Ouço o interfone e lá vem a surpresa: _ Aqui é a
Celina, de Rio Casca.
Agradável surpresa ao ouvir aquela voz amiga, que há
tempos não vem me ver em Belo Horizonte!
E nos encontramos naquele abraço de uma amizade sem
fim, ainda no jardim. Quanta coisa mudou! Quanto a amizade não mudou!
E entra Celi tagarelando, observando minha plantinha
tão cuidada, comentando a decoração da sala tão mudada...
Explico: _ Recebi de uma tia, cidadã do mundo, quando
conheceu a África do Sul. Trouxe-me essas estatuetas e mais o gato modelado à mão,
que dormita sobre a mesa de centro.
Nossa conversa inicial aborda notícias das famílias:
Quem nasceu, aniversariou, formou... casou, mudou e
nem nos convidou!
O que estivemos fazendo até aquele momento: ginástica,
leitura, passeios, cuidados com os animaizinhos de estimação, ou do abandonado
na solidão.
As árvores que uma plantou, os frutos que a outra
colheu, a muda que sozinha brotou, o vaso que o velho cão cego quebrou...
E eis que um pássaro de voo rasante passa pertinho da
gente. Veio buscar, inteligente, os vermezinhos que se multiplicam na caixa de
grãos.
Tudo naquela casa favorece o contato sadio com a
natureza. Os vermes não transmitem doenças, sendo ricos em proteínas
complementam a alimentação da Cacatua, que não se importa em compartilhar o
banquete com os nativos (bem ativos).
A prosa das amigas continua na mesa do café, prossegue
até o ponto do ônibus, continuará diariamente no zap, email, skipe e face, sem
ponto final, pois assunto não falta. Tem de sobra!
É chegada a hora da despedida e da promessa que sempre
se repete, nunca se compromete, virando verdadeiro folclore:
_ Vou pagar a sua vinda aqui com a minha visita
cordial qualquer dia desses lá em Rio Casca.
Deve acontecer no dia de São Nunca... Porque nada se
altera naquela amizade sincera.
Tanto faz como tanto fez, cumprir ou não o que
prometeis.
Elisabeth Carvalho Santos desde alfabetizada lê tudo que aparece à sua volta. Depois de aposentada professora (não de Português) resolveu escrever. Colabora com o jornalzinho da família, participa de concurso cultural e coleciona seus textos para publicar oportunamente. Os assuntos brotam de suas observações, das conversas com amigos e são temperados com pitadas de imaginação e bom humor. Costuma afirmar que "escrever é um trabalho prazeroso e/ou um lazer trabalhoso que todo alfabetizado deveria experimentar algum dia".
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