Por Elizabeth Santos
“Verdes mares
bravios de minha terra natal, onde canta a jandaia nas frondes da carnaúba;
verdes mares que brilhais como liquida esmeralda aos raios do sol nascente,
perlongando as alvas praias assombradas de coqueiros; serenai, verdes mares, e
alisai docemente a vaga impetuosa para que o barco aventureiro e manso resvale
à flor das águas”.
José de Alencar
Há quase sessenta anos nossos verdes mares se abriram
para a Turma Quevedo da Marinha brasileira adentrar no Navio Escola Custódio de
Melo. Hoje 23/09/2017 essa mesma turma, reunida em excursão, vem conhecer as
montanhas de Minas Gerais, cidades turísticas, e históricas. Numa parada em
Campanha visitam a casa do colega Milton Xavier. Casa onde este algum dia morou
com seus pais e irmãos. E a turma de setentões, com suas esposas, descansa um
pouco do ônibus, enquanto lancha, se refresca do inesperado calor da entrada da
primavera, conversa sobre como é bom estar no sossego do interior mineiro.
Justifica-se! Estão chegando do Rio de Janeiro onde
acontece a guerra de traficantes de drogas, e o exército tem tido que marcar
presença.
Incrível o que a Turma Quevedo realizou, desenvolveu,
enfrentou depois da formatura, e descreveu no livro do mesmo nome que me foi
presenteado. Um trabalho corajoso desde o início, quando em 1962 guarneceram
navios mercantes na GREVEMAR, abastecendo o país de norte a sul. Uns com o
agravante de terem pego navios sabotados, sucateados, e outros até sem
instrumentos básicos de navegação como: radar, ecobatímetro ou hodômetro. Sem
contar os que tinham a agulha magnética descompensada, e navegantes tendo de
orientar-se pelas constelações.
Em 1963 enfrentaram a Guerra da Lagosta, incidente
entre Brasil e a França, que veio pescar em litoral nordestino. Foi necessária
a força aérea juntar-se à marinha para o enfrentamento. Terminou com o cansaço
dos pesqueiros franceses, não antes dos EUA pedir ao Brasil desistência da
briga pela valiosa lagosta.
NPaFlu Rondônia (P-31), em operações. |
Essa mesma turma teve intensa atividade, e enfrentou
grandes desafios na Flotilha do Amazonas elaborando croquis de navegação, e
cartas de praticagem; dando assistência às populações ribeirinhas, treinamento
para alunos da Marinha Mercante, apoio à Força Aérea, e ao Exército. Aquela
centenária Flotilha foi criada para garantir o exercício da soberania e dos
interesses nacionais na Amazônia Ocidental.
Em 1964, as tropas foram reunidas para ouvirem as
novas ordens do Governo Militar. Posteriormente o Pres. Castelo Branco passou
em revista a tropa.
Impossível descrever minuciosamente tudo o que uma boa
equipe passa no período que vai dos primeiros aprendizados no exercício de sua
profissão, aos quarenta anos de trabalho para se chegar à aposentadoria. Cada
qual vivenciou da sua maneira, guardou na memória, relembrou relatando nas
linhas do livro, o que mais significado teve em sua convivência profissional
com a imensidão do mar: pororocas, tempestades, ventanias, salvamentos,
encalhes, içamentos, reboques, avarias, improvisações etc.
E sobrou tempo para as famílias, hobbies, amizades,
voluntariado, compor músicas, escrever poesias; para o lazer e o turismo.
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Não tendo a pretensão de resumir, ou fazer sinopse do
livro, quero deixar registrada minha admiração por essa valorosa turma que
continua unida até hoje (2017) e através de sua “Associação Turma Quevedo” ter
chance de ser lembrada para sempre.
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Elisabeth Carvalho Santos desde alfabetizada lê tudo que aparece à sua volta. Depois de aposentada professora (não de Português) resolveu escrever. Colabora com o jornalzinho da família, participa de concurso cultural e coleciona seus textos para publicar oportunamente. Os assuntos brotam de suas observações, das conversas com amigos e são temperados com pitadas de imaginação e bom humor. Costuma afirmar que "escrever é um trabalho prazeroso e/ou um lazer trabalhoso que todo alfabetizado deveria experimentar algum dia".
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