê é que minha barriga parece um balão, inchado e doído. Eu costumo olhar no espelho tendo a certeza de ver uma barriga de seis meses de gravidez. E eu vejo mesmo! A melhor maneira é ter uma linha aberta e sincera de comunicação onde ela possa dizer "não me aperte aí" sem ofensas.
Entenda que preparativos e planos nos assustam porque nós nunca sabemos no dia-a-dia como vamos nos sentir. Os preparativos acontecem com dois meses de antecedência para um evento que nem sempre vai ser apreciado até o último minuto. Eu mesma já comi uma cesta inteira antes de um evento pelo stresse e para não precisar comer nada lá na hora. Simplesmente não dá para ficar tão animada como era antes de ter esse problema. Isso não quer dizer que não gostamos de fazer coisas com você. Estamos com medo de passar mal nesse dia e desapontar todos, inclusive você.
Muitas vezes lugares divertidos para a maioria das pessoas como cruzeiros, resorts, hotéis e destinos aleatórios são assustadores. Palavras como "comida por quilo" ou "buffet" são particularmente apavorantes porque ficamos presos no "onde"  e "o que" vamos conseguir comer. Parte da diversão das viagens é comer fora e para nós isso se torna, infelizmente, stressante. Entrar numa viagem onde falam uma língua estrangeira multiplica o medo exponencialmente.
Esteja disposto a flexibilizar. Uma migalha pode fazer aquela viagem dos sonhos ou um jantar e cinema virarem meses de tortura. Um exemplo, numa viagem à São Diego fomos num restaurante para eu comer e depois em outro para meu marido jantar. Ainda assim, foi maravilhoso.
Seja o defensor dela. Meu marido é um expert questionando o pessoal do restaurante e conversando com os gerentes quando eu não quero falar sobre glúten e contaminação cruzada de novo. Ele é a minha segunda verificação de qualidade para pequenas coisas como colheres que passam de molhos sem glúten para os que contém glúten. Ele ensina os outros também. Ele fala "deixa eu fazer isso por você". Essas seis palavras palavras fazem mais do que qualquer cartão de amor que ele me deu. Ele assume o comando quando eu não consigo fazer as coisas. Este é o homem com quem que eu espero viver para sempre."

Amar é...

Acho que você vai gostar de ler os outros textos que estão aqui no ALERGIA.

--
Isabela: designer, especialista em tecidos automotivos, estudou psicologia clínica, trabalha inclusive com análise de tendências de design e comportamento humano. Está morando fora do país, por isso gosta de compartilhar as coisas interessantes que encontra pelo caminho.
ATENÇÃO

Todo o material escrito na seção ALERGIA tem somente a intenção de informar com referências. Você não deve de jeito algum deixar de conversar e comunicar seu médico sobre suas decisões de trocar ou parar de tomar qualquer remédio, suplemente ou começar a fazer qualquer tratamento. Por favor use o bom senso, faça sua própria pesquisa. Consulte seus especialistas quando resolver fazer alguma substituição que afete sua vida.

2 comentários:

  1. daqui a pouco estarão afirmando que "celíacos com cilíacos"; não alérgicos com não alérgicos; bebum com bebum... Por que um colega q. se alimenta normalmente não pode de vez em quando alimentar-se sem glútem?

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Ah, mas de vez em quando até eu... difícil é esse colega querer fazer isso todo o dia, toda refeição. Mas eu acho que é tudo culpa da cozinheira que reclama de fazer dois menus, um com glúten e outro sem. #ironia

      Excluir

Leave your comments here.