maio 09, 2014

Soluções


Deve existir um jeito de transpor a água que sobra no rio Madeira para encher as represas de São Paulo e da hidrelétrica de Furnas. Quem propôs a questão e a solução foi alguém de apenas oito anos de idade.

Quando era bem menor, com uns três ou quatro anos, assistia TV ao lado da bisavó.

Esta respondia ao “boa noite” do locutor das notícias (não sem antes tomar banho, passar água de cheiro, 
pentear os cabelos e vestir um taier impecável.) Se o repórter comentasse alguma coisa como:

_ Essa era uma tragédia anunciada como todos os nossos telespectadores suspeitavam.

_ Não. Eu não suspeitava não. Estou assustada. - retrucava a idosa.

Assim sendo, a bisa dizia ao bisinho:

_ Corre a pegar o guarda chuva que a “moça do tempo” vai falar se chove hoje aqui.

O pititinho buscava o objeto entre seus brinquedos e sentava novamente no sofá, atento à previsão de céu nublado, sol ou chuva na região.

Se fazia parte da vida dos moradores daquele lar, ouvir e comentar notícias, nada mais natural que o menino raciocinasse a respeito de soluções para enchente no norte e seca no sudeste do país.

Por mais que os adultos explicassem a ele as dificuldades e altos custos da transposição ele, calado por um instante, rebatia dizendo da possibilidade da água sobrando lá poder vir pra cá.

Até que se saiu com esta máxima:

_ E a busca do petróleo no pré-sal? Pra carro é fácil e pra gente não?



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Elisabeth Carvalho Santos desde alfabetizada lê tudo que aparece à sua volta. Depois de aposentada professora (não de Português) resolveu escrever. Colabora com o jornalzinho da família, participa de concurso cultural e coleciona seus textos para publicar oportunamente. Os assuntos brotam de suas observações, das conversas com amigos e são temperados com pitadas de imaginação e bom humor. Costuma afirmar que "escrever é um trabalho prazeroso e/ou um lazer trabalhoso que todo alfabetizado deveria experimentar algum dia".

Um comentário:

  1. Gosto muito de conversar com crianças. Muito antes de ser professora dos pequenos já existia em mim esse gosto. Crianças são seres espontâneos e simples mesmo com tablet nas mãos. Cada qual arruma uma saída estratégica para seus supostos(ou reais) problemas. Surpreendem-me frequentemente. Beth.

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