outubro 20, 2017

É sim

Por Elisabeth Santos

Artur e sua turma da 3a idade.

O grupo de sexagenárias, uniformizadas devidamente, aguardava a apresentação da nova equipe do trabalho específico com Saúde do Idoso. De repente aparece, atrasado, um rapaz de regata e bermuda; magro; com um sorriso bonito, e todos se perguntam... o que aquele menino estaria fazendo ali.

Ao se apresentar, disse algumas palavras expressando o quanto gostava de exercícios físicos, e ali estava como professor concursado, a dar aulas de ginástica aos idosos. Saldado com palmas, agradeceu a cada um de seus alunos com um aperto de mão.

Ficamos pensando como aquele jovem de vinte e dois anos haveria de impor respeito e disciplina naquela turma que gostava de conversar alto, e fora de hora. Além disso, metade das alunas saia para fazer almoço, antes que começasse a bateria de exercícios adequados à terceira idade. Não ia haver boa frequência naquelas aulas, era o que alguns pensavam.

Mas o rapazinho se deu bem em menos tempo do que esperávamos, conseguindo aumentar o interesse de todos por suas aulas. Sua descontração cativou vovós e vovôs. Permitiu que estes sugerissem jogos e brincadeiras. Levou-os a caminhadas, e ginástica ao ar livre, ganhou a confiança do pessoal. O mais difícil mesmo foi impor ritmo aos exercícios, principalmente o de panturrilhas. Se era para ser, uma bateria de trinta por três vezes seguidas, negociávamos para vinte, e o pobre professor Artur Henrique aceitava vinte e cinco. E as aulas continuaram animadas.

 Nos intervalos entre aquecimento, flexões, alongamento etc. sempre rola uma conversa interessante sobre benefícios de cada movimento repetido, para combater dores costumeiras de idosos. E o Artur se mostra estudioso e atualizado!

Certo dia a curiosidade da maioria pergunta-lhe o porquê de haver escolhido a faculdade de Educação Física. Poderia estar seguindo o exemplo de algum familiar; poderia fazer parte do “culto ao corpo” (a ideia vinda das fotos dele nas redes sociais); modismo, e outras coisinhas mais...

_ Eu? Eu queria mesmo unir o agradável ao útil. Uma profissão na qual pudesse: lutar, dançar, praticar esporte, conviver com pessoas de todas as idades, e assim continuar jovem para sempre._ resposta do mestre.

Diante dos olhares espantados, e risos da sua turma mais aplicada e assídua... o “prófe” completou:

_ É sim!

Que pena não sabermos disso antes... Foi algo que passou pela cabeça da Terceira Idade naquele momento.

Olha a Beth toda sorridente aí na foto!



--
Elisabeth Carvalho Santos desde alfabetizada lê tudo que aparece à sua volta. Depois de aposentada professora (não de Português) resolveu escrever. Colabora com o jornalzinho da família, participa de concurso cultural e coleciona seus textos para publicar oportunamente. Os assuntos brotam de suas observações, das conversas com amigos e são temperados com pitadas de imaginação e bom humor. Costuma afirmar que "escrever é um trabalho prazeroso e/ou um lazer trabalhoso que todo alfabetizado deveria experimentar algum dia".  

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Leave your comments here.