janeiro 10, 2014

O jacaré “Mister Ioso”




_ Vovó! Vovó! Vem aqui correndo ver um jacaré na sua cozinha.

E a vovó foi...

_ Não é um jacaré. É um parente dele. É Teiú!

_ E onde ele mora vovó?

_ Não sei ao certo Tiago. Sei que no verão ele aparece naquele cano ali ó. – respondeu a avó apontando a boca de um PVC de 4” que canaliza água da chuva do jardim, para o quintal.

E no meio dessa prosa, o bicho com um palmo de corpo e mais três de cauda, deu meia volta abandonando aquele ambiente sem vegetação... sossegadamente.

O menino correu a fechar a porta, mas pôs-se a observar da janela.

O animal era de uma cor indefinida, escura, todo listradinho de amarelo com bolinhas (não ’tava nem aí se listra combina com bolotas). Exibia uma língua vermelha, bifurcada na ponta, e aí sim, rapidamente, puxava-a para dentro do risco da boca. Vez ou outra parecia bocejar. Parado desenhava uma silhueta interessante rente ao solo. Os cinco dedos das patas dianteiras eram mãozinhas perfeitas. Os artelhos das patas traseiras eram curvos, de diferentes tamanhos. E aquele rabo comprido ia afinaaando devagar...

Quando o bicho andava era tridimensional, pois as pernas dianteiras ficavam altas e podia-se perceber sua respiração no movimento da barriga.

Só quando se sentia seguro ia explorar o ambiente:

Andava, lambia o chão, enfiava-se na touceira de citronela, caçava um mosquitinho, atravessava o canteiro, passava sob o alambrado, provava acerola caída, e sumia na vegetação brotada pela chuva naquele quintal.

Tudo isto observaram pacientemente, neto e avó.

E não é que veio à lembrança da senhora idosa outra criança? Em tempos idos, correndo pra dentro de casa Sara chamava-a:

_ Mãe, mãe! Vem vê um peixe aqui no nosso jardim.

_ Não é peixe não, minha filha. É um camaleão!
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Elisabeth Carvalho Santos desde alfabetizada lê tudo que aparece à sua volta. Depois de aposentada professora (não de Português) resolveu escrever. Colabora com o jornalzinho da família, participa de concurso cultural e coleciona seus textos para publicar oportunamente. Os assuntos brotam de suas observações, das conversas com amigos e são temperados com pitadas de imaginação e bom humor. Costuma afirmar que "escrever é um trabalho prazeroso e/ou um lazer trabalhoso que todo alfabetizado deveria experimentar algum dia".

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