outubro 27, 2017

O livro: Turma Quevedo

Por Elizabeth Santos

 “Verdes mares bravios de minha terra natal, onde canta a jandaia nas frondes da carnaúba; verdes mares que brilhais como liquida esmeralda aos raios do sol nascente, perlongando as alvas praias assombradas de coqueiros; serenai, verdes mares, e alisai docemente a vaga impetuosa para que o barco aventureiro e manso resvale à flor das águas”.

José de Alencar

Há quase sessenta anos nossos verdes mares se abriram para a Turma Quevedo da Marinha brasileira adentrar no Navio Escola Custódio de Melo. Hoje 23/09/2017 essa mesma turma, reunida em excursão, vem conhecer as montanhas de Minas Gerais, cidades turísticas, e históricas. Numa parada em Campanha visitam a casa do colega Milton Xavier. Casa onde este algum dia morou com seus pais e irmãos. E a turma de setentões, com suas esposas, descansa um pouco do ônibus, enquanto lancha, se refresca do inesperado calor da entrada da primavera, conversa sobre como é bom estar no sossego do interior mineiro.

Justifica-se! Estão chegando do Rio de Janeiro onde acontece a guerra de traficantes de drogas, e o exército tem tido que marcar presença.

Incrível o que a Turma Quevedo realizou, desenvolveu, enfrentou depois da formatura, e descreveu no livro do mesmo nome que me foi presenteado. Um trabalho corajoso desde o início, quando em 1962 guarneceram navios mercantes na GREVEMAR, abastecendo o país de norte a sul. Uns com o agravante de terem pego navios sabotados, sucateados, e outros até sem instrumentos básicos de navegação como: radar, ecobatímetro ou hodômetro. Sem contar os que tinham a agulha magnética descompensada, e navegantes tendo de orientar-se pelas constelações.

Em 1963 enfrentaram a Guerra da Lagosta, incidente entre Brasil e a França, que veio pescar em litoral nordestino. Foi necessária a força aérea juntar-se à marinha para o enfrentamento. Terminou com o cansaço dos pesqueiros franceses, não antes dos EUA pedir ao Brasil desistência da briga pela valiosa lagosta.

NPaFlu Rondônia (P-31), em operações.

Essa mesma turma teve intensa atividade, e enfrentou grandes desafios na Flotilha do Amazonas elaborando croquis de navegação, e cartas de praticagem; dando assistência às populações ribeirinhas, treinamento para alunos da Marinha Mercante, apoio à Força Aérea, e ao Exército. Aquela centenária Flotilha foi criada para garantir o exercício da soberania e dos interesses nacionais na Amazônia Ocidental.

Em 1964, as tropas foram reunidas para ouvirem as novas ordens do Governo Militar. Posteriormente o Pres. Castelo Branco passou em revista a tropa.

Impossível descrever minuciosamente tudo o que uma boa equipe passa no período que vai dos primeiros aprendizados no exercício de sua profissão, aos quarenta anos de trabalho para se chegar à aposentadoria. Cada qual vivenciou da sua maneira, guardou na memória, relembrou relatando nas linhas do livro, o que mais significado teve em sua convivência profissional com a imensidão do mar: pororocas, tempestades, ventanias, salvamentos, encalhes, içamentos, reboques, avarias, improvisações etc.

E sobrou tempo para as famílias, hobbies, amizades, voluntariado, compor músicas, escrever poesias; para o lazer e o turismo.  

Valeu!


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Não tendo a pretensão de resumir, ou fazer sinopse do livro, quero deixar registrada minha admiração por essa valorosa turma que continua unida até hoje (2017) e através de sua “Associação Turma Quevedo” ter chance de ser lembrada para sempre.



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Elisabeth Carvalho Santos desde alfabetizada lê tudo que aparece à sua volta. Depois de aposentada professora (não de Português) resolveu escrever. Colabora com o jornalzinho da família, participa de concurso cultural e coleciona seus textos para publicar oportunamente. Os assuntos brotam de suas observações, das conversas com amigos e são temperados com pitadas de imaginação e bom humor. Costuma afirmar que "escrever é um trabalho prazeroso e/ou um lazer trabalhoso que todo alfabetizado deveria experimentar algum dia".  

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