abril 17, 2017

Convivendo com um passivo-agressivo, o livro, introdução

Descupe-me por perder seu post passivo-agressivo no Facebook.
Eu estava muito ocupado ganhando a vida e chefiando.

Depois de mais uma pausa, voltemos com a série sobre como conviver com um passivo-agressivo, ou como eu os chamo agressivos-passivos. Se você quer entender o por quê, veja este texto aqui. Se quiser saber mais sobre esse transtorno, fique atento aos próximos textos que vão falar sobre um livro muito interessante do psicólogo Americano Scott Wetzler.


O Dr. Scott percebeu que várias de suas pacientes descreviam os detalhes de seus relacionamentos com homens de uma maneira recorrente. Eles nem sempre eram namorados ou maridos, mas colegas de trabalho também. Identificou que havia uma dificuldade permanente em resolver qualquer coisa com eles, seja na hora de fazer o pedido no restaurante, ou na apresentação de um projeto na empresa. Então esse livro é dedicado ao assunto.

Introdução

Ele começa com 3 histórias simples com as quais você pode se identificar.

1. Jack é um funcionário designado a colaborar com uma colega num projeto para a empresa que trabalham. Ambos estão no mesmo nível dentro da firma e também são considerados funcionários exemplares, apesar dela ter entrado na empresa há pouco tempo. Com o tempo ela descobre que Jack está omitindo informações cruciais para o sucesso do trabalho. Ela decide confrontá-lo num almoço, mas ouve "ninguém joga melhor em time do que eu" como resposta. No dia seguinte, ouve dizer que ele foi até o chefe de ambos reclamar que ela não vai às reuniões, é lenta no trabalho e nunca responde os telefonemas de Jack.

2. Mark mora com sua namorada há um ano, mas ultimamente ele está se mostrando incerto no relacionamento intimo. Não demonstra interesse, mas também não deixa claro que há algo de errado.

3. Eddie é o filho mais velho da família, ele faz muitas horas extras no trabalho. Sua irmã é mãe solteira e trabalha também. Ambos prometeram aos seus pais fazerem uma festa de aposentadoria, mas tem sido muito difícil coordenar os dias e horários. Finalmente Eddie concorda com a data e sua irmã começa os preparativos. No dia da festa, uma hora antes do horário combinado ele liga dizendo que vai se atrasar por uma hora. No final da festa, quando todos já haviam ido embora, Eddie chega sem pedir desculpas. Ela o chama de egoísta e ele responde dizendo que ela deveria estar feliz por ele quase conseguir um furo de notícia no jornal e afinal "eu nunca lhe pedi para fazer festa alguma".

O que acontece nessas histórias é que uma pessoa afasta a outra do relacionamento, mas de uma forma passiva-agressiva. Neste caso, assim como as mulheres dessas histórias, você tem todo o direito de ter raiva, mas o dilema persiste. Parece ser inútil confrontá-los, mas enfurecedor aceitá-los.

O homem passivo-agressivo hoje 

O termo foi usado pela primeira vez pelo Coronel Psiquiatra William Menninger durante a Segunda Guerra Mundial especializado em lidar com reações muito negativas no quartel. Ele notou que alguns homens viam a estrutura e submissão da vida militar como uma forma positiva de desafio enquanto outros protestavam pela falta de reconhecimento de opiniões  e escolhas pessoais.

Entretanto, um batalhão do exército começou a se comportar de maneira a serem expulsos por desobediência. Eles ignoravam ordens, resistiam, se afastavam ou simplesmente desertavam. Nesse momento ele descreveu esse tipo de resistência como passiva-agressiva e contextualizou como "uma reação imatura".

Instituições com grande burocracia e pouca valorização da expressão pessoal são locais perfeitos para o nascimento de personalidades passivo-agressivas. (Um insight sobre o grande estado socialista brasileiro, afinal esse é um comportamento comum nos dias de hoje. E eu acho que ocorre ainda mais no Brasil, comparando com Estados Unidos. Veja um exemplo interessante aqui. Outro insight para o homem moderno que se vê a cada dia menos empowered. Hum...)

Ele continua, essa é a tragédia contemporânea de um homem que se vê como alguém desprovido de poder. Uma coisa que o autor promete é te ensinar a corrigir essa percepção e fazer esse homem se sentir mais empoderado.


Eu sei que você está nervosa.
Por que você não posta qualquer coisa passiva-agressiva no Facebook sem explicar o motivo para ninguém?
Isso geralmente ajuda.

Importante

1. Nesse ponto ele ressalta que o comportamento não é exclusividade masculina. Não senhora! Ele explica que neste livro ele resolveu focar nos homens porque eles atormentam a si mesmos, as esposas, as colegas, as funcionárias e o mundo. Dr. Scott acha que porque as mulheres têm menos testosterona elas são menos perigosas no assunto. (Respeitosamente, eu discordo com ele.)

2. Ele explica que resolveu escrever sobre o assunto porque passivos-agressivos fraturam relacionamentos que poderiam ser muito felizes. Se você está num relacionamento desse tipo você sabe que esse homem nunca corresponde, ele promete, mas nunca realiza. Ele tem tantas camadas que fica difícil saber se ele repele os momentos de intimidade, a responsabilidade ou você.

De tanto conviver com agressivos-passivos seu cérebro vai se dessensibilizando, ou seja, você para de dar ouvidos para a mensagem: "Algo está errado, fuja!" Você vai se sentir confusa e duvidar de si mesma.

Ele acredita que o passivo-agressivo é tão confuso quanto sua vítima e reafirma que com este livro você vai deixar de se enganar. Você entenderá que este é um homem guiado pela raiva que esconde seu medo como um segredo. Ele ainda promete que você ainda vai conseguir dar boas risadas dos joguinhos e malabarismos das situações. Entretanto, se você continuar presa na isca é sinal de que você está emocionalmente muito machucada para se divertir.

Última dica do capítulo é: se você foi fisgada por um tipo desses, ou se convive com um familiar assim e não consegue se desvencilhar... Pense que além dos truques de um mágico, existe a fraqueza de quem cai por eles.

Ainda na introdução ele avisa que a meta dele para você ao final do livro é:

1. Descobrir como um passivo-agressivo pensa, sente e age; além de entender como ele ficou assim.

2. Explicar porque você sente o que sente por esse tipo.


3. Finalmente, dar uma nova perspectiva para esse relacionamento com um passivo-agressivo. Além de fazer você examinar suas expectativas oferecendo estratégias para resolver os problemas dessa parceria e tecer um novo começo.

***


O livro: Living with the Passive-Aggressive man; Coping with the Personality Syndrome of Hidden Aggression - from the Bedroom to the Boardroom, de Scott Wetzler, Ph.D. Em tradução livre Vivendo com o homem passivo-agressivo; Lidando com a Síndrome de Personalidade da Agressão Encoberta - da Cama à Sala de Reuniões. Autor: Scott Wetzler, Phd., New York, 1992.


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