novembro 05, 2018

Convivendo com um passivo-agressivo, o livro, capítulo 7

Atendendo a pedidos, cá estou eu dando continuidade ao resumão do livro do Dr. Scott no qual ele combina experiências de consultório, de amigos e observações sociais sobre a convivência com um passivo-agressivo.

Lembrando que nada substitui a leitura do livro do próprio autor. Esse texto tem a intenção de ser a base introdutória para um assunto complexo que merece ser relido várias vezes durante o longo e duro processo de amadurecimento.


Eu não gosto do termo "passivo-agressivo" porque parece que eu estou deixando passar a oportunidade de ser agressivo.

Fazendo conexões: intimidade e comprometimento

De todos os problemas que você vai ter com um passivo-agressivo, os mais difíceis de vencer são: estabelecer um longo relacionamento e a expressão de amor, pois ele tem problemas com as bases de qualquer relacionamento. Confiança, intimidade, aproximação, comprometimento e o medo da rejeição.

Algumas mulheres reclamam que os namorados não as deixam saber das coisas ruins que estão acontecendo na vida deles. Criando baixos níveis de hostilidade que as deixam distantes, mas ainda atreladas a eles. Aos poucos você vai se questionar "porque estou buscando intimidade com uma pessoa incapaz de se aproximar?"


Olhando para os homens e a intimidade

Vários livros já foram escritos sobre o assunto e como a masculinidade às vezes se próxima da sexualidade opondo-se à intimidade. Ao se colocar distante de você o passivo-agressivo também sofre as consequências por ser difícil de agradar. 


No relacionamento a intimidade permite a dependência mútua.

Quão desagradável é estar ao lado de alguém que não responde suas perguntas? Que te faz implorar por uma resposta? Ele é como o cavalo no jogo de xadrez, se movimentando duas casas à frente e uma para o lado. Você reduz suas expectativas para estar com ele? Sim e não. Entenda como ele vê a vida e decidir quanto de intimidade você quer num relacionamento e finalmente, aceitá-lo.


Os galinhas e os pesos mortos

Dois tipos de passivos-agressivos são citados nessa parte do livro com exemplos bem comuns. Os primeiros (galinhas) mantêm você por perto enquanto namoram outras garotas fora do casamento, o outro vive com você e está sempre do seu lado, mas nunca com você. Ambos são insatisfatórios.


O assunto delicado que é confiança

As crianças confiam nos que seus pais, eles vão cuidar dela, ao mesmo tempo que eles confiam que a criança será amorosa, leal e obediente. Caim e Abel, Brutus e Judas são exemplos de histórias de traição e o passivo-agressivo vai saber de cor cada um dos que o traíram. 

Ao mesmo tempo, a percepção enviesada dele vai predicar uma traição sua a qualquer momento. Por isso ele não baixa a guarda para você.


Dando e recebendo

Uma criança que vive numa casa onde o amor é distribuído em abundância e se sente plenamente amada é capaz de distribuir amor mais facilmente. Ao contrário, o passivo-agressivo cresceu numa casa onde ele nunca recebeu o quanto gostaria e nunca receberá. Em consequência, ele será menos generoso com suas afeições. Privar os outros da felicidade que ele não teve faz sentido para ele. "Se eu não recebo que quero, por que devo dar para eles o que eles querem?"


O passivo-agressivo nunca agradece.

Uma paciente foi atrás da melhor lasanha da cidade para o namorado e ouviu dele algo assim "Lasanha? A melhor que eu já comi foi num restaurante familiar em Florença". Você revira a cidade procurando um livro para ele para ouvir "Quando eu preciso de livro eu ligo para o sebo do meu amigo". Outras frases são "eu não preciso de nada" ou "eu não gosto de celebrar meu aniversário com vinho barato" quando você acaba de abrir uma garrafa.

Jane e John precisaram chamar o encanador para um conserto no banheiro do casal. Há meses eles receberam a conta do profissional. John falou que ia pagar e falou que havia pago quando perguntado novamente depois de uns dias. Entretanto, Jane continuava recebendo ligações do encanador para efetuar o pagamento. Finalmente ela decide preencher o cheque e entregar para o rapaz. John ficou furioso ao saber que ela pagou pelo serviço, se sentiu traído e mandou ela não se meter nos problemas dele. Jane respondeu que o banheiro era problema dela também.


Rejeitando e sendo rejeitado

Como você já percebeu esse relacionamento é especialmente problemático porque o passivo-agressivo esconde o medo de ser rejeitado e desconta em você as dificuldades que teve no passado. Ainda que ele não demonstre, seus sentimentos são profundos e facilmente feridos.

A paciente do Scott estava saindo com um rapaz por quem se sentia atraída, mas Roberto era efusivo e insistia para que eles se vissem todos os dias. Rebeca um dia falou que apesar de gostar muito dele, ele às vezes "forçava a barra" para que se encontrassem. Ele então desapareceu por uma semana. Quando ela ligou para saber o que havia acontecido, ouviu que ele "não queria ficar implorando". Após o comentário, ela entendeu que o havia machucado.

Muitos passivos-agressivos têm dificuldade em manter amizades e relacionamentos porque assumem que as pessoas não gostam dele. Outros têm baixa auto-estima e empurram as pessoas para longe, antecipando a rejeição. Uma pessoa desse tipo precisa se abrir para a possibilidade de rejeição e entender que sobreviverá.


Fazendo a primeira conexão

Se você está lendo esse livro, diz o autor, você deve saber que não importa o quanto ele se mostra forte por fora, este é um homem assustado. Além disso, lembre-se que nada disso é sua culpa, mas que você faz parte do jogo. E se quer viver com ele deve entender ele não vai mudar enquanto não se sentir seguro. Deixe-o falar, se expressar sem o analisar.

O amor não deve ser confundido com a paixão, nem mesmo com a vontade de mudar o outro. Você não tem responsabilidade de o fazer feliz. A mudança é algo possível, mas é necessário que ambos queiram mudar.


***



O livro: Living with the Passive-Aggressive man; Coping with the Personality Syndrome of Hidden Aggression - from the Bedroom to the Boardroom, de Scott Wetzler, Ph.D. Em tradução livre Vivendo com o homem passivo-agressivo; Lidando com a Síndrome de Personalidade da Agressão Encoberta - da Cama à Sala de Reuniões. Autor: Scott Wetzler, Phd., New York, 1992.

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