outubro 29, 2018

Convivendo com um passivo-agressivo, o livro, capítulo 6.2

Atendendo a pedidos, cá estou eu dando continuidade ao resumão do livro do Dr. Scott no qual ele combina experiências de consultório, de amigos e observações sociais sobre a convivência com um passivo-agressivo.

Lembrando que nada substitui a leitura do livro do próprio autor. Esse texto tem a intenção de ser a base introdutória para um assunto complexo que merece ser relido várias vezes durante o longo e duro processo de amadurecimento.

- Eu espero que a pessoa que comeu meus morangos hoje tenha aproveitado. Da próxima vez eu vou cobrir eles com chocolate Godiva para o assaltante ficar mais satisfeito.
- Você pode por favor fazer alguns com chocolate branco? Eles são os meus favoritos! Se você também puder comprar no Whole Foods porque os morangos de lá são melhores porque eles são orgânicos. Obrigada =)


Se protegendo

Todo ser humano tem direito a seus sentimentos, mas não tem direito de jogar a culpa sobre você sem sofrer as consequências. Amiga, você não é saco de pancadas!

Lembrando que a raiva que ele destila, não tem nada a ver com você. Ele está bravo com o chefe e a despeja em você quando chega em casa. Nos anos 1960 e 70 vários terapeutas americanos exploraram técnicas de extravasar a raiva represada nos pacientes. Estimulados a dizer várias vezes "estou com raiva", eles batiam em travesseiros no momento de transbordar a fúria sobre algo específico.

Eles se sentiam melhor? Provavelmente. Entretanto sendo o ser humano capaz de produzir ilimitadas quantidades de cólera, o problema não ser resolvia. (Lembre-se disso para os seus próprios momentos de irritação.)

O fato básico é entender que ele é dirigido pelo medo, mas existem dois tipos de medo. 1. o medo de ser machucado por você e isso fomenta a raiva e a passividade-agressiva. 2. o medo de machucar você que quando de fato acontece, reafirma o fato da raiva dele ser algo destrutivo. Sendo assim, limitar o comportamento hostil dele e se proteger, faz com que ele sinta menos medo.

O benefício está também em entender que nem sempre a raiva estraga as coisas, desde que ela seja expressa de maneira aberta e com tato. Desabafar faz sentido para ambos, desde que seja feito de maneira apropriada.


Confrontando-o sem piorar as coisas

Críticas devem ser dirigidas ao comportamento dele, não à pessoa. O confronto é necessário para resolver problemas, então prefira falar: "quando você faz ... , eu sinto ..." ou "você me ofende, tal coisa me machuca". Comportamentos mudam, essência não. Por exemplo, se seu colega de chega super atrasado e cancela no último minuto as caminhadas que fazem juntos você deve cancelar as caminhadas, não a amizade.

Confrotamento tem duas vias: por um lado expõe o passivo-agressivo às consequências de suas atitudes, mas se isso não funcionar, pelo menos é uma maneira de você falar diretamente com ele se colocando fora dessa lógica de comportamento. Nunca caia no jogo da vítima, pois o seu grande erro será se sentir culpada pela reclamação dele. Por exemplo, falando coisas como "me desculpe for falar isso para você" ou "sei que você está ocupado".

Ao contrário, fale "você sempre foi justo e eu sempre contei com você. Eu estou com medo do que está acontecendo agora entre nós (nesse departamento), como eu tenho sido tratada. Vamos conversar durante o almoço porque isso é importante para mim." Enfrentar o passivo-agressivo mostrando as consequências da sua conduta é uma condição necessária para se viver (ou trabalhar) com ele.

Aprenda também que outras horas é melhor nem responder. A não ser que queira acabar com o relacionamento, você não deve o enfrentar dizendo "esta é a última chance para dizer a verdade, ou vou embora  amanhã."


Sendo justa durante as brigas

A raiva é um componente inerente aos relacionamentos entre seres humanos, mas como lidamos com ela e a expressamos determina o sucesso de um relacionamento de longo tempo.

Relacionamentos fortes são aqueles onde a raiva pode ser expressa naturalmente entre ambas as partes sem que essas fiquem pisando em ovos para falar o que sentem. As brigas existem tanto nos relacionamentos saudáveis quanto nos doentios. A diferença é que nos saudáveis as brigas são justas, as pessoas sabem as regras básicas (ainda que implícitas como não xingar a mãe do outro no meio da discussão) e as respeitam, além de verdadeiramente tentar resolver o problema.

O passivo-agressivo não conhece discussões justas nas quais ambos saem ganhando, pois está acostumado ao tudo ou nada do vencer ou perder. As respostas aos seus pedidos trazem vitimizações do tipo: "eu liguei, mas você não atendeu, você pede para eu ligar, mas você nunca atende" ou "eu estou trabalhando dobrado esta semana, eu tenho meus problemas e contas para pagar, então não posso (atender o seu pedido), dá um tempo".

Enfim, ele não aceita criticismo porque internamente escuta a voz de desaprovação de sua mãe. Então o jeito é descobrir como mandar essa mensagem "eu me importo com você, mas eu não sou sua mãe. Se você acha que ela te controlava, lembre-se que eu não estou tentando ser como ela. Se quer alguém para te tratar como sua mãe, encontre outra pessoa, pois somos casados e não sou sua mãe".


Fazendo as pazes

Raramente ele vai tomar a iniciativa de fazer as pazes, sendo assim, pegue a bandeira branca e siga em frente. Raiva e agressão são naturais, para alguns aceitar que isso é fato da vida pode ser a solução. Como o passivo-agressivo somente age em seu próprio interesse você precisará ensiná-lo que o melhor para ele também pode ser o melhor para você.


ALGUNS PASSIVO-AGRESSIVOS CRESCEM E SE MODIFICAM.


***



O livro: Living with the Passive-Aggressive man; Coping with the Personality Syndrome of Hidden Aggression - from the Bedroom to the Boardroom, de Scott Wetzler, Ph.D. Em tradução livre Vivendo com o homem passivo-agressivo; Lidando com a Síndrome de Personalidade da Agressão Encoberta - da Cama à Sala de Reuniões. Autor: Scott Wetzler, Phd., New York, 1992.

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