outubro 23, 2017

Convivendo com um passivo-agressivo, o livro, capítulo 2.1

Atendendo a pedidos, cá estou eu dando continuidade ao resumão do livro do Dr. Scott no qual ele combina experiências de consultório, de amigos e observações sociais sobre a convivência com um passivo-agressivo.


Lembrando que nada substitui a leitura do livro do próprio autor. Esse texto tem a intenção de ser a base introdutória para um assunto complexo que merece ser relido várias vezes durante o longo e duro processo de amadurecimento.



Na gangorra emocional com o passivo-agressivo

Um projeto inacabado rodeado de desculpas esfarrapadas é a tática clássica do passivo-agressivo. A porta de entrada da casa de uma das pacientes do Dr. Scott está há dois anos com a pintura pela metade e ela responde com humor aos amigos que questionam o motivo. "Foi porque o telefone tocou", diz ela sabendo que é apenas uma maneira de dissimular a frustração e a raiva.

Susan sabe que insistir não vai fazer seu marido terminar a pintura, chamar um pintor vai deixá-lo furioso e terminar a pintura por ele aumentará a hostilidade dele contra ela. Então ela se pergunta: Como tudo isso pode ser minha culpa? Por que isso é um problema meu?

Para o passivo-agressivo tudo é sempre sobre você, nada é sobre ele! Pela perspectiva dele, as acusações sempre fazem sentido SE você pode ser culpada de algo, nunca ele. Na cabeça dele as coisas são organizadas para você não mudar nunca e para ele conseguir o que quer. Às vezes essas situações funcionam também para você, em outras só te causam irritação.

Não, você não é responsável pelo comportamento passivo-agressivo dele. Isso não é sua culpa! Entretanto, nesse livro ele vai mostrar como você começa a duvidar de si mesma, como você pode estar favorecendo a passividade-agressiva dele e como se proteger disso.

Como ele consegue te deixar em dúvida

Ele tem o dom de fazer as pessoas duvidarem de si mesmas, de ignorarem seus próprios sentimentos, de fazer os outros abrirem exceções para, basicamente aceitar os abusos dele. Um filme de 1944 mostra, com exagero é claro, a convivência com um passivo-agressivo. Ele é recomendado pelo Dr. Scott e o nome do filme em português é À Meia Luz.


É esperado que você desenvolva um temperamento ofensivo perto desse tipo de pessoa, ao ponto de ficar agressiva como nunca havia sido antes. Depois, pode ser que se sinta envergonhada das coisas que fez nos momentos de raiva e então, finalmente, concorde com o passivo-agressivo deixando para lá suas reivindicações. Pedir desculpas para ele também é algo comum.

Duas realidades operam nesse relacionamento, a que vocês vivem e a que ele quer que você acredite que vive. Sua intuição te diz que ele é hostil, mas então você se acha sensível demais. Deixe disso e confie na sua intuição! Ele é insensível e vai te dar um empurrãozinho  sempre que estiver na dúvida sobre em quem confiar. "Por que você está tão chateada? Assim vai morrer logo."

Outras artimanhas das conversas podem ser: "Você tirou do contexto o que falei sobre sua aparência". Quando ele é indelicado sobre sua roupa. "Você não aceita uma crítica construtiva." 

Esses exemplos do Dr. Scott servem para você se reconhecer e entender as suas reações emocionais. O autor acredita que confiando em suas percepções e sabendo os motivos das atitudes dos passivo-agressivos, finalmente você vai superar a situação. Visto que o passivo-agressivo não vai admitir que está errado e também não vai ter empatia por você. Esqueça os pedidos de desculpas siceros, eles não sabem que isso sequer existe. Se o fizer, vai ser vazio.

É frequente observar um casal onde o passivo-agressivo aproveita-se da ética do parceiro para não cumprir com as próprias responsabilidades. Quando o relacionamento é intenso, quer seja entre marido e mulher ou colegas trabalhando num projeto, a falha de um recai também sobre o outro. Neste caso o passivo-agressivo sempre machuca o parceiro que só consegue confrontá-lo quando toma distância da situação (nem sempre essa distância é física).


Antes de mais nada, você deve ser a pessoa a restabelecer os limites deste relacionamento. Saiba definir os sentimentos que ele desperta em você. O autor ainda sugere você apontar as mentiras, apresentando as ambiguidades dele. Assim você está no controle e mostrará como deve, ou não ser tratada.

Como você encara a passividade-agressiva

Nas consultas do Dr. Scott, muitos pacientes reclamam "ele é distante",  "ele não fala que horas ou que dia vamos nos encontrar", "ele não coopera", "tudo que tento fazer com ele se transforma num jogo de cabo de guerra entre crianças onde o que importa é vencer", "ele não tem respeito por mim". "Será que a culpa é minha?" é uma pergunta frequente entre as pacientes dele

Entretanto, ao mesmo tempo que você não é culpada da passividade-agressiva do outro, lembre-se que as atitudes dele não podem ir para frente sem a sua participação. A convivência com outros passivos-agressivos durante a infância podem fazer você inconscientemente, aceitar mais facilmente outras pessoas com o mesmo problema. Por exemplo, quando no começo do relacionamento você arruma desculpas para as atitudes inconsistentes e incoerentes dele.

Exemplo do livro: Neal pergunta à Bárbara como foi o começo da carreira dela em marketing. Ela, então conta emocionada que num momento difícil de sua juventude um de seus cunhados a encorajou muito e ainda arrumou a entrevista para o primeiro emprego dela. Neal ouve, toma um gole de cerveja e então conta uma história engraçada de quando foi esquiar com amigos. Ela se pergunta, o que isso tem a ver com o que eu falei? Nada! A história de Neal serviu para afastá-lo de um momento empático onde ele deveria contar seu início de carreira. Ele poderia também contar uma história de superação com a qual se aproximaria de Bárbara, mas ele só a confundiu.

Provavelmente você pensou, "ele é tímido", "não demonstra os sentimentos tão facilmente" e isso é exatamente o que ele quer. Mais cedo ou mais tarde, Scott afirma, que você vai se encher de arrumar desculpas para o comportamento dele. O que antes era fácil de ignorar vai pular na sua frente, bem na sua cara.

Como você vai se proteger é algo que vou falar na segunda parte deste capítulo.

***


O livro: Living with the Passive-Aggressive man; Coping with the Personality Syndrome of Hidden Aggression - from the Bedroom to the Boardroom, de Scott Wetzler, Ph.D. Em tradução livre Vivendo com o homem passivo-agressivo; Lidando com a Síndrome de Personalidade da Agressão Encoberta - da Cama à Sala de Reuniões. Autor: Scott Wetzler, Phd., New York, 1992.

Carol Tavris, Anger: The Misunderstood Emotion, 1989.








2 comentários:

  1. Aguardo ansiosamente pelo restante da matéria!
    Por favor, não deixe de continuar com esse assunto!

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    1. Olá, achei que só eu tinha interesse no assunto haha. a Outra parte do capítulo 2 já está ai, você viu? https://designsensible.blogspot.com/2018/02/convivendo-com-um-passivo-agressivo-o.html

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