Atendendo a pedidos, cá estou eu dando continuidade ao resumão do livro do Dr. Scott no qual ele combina experiências de consultório, de amigos e observações sociais sobre a convivência com um passivo-agressivo.
Lembrando que nada substitui a leitura do livro do próprio autor. Esse texto tem a intenção de ser a base introdutória para um assunto complexo que merece ser relido várias vezes durante o longo e duro processo de amadurecimento.
Como se proteger
Primeiro, fale claramente o que você quer, o que ele pode ou não fazer com você, explique que você quer que ele cumpra suas promessas, que seja mais aberto e que assuma responsabilidade das atitudes. Esteja preparada para reafirmar sua posição sempre que necessário, pois se fazer de vítima faz a passividade-agressiva piorar.
Você começa dizendo que ele não vai se sair bem te tratando com falta de respeito, ou te ameaçando. Exemplo, quando você conta uma história dessa maneira você me insulta. Diga a verdade, assim é melhor para nós dois. Assim você mostra que merece melhor tratamento e ele vê que não pode te fazer de boba.
Seja específica, cite exemplos, com números quando possível. Fale num tom normal para mostrar que você é confiável. Não seja vingativa ou autoritária (ficou fácil isso, heim?!) porque o passivo-agressivo é motivado pelo medo. Se simpatizando com essa parte você tem mais chances de falar com hostilidade.
Dica importante: ultimatos fazem você perder todo o contexto da batalha naval.
Como falar quando essa pessoa te deve algo, dinheiro para ser mais exata.
1. Eu quero que a nossa amizade siga em frente, mas ela só pode funcionar se eu puder confiar na sua capacidade de lidar com dinheiro. - fala do relacionamento e da confiança.
2. É humilhante para mim ter que pedir para você pagar o que me deve. Isso mostra que você não me respeita. - descrevendo como você se sente.
3. Você me dá desculpas esfarrapadas para não pagar o que deve. Eu quero o dinheiro agora. - confronto direto.
4. Deixando de me pagar você acha que me mantém atrelada a você, mas você está fazendo exatamente o contrário. Eu fico p... da vida e desconfiada. - explicar a consequência do comportamento.
Parece fácil, diz o autor (só na cabeça dele, eu digo!), mas lembre-se que agora você entrou na briga. Não espere que ele mude só porque você pediu. O passivo-agressivo é um sabotador e alguém que não querer deixar o poder. Para mudá-lo você precisa seguir os limites que estabeleceu, caso contrário ele vai seguir com a mensagem de que pode tratá-la como ele quiser.
Entretanto, se você percebe que o relacionamento tem poucas chances de sobreviver...
Caia fora
Pode ser um erro sair do relacionamento que ainda não foi totalmente explorado, por outro lado, você precisa fazer as contas. Então você tentou de tudo sem sucesso, melhor será tomar distância dele, seja ele quem for, marido, empregado, patrão, parente ou amigo. Permanecer num relacionamento que te faz mal, não é somente sem sentido, mas também autodestrutivo.
Terminar por telefone foi a única alternativa para uma das pacientes do Dr. Scott. Ele diz que muitos deles te prendem pelo otimismo ou pela sedução. Você sonha que vai ter um dia um parceiro melhor, que você vai salvar o relacionamento, mas o conselho está mais para: seja sincera sobre o que recebe dessa relação. Faça decisões baseadas em realidade, não falsas promessas, ou sonhos dourados. Outra paciente aconselha: coloque o passivo-agressivo depois de você. Case-se com ele lá pelos 20 anos, se divorcie pelos 30. Você deve aprender com seus erros, ao invés de viver com eles para sempre.
Finalmente
Não existe essa história de viver com um passivo-agressivo e não querer nada dele - ou de qualquer outra pessoa para sermos exatos. Para viver bem com ele você rebaixa suas expectativas, mas no fundo espera por algo melhor.
Por que será que ele te fisgou? Qual seria o ponto fraco e como ele o descobriu?
***
O livro: Living with the Passive-Aggressive man; Coping with the Personality Syndrome of Hidden Aggression - from the Bedroom to the Boardroom, de Scott Wetzler, Ph.D. Em tradução livre Vivendo com o homem passivo-agressivo; Lidando com a Síndrome de Personalidade da Agressão Encoberta - da Cama à Sala de Reuniões. Autor: Scott Wetzler, Phd., New York, 1992.
Carol Tavris, Anger: The Misunderstood Emotion, 1989.
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