_ Boa noite comadre Daniela. Posso dar uma chegada aí para conversarmos?
_Claro, já estou abrindo a porta Ledinha. Seja sempre bem vinda!
E as duas sentadas uma em frente à outra trocavam ideias sobre vários assuntos. Contavam as proezas de seus cãezinhos de estimação, quando olhando para a porta escancarada, perceberam...
_ Veja só, foi só falarmos em cães, para aparecer um aqui na sala.
A amiga olhou bem o bicho que se aproximava e exclamou:
_ Acho que não é cachorrinho...
_ Não é mesmo. Deve ser um... GAAAM BÁÁÁÁ!!! Soooo...
_ Nada de escândalo comadre Ledinha. É mesmo um gambá, já está aqui e agora é tratarmos de chispar ele pra fora.
E as duas:
_Chispi! Chiispiii, chispiiiiii!
E o gambá, ao invés de voltar por onde veio, mudando de rumo passou por debaixo da escada que levava para os quartos entrando na copa. Mais que depressa Daniela, a dona da casa, correu a fechá-lo naquele cômodo. Assentou-se para continuar a conversa com a amiga que, espantada, já com o celular na mão, ia chamar seu marido para tirar o animalzinho de dentro da casa.
_ Não vamos chamar ninguém não. É hora de dormir. Amanhã, com a luz do dia, abro a casa e o gambá vai-se embora. Fim!
_Que é isso Dani? Você vai dormir com o gambá?
_ Vou não. Meu quarto é lá em cima...
_ Mas comadre, pensa bem... Trata-se de um animal silvestre dentro da sua casa.
_ Silvestre, mas inofensivo desde que não se sinta ameaçado, portanto o deixarei na copa. Não tem alimento nenhum ali. Os armários estão fechados... não sinto ameaça alguma.
E a outra insistente sugeriu:
_ Vamos então pelo outro lado, abrimos a porta da cozinha que comunica com a copa e... o bicho vai embora.
E lá foram as comadres. No fundo do corredor escuro, dois olhos brilhantes... Assustadas voltaram correndo para dentro de casa.
_ Será um gato?
_ Pode ser... dos comuns ou gato do mato. Sei não amiga. Aliás, por aqui nunca se sabe...
Ledinha, muito das teimosas, ligou pro marido:
_ Benzinho, tem um gambá aqui na casa da comadre.
_ E o que vocês querem que eu faça?
_ O quê? Quero você aqui para mandar o bicho de volta para a casa dele!
_ Huuuum... Verei o que posso fazer. Ligarei daqui a pouco, ’ta bem?
Dali a pouco chegam dois: compadre Antônio e seu irmão Benedito que foi logo perguntando...
_ Cadê o gambá?
_ ‘Ta fechado na copa.
_ Então me traz um pedaço de pau e um balde. Vou tentar pegar o gambá no balde e levá-lo para fora de casa.
Ledinha trouxe os objetos e foi o Benedito cercar o animalzinho daqui e dali até conseguir direcioná-lo para a saída da cozinha.
Antônio? Escada acima!
Mas o gambá não saiu sem lançar seu perfume que foi se espalhando pelos cômodos da casa.
Daniela, meio chorosa:
_ Aí Ledinha! O que faço agora com esse cheirão dentro de casa?
_ Simples! Vamos dormir lá no meu apartamento.
E seguiu a comitiva pela rua rindo da vingança do intruso.
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