Deve
existir um jeito de transpor a água que sobra no rio Madeira para encher as represas
de São Paulo e da hidrelétrica de Furnas. Quem propôs a questão e a solução foi
alguém de apenas oito anos de idade.
Quando era
bem menor, com uns três ou quatro anos, assistia TV ao lado da bisavó.
Esta
respondia ao “boa noite” do locutor das notícias (não sem antes tomar banho, passar
água de cheiro,
pentear os cabelos e vestir um taier impecável.) Se o repórter comentasse
alguma coisa como:
_ Essa era
uma tragédia anunciada como todos os nossos telespectadores suspeitavam.
_ Não. Eu
não suspeitava não. Estou assustada. - retrucava a idosa.
Assim
sendo, a bisa dizia ao bisinho:
_ Corre a pegar
o guarda chuva que a “moça do tempo” vai falar se chove hoje aqui.
O pititinho
buscava o objeto entre seus brinquedos e sentava novamente no sofá, atento à
previsão de céu nublado, sol ou chuva na região.
Se fazia
parte da vida dos moradores daquele lar, ouvir e comentar notícias, nada mais
natural que o menino raciocinasse a respeito de soluções para enchente no norte
e seca no sudeste do país.
Por mais
que os adultos explicassem a ele as dificuldades e altos custos da transposição
ele, calado por um instante, rebatia dizendo da possibilidade da água sobrando
lá poder vir pra cá.
Até que se
saiu com esta máxima:
_ E a busca
do petróleo no pré-sal? Pra carro é fácil e pra gente não?
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Gosto muito de conversar com crianças. Muito antes de ser professora dos pequenos já existia em mim esse gosto. Crianças são seres espontâneos e simples mesmo com tablet nas mãos. Cada qual arruma uma saída estratégica para seus supostos(ou reais) problemas. Surpreendem-me frequentemente. Beth.
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