Por Elisabeth Santos
Artur e sua turma da 3a idade. |
O grupo de sexagenárias, uniformizadas devidamente,
aguardava a apresentação da nova equipe do trabalho específico com Saúde do
Idoso. De repente aparece, atrasado, um rapaz de regata e bermuda; magro; com
um sorriso bonito, e todos se perguntam... o que aquele menino estaria fazendo
ali.
Ao se apresentar, disse algumas palavras expressando o
quanto gostava de exercícios físicos, e ali estava como professor concursado, a
dar aulas de ginástica aos idosos. Saldado com palmas, agradeceu a cada um de
seus alunos com um aperto de mão.
Ficamos pensando como aquele jovem de vinte e dois
anos haveria de impor respeito e disciplina naquela turma que gostava de
conversar alto, e fora de hora. Além disso, metade das alunas saia para fazer
almoço, antes que começasse a bateria de exercícios adequados à terceira idade.
Não ia haver boa frequência naquelas aulas, era o que alguns pensavam.
Mas o rapazinho se deu bem em menos tempo do que
esperávamos, conseguindo aumentar o interesse de todos por suas aulas. Sua
descontração cativou vovós e vovôs. Permitiu que estes sugerissem jogos e
brincadeiras. Levou-os a caminhadas, e ginástica ao ar livre, ganhou a
confiança do pessoal. O mais difícil mesmo foi impor ritmo aos exercícios,
principalmente o de panturrilhas. Se era para ser, uma bateria de trinta por
três vezes seguidas, negociávamos para vinte, e o pobre professor Artur
Henrique aceitava vinte e cinco. E as aulas continuaram animadas.
Nos intervalos
entre aquecimento, flexões, alongamento etc. sempre rola uma conversa
interessante sobre benefícios de cada movimento repetido, para combater dores
costumeiras de idosos. E o Artur se mostra estudioso e atualizado!
Certo dia a curiosidade da maioria pergunta-lhe o porquê
de haver escolhido a faculdade de Educação Física. Poderia estar seguindo o
exemplo de algum familiar; poderia fazer parte do “culto ao corpo” (a ideia
vinda das fotos dele nas redes sociais); modismo, e outras coisinhas mais...
_ Eu? Eu queria mesmo unir o agradável ao útil. Uma
profissão na qual pudesse: lutar, dançar, praticar esporte, conviver com
pessoas de todas as idades, e assim continuar jovem para sempre._ resposta do
mestre.
Diante dos olhares espantados, e risos da sua turma
mais aplicada e assídua... o “prófe” completou:
_ É sim!
Que pena não sabermos disso antes... Foi algo que
passou pela cabeça da Terceira Idade naquele momento.
Olha a Beth toda sorridente aí na foto! |
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Elisabeth Carvalho Santos desde alfabetizada lê tudo que aparece à sua volta. Depois de aposentada professora (não de Português) resolveu escrever. Colabora com o jornalzinho da família, participa de concurso cultural e coleciona seus textos para publicar oportunamente. Os assuntos brotam de suas observações, das conversas com amigos e são temperados com pitadas de imaginação e bom humor. Costuma afirmar que "escrever é um trabalho prazeroso e/ou um lazer trabalhoso que todo alfabetizado deveria experimentar algum dia".
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