setembro 07, 2018

Ideias

Por Elisabeth Santos
Tenho muitas ideias de como salvar animais, apenas nem sempre tenho meios de executá-las. Para salvá-los de algum sufoco em que se envolveram inesperadamente, até que é fácil para mim que gosto desse ofício de salva-vidas.

Muitas vezes os próprios procuradores de encrenca não colaboram na operação salva bichinhos e aí... não tenho meios para tira-los do enguiço. Ao vir morar na casa onde moro, encontrava pássaros atordoados, caídos próximos ao muro pintado de azul céu. Pegava o binóculo para observar: eles vinham voando, voando, e distraídos pelo alimento que vislumbravam ao longe... TUM! Batiam a cabeça no suposto céu azul a murar meu pedacinho de chão!

E lá ia eu acudir mais uma vítima de uma miragem, ilusão de ótica ou qualquer outro nome que se possa dar ao fenômeno. Muito que bem, ‘garrei a pensar, chegando à conclusão que seria melhor mudar a cor do muro. Raciocinei por eliminação, imaginando-me um pássaro:

_ Verde? Não, pois ia assemelhar-se a vegetação. Amarelo? Também não, pois com a claridade do sol poderia ofuscar-lhes a vista. Vermelho vivo eu é que não haveria de querer no muro da minha residência! Então me decidi pelo marrom tijolo e ainda simulei com tinta branca, limitações parecidas com pedras e tijolões.

_ Quem haveria de arriscar-se? Ninguém, não é mesmo?

Deu certo o estratagema até que começaram a aparecer bichinhos afogados na piscina. Só poderiam estar com sede! Comprei uma fonte de concreto armado, própria para jardim, e mandei instalar. A água não seria desperdiçada naquele constante fluir, pois através de uma engenhoca, vinha a cair novamente.

Deu certo! Pelo menos por uns tempos...

Dalí a alguns dias os passarinhos começaram a vir visitar-me na minha própria casa! Tudo bem? Não! Eles entravam facilmente e não achavam por onde sair. E eu matutando:

_ O que vieram fazer aqui dentro, com tanta opção no meu (ou nosso) território?

Algo me dizia que tentavam encurtar o caminho do multicolorido jardim para o verde pomar, e se perdiam no labirinto de corredores e demais cômodos da casa. E agora?

A vassoura tinha cabo curto, mas dei um jeito de estendê-lo, e fui atrás para direcionar a saída ao intruso.

Algumas vezes a “operação salva aves” foi acertada e outras vezes não. Tive de fazer o enterro com honras e glórias para um batalhador valente.

Por que estou acrescentando isto? Porque, embora colocando quirela aos pássaros da natureza, eu observava que eles disputavam entre si com bicadas, uns querendo o quinhão do outro.

Ainda não entendi, pois havia água, alimento e espaço para todos. Acho que ainda terei muito a desvendar...




Elisabeth Carvalho Santos desde alfabetizada lê tudo que aparece à sua volta. Depois de aposentada professora (não de Português) resolveu escrever. Colabora com o jornalzinho da família, participa de concurso cultural e coleciona seus textos para publicar oportunamente. Os assuntos brotam de suas observações, das conversas com amigos e são temperados com pitadas de imaginação e bom humor. Costuma afirmar que "escrever é um trabalho prazeroso e/ou um lazer trabalhoso que todo alfabetizado deveria experimentar algum dia".

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