E a vovó foi...
_ Não é um jacaré. É um parente dele. É
Teiú!
_ E onde ele mora vovó?
_ Não sei ao certo Tiago. Sei que no verão
ele aparece naquele cano ali ó. – respondeu a avó apontando a boca de um PVC de
4” que canaliza água da chuva do jardim, para o quintal.
E no meio dessa prosa, o bicho com um palmo
de corpo e mais três de cauda, deu meia volta abandonando aquele ambiente sem
vegetação... sossegadamente.
O menino correu a fechar a porta, mas
pôs-se a observar da janela.
O animal era de uma cor indefinida, escura,
todo listradinho de amarelo com bolinhas (não ’tava nem aí se listra combina
com bolotas). Exibia uma língua vermelha, bifurcada na ponta, e aí sim,
rapidamente, puxava-a para dentro do risco da boca. Vez ou outra parecia
bocejar. Parado desenhava uma silhueta interessante rente ao solo. Os cinco
dedos das patas dianteiras eram mãozinhas perfeitas. Os artelhos das patas
traseiras eram curvos, de diferentes tamanhos. E aquele rabo comprido ia afinaaando
devagar...
Quando o bicho andava era tridimensional,
pois as pernas dianteiras ficavam altas e podia-se perceber sua respiração no
movimento da barriga.
Só quando se sentia seguro ia explorar o
ambiente:
Andava, lambia o chão, enfiava-se na
touceira de citronela, caçava um mosquitinho, atravessava o canteiro, passava
sob o alambrado, provava acerola caída, e sumia na vegetação brotada pela chuva
naquele quintal.
Tudo isto observaram pacientemente, neto e
avó.
E não é que veio à lembrança da senhora
idosa outra criança? Em tempos idos, correndo pra dentro de casa Sara chamava-a:
_ Mãe, mãe! Vem vê um peixe aqui no nosso
jardim.
_ Não é peixe não, minha filha. É um
camaleão!
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