março 06, 2017

Como alguém se torna passivo-agressivo?

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Vou lembrar você que continuo chamando esse comportamento de agressivo-passivo (passivo-agressivo, PA) e se quiser saber o porquê, leia esse post que escrevi antes.

Se você convive com um agressivo-passivo, tudo o que leu nos textos até aqui devem ter colocado um ponto de interrogação na sua cabeça. Afinal como explicar que esse comportamento se desenvolve em algumas pessoas e em outras não? Vamos ver o que já escreveram sobre o assunto.

Para alguns estudiosos o comportamento agressivo-passivo é uma maneira de lidar com uma figura de autoridade irracional. Por exemplo aquela criança que teve um pai totalmente inadequado, ou seja, exigente e pouco afetivo. Ele, insistentemente pedia para a criança fazer coisas que ela não queria fazer, mas sempre havia consequências sérias para ela/ele quado se recusava a fazer as tarefas. **Importante, aqui ninguém está de maneira alguma dizendo, nem defendendo que os pais devem deixar seus filhos fazerem só o que querem ou gostam, nem dizendo que as crianças devem ter autoridade sobre os adultos. Não é nada disso! Isso seria doentio, só que do outro ponto extremo.

Se sua ideia é entender como alguém se tornou agressivo-passivo, coloque-se no lugar dessa criança por uns minutos. Toda filho/a é dependente de seus pais, ou seja, ele/a não poderá dizer não quando sua opinião trouxer consequências desproporcionais. Ele/a pode tentar algumas vezes no começo, mas dependendo dessas repercussões vai logo sentir que não tem essa opção. Por outro lado, essa é uma criança infeliz obedecendo a pedidos incoerentes. Junte-se a isso o fato dela não ter uma afetividade sadia com seu pai, não há o contraponto, o carinho.

Então, provavelmente a criança do exemplo também não receberá suficiente apoio. Lembre-se, esses podem ser pais exigentes que esperam que ela faça coisas que ela não dá conta. Sendo assim, uma das opções dela é aprender a lutar de maneira sutil contra essa demanda. A criança vai resistir aos pedidos, mas também aos seus sentimentos. Pronto! Agora ela deixou de ser uma pessoa assertiva - guarde essa palavra!

Então essa criança verá a vida como uma série de pedidos irracionais que ela não consegue executar e, mais importante, sobre os quais ela não pode sequer opinar. Além de achar que não pode contar com ninguém, afinal seus pais pedem que ELA seja forte e realize tarefas que estão acima da sua capacidade. Com o tempo, ela não poderá expressar seu ponto de vista sequer nos momentos quando deveria ter um adulto a apoiando. O que fazer então? Resta a resistência, mas resistir de maneira disfarçada, deixando as pessoas com dúvidas na hora de identificar a relutância. 

Esse comportamento é basicamente adaptativo, dizem outros, um esforço de preservar a independência em um meio irracional e arbitrário onde a autoridade não pode ser questionada. Não pense que estes lares são sempre desestruturados, por vezes uma família muito unida gera uma pessoa com tendências à agressividade-passiva. Então onde estará o gatilho? Nas exigências e na falta de apoio parental.

Sendo assim, quem seriam os fortes candidatos ao cargo? Os filhos mais velhos. Por que quando os outros nascem alguns pais esperam que o primogênito assuma uma carga extra de trabalho para a qual não está preparado. Como ele/ela depende de seus pais para sobreviver (literalmente) e ainda não tem a opção, nem a ousadia de negar as tarefas, o ressentimento começa a ser integrado na personalidade.

Esta combinação hostil é o centro da agressividade-passiva que mais tarde vai ser direcionada a qualquer outra figura de autoridade. Quer ele/a seja um chefe, um colega da empresa que lidera um grupo de trabalho, um cliente, um professor ou até o cônjuge quando estes fazem exigências. O agravante aqui é que o agressivo-passivo dependente dessa autoridade para, por exemplo, receber seu salário, ter boas notas ou manter a família.

Então, o padrão de comportamento não-assertivo foi aprendido na infância como uma estratégia de enfrentament. Uma como resposta aos pais controladores que não deixam seus filhos se expressarem. Para lidar com eles, a criança adota um padrão agressivo-passivo.

"Léia é a mais velha de três filhos. Seus dois irmãos brincam de provocar um ao outro enquanto os pais prestam a atenção nas palavras do pastor. Na Igreja, os pais dela se sentam de modo que possam controlar as crianças que estão sentadas entre eles. Léia gosta de ficar ao lado de sua mãe para acompanhar e repetir seus gestos.

Ao mesmo tempo que Léia tenta ser como seus pais e ouvir a pregação do pastor, seu irmão mais velho não para de empurrá-la. Por causa de sua inquietude, os pais chamam a atenção do garoto algumas vezes, mas a mãe insiste em pedir que Léia pare com os empurrões. A menina pede para que o irmão pare, mas então é repreendida com um "shhhh, você está atrapalhando!"

A garota não tem como controlar os esbarrões que dá em sua mãe, pois eles são o reflexo do irmão que não sossega na cadeira. Também não pode pedir que ele fique quieto, pois estaria perturbando as pessoas ao redor deles. Então mesmo sem fazer nada ela continua sendo empurrada e o tempo todo encosta em sua mãe. Léia explica a situação para sua mãe, mas ela presta atenção.

Na saída, a menina se aproxima de sua mãe e a abraça. Sem retribuição, ela ouve sua mãe dizer que hoje cada um dos filhos vai escolher um chocolate na padaria. Menos Léia, porque ela não se comportou como devia naquela manhã.

A menina ficou surpresa e muito desapontada, mas a consequência foi que a partir daquele momento Léia nunca mais viu o mundo da mesma maneira."

Essa situação ilustra quando uma coisa é tomada por outra. Léia vai crescer acreditando que não é seguro pedir ajuda e que suas necessidades não serão atendidas quando pedir diretamente. Nesta manhã de domingo ela aprendeu que precisará manipular as pessoas para alcançar o que deseja.



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