Atendendo a pedidos, cá estou eu dando continuidade ao resumão do livro do Dr. Scott no qual ele combina experiências de consultório, de amigos e observações sociais sobre a convivência com um passivo-agressivo.
Lembrando que nada substitui a leitura do livro do próprio autor. Esse texto tem a intenção de ser a base introdutória para um assunto complexo que merece ser relido várias vezes durante o longo e duro processo de amadurecimento.
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Eu faço o que eu quero. |
O homem passivo-agressivo: como ele amadurece desse jeito
O Dr. Scott escreveu este capítulo para todas as pessoas que vivem perguntando como esse homem ficou assim? É claro que cada pessoa é única, mas algumas teorias serão detalhadas por ele.
Paisagem e linhagem
Estímulo e genética são as responsáveis por quem somos hoje. Vários psicólogos aceitam o equilíbrio de forças entre os dois componentes formando temperamento e depois o caráter adaptativo.
A natureza se baseia em genética, DNA e trata do aspecto determinante do ser humano, ainda que não contem a nossa história completa. Existem linhas psicológicas que estudam características físicas que podem ser futuros determinantes de traços de personalidade. O social é trazido pela também pela família, mas ainda pela escola, pela igreja, pelos modismos e outros componentes do cotidiano. Os psicólogos investigam quais estruturas sociais criam essa personalidade e por isso focam no desenvolvimento infantil para descobrir essas influências.
A criança é o "pai" do homem adulto.
O passivo-agressivo ficou parado no passado. Emocionalmente frágil, ele tem essa falta de sensibilidade com os outros sendo que a auto defesa é o escudo de proteção dele contra o mundo.
Como ele se tornou passivo-agressivo: um resumo
Raramente um só incidente é a causa de uma situação complexa como essa. As histórias de vida de pessoas costumam carregar vários elementos memoráveis como: abandono, humilhação, o encontro com um herói, se casar ou receber um prêmio. Como essas histórias são contadas pelo próprio paciente, os psicólogos entendem que elas são muito passíveis de distorção. Vamos seguindo...
Outro ponto de ponderação do autor é nos lembrar que as histórias de infância desse homem são ainda uma percepção sobre o acontecido. Isso quer dizer que não necessariamente foi o que os pais dele fizeram. É fácil culpar os pais, mas eles não podem ser 100% culpados pela pessoa que esse homem se tornou.
O mais importante então é saber como ele se comporta com eles. deixando para segundo plano o relacionamento dele com irmãos e outras pessoas. Por exemplo, se ele "te dá uma gelada" - fica sem falar com você por um tempão - pode ter certeza que isso é um hábito que vem desde a infância o protegendo dos pais numa conduta adaptativa às situações do dia-a-dia.
Mais especificamente assim... O pai o manda obedecer uma regra dizendo "Quem você pensa que é para discordar de seu pai?", ou a mãe o humilha "Esses meninos de hoje pensam que sabem das coisas.". Machucado por seu pai, ou sua mãe, ele nega o problema ficando em silêncio e se expressando da única arma que dispõe, pois suas palavras não valem nada e ainda são usadas contra ele. Dessa maneira ele aprende que não demonstrar sentimentos aos amigos, colegas de escola e professores.
Com o tempo ele vai usar o mesmo tratamento com o marido, a esposa, o chefe, os colegas de trabalho, pois ele acredita que eles têm o poder de o machucar tanto quanto seus pais o fizeram. Agora temos um comportamento entranhado na personalidade do ser humano.
O autor dá um exemplo que pode ser passar desapercebido de muitos. Numa entrevista de emprego o rapaz fica em silêncio, encarando você criando um ar de desconforto entre as perguntas. A mulher então fala desenfreadamente tentando desfazer a parede de gelo que ele criou. Ela na verdade queria dizer: "Você não precisa ficar aí como uma peixe morto olhando para mim. Eu não sou a sua mãe."
Primeiras pistas: Começo da infância e passividade-agressiva
O primeiro problema que muitas mulheres enfrentam com ele é a inconsistência. Ele é autosuficiente, mas também é assustado e precisa que você o ajude. É o conflito pessoal entre a dependência e Scott promete falar mais sobre isso no próximo capítulo.
Este homem se lembra de ser incompatível e contrariado desde muito pequeno, justamente numa fase da vida onde somos totalmente dependentes. Inconscientemente ele espera ser tratado por outros assim como ele foi tratado na infância, com discordância. Nada é suficiente e as desilusões provam exatamente isso, ainda que elas sejam armadilhas criadas por ele. De alguma maneira ele acha que é merecedor de tratamentos especiais. Obedecer é pedir demais dele já que seus pais o controlavam demais, ou o castigavam sem pesar os motivos.
O passivo-agressivo começa sendo "o do contra",
especialmente perante as figuras de autoridades.
Outro exemplo bacana que abrange a possessividade é descrito nesse momento. Digamos que a mãe dele tenha sido muito controladora - esse é o fato que ficará na cabeça dele. Agora ele está com você e acredita que você seja igual a ela. O que ele faz então? Ele se mostra vago sobre quando vocês vão se encontrar no sábado. Pede que você aguarde um contato com os detalhes de horário e local para se verem. Perto do final da tarde, sem ter recebido nenhuma mensagem dele, você tenta ligar, mas ele não atende. Você deixa mensagem para que ele ligue de volta para você. Depois de algumas horas ele te liga nervoso porque você ligou várias vezes... pronto, aí está a prova de que você é possessiva!
Esses tipos criam relacionamentos insatisfatórios somente porque eles são muito familiares a eles. Enquanto criança ele se sentia inseguro ao ficar longe de sua mãe, como adulto ele vai ter vergonha de sua dependência. Assim começam os jogos de dependência versus poder que ele vai jogar até que se torne um adulto.
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O livro: Living with the Passive-Aggressive man; Coping with the Personality Syndrome of Hidden Aggression - from the Bedroom to the Boardroom, de Scott Wetzler, Ph.D. Em tradução livre Vivendo com o homem passivo-agressivo; Lidando com a Síndrome de Personalidade da Agressão Encoberta - da Cama à Sala de Reuniões. Autor: Scott Wetzler, Phd., New York, 1992.