Tenho muitas ideias de como salvar animais, apenas nem
sempre tenho meios de executá-las. Para salvá-los de algum sufoco em que se
envolveram inesperadamente, até que é fácil para mim que gosto desse ofício de
salva-vidas.
Muitas vezes os próprios procuradores de encrenca não
colaboram na operação salva bichinhos e aí... não tenho meios para tira-los do
enguiço. Ao vir morar na casa onde moro, encontrava pássaros atordoados, caídos
próximos ao muro pintado de azul céu. Pegava o binóculo para observar: eles
vinham voando, voando, e distraídos pelo alimento que vislumbravam ao longe...
TUM! Batiam a cabeça no suposto céu azul a murar meu pedacinho de chão!
E lá ia eu acudir mais uma vítima de uma miragem,
ilusão de ótica ou qualquer outro nome que se possa dar ao fenômeno. Muito que
bem, ‘garrei a pensar, chegando à conclusão que seria melhor mudar a cor do
muro. Raciocinei por eliminação, imaginando-me um pássaro:
_ Verde? Não, pois ia assemelhar-se a vegetação.
Amarelo? Também não, pois com a claridade do sol poderia ofuscar-lhes a vista.
Vermelho vivo eu é que não haveria de querer no muro da minha residência! Então
me decidi pelo marrom tijolo e ainda simulei com tinta branca, limitações
parecidas com pedras e tijolões.
_ Quem haveria de arriscar-se? Ninguém, não é mesmo?
Deu certo o estratagema até que começaram a aparecer
bichinhos afogados na piscina. Só poderiam estar com sede! Comprei uma fonte de
concreto armado, própria para jardim, e mandei instalar. A água não seria desperdiçada
naquele constante fluir, pois através de uma engenhoca, vinha a cair novamente.
Deu certo! Pelo menos por uns tempos...
Dalí a alguns dias os passarinhos começaram a vir
visitar-me na minha própria casa! Tudo bem? Não! Eles entravam facilmente e não
achavam por onde sair. E eu matutando:
_ O que vieram fazer aqui dentro, com tanta opção no
meu (ou nosso) território?
Algo me dizia que tentavam encurtar o caminho do multicolorido
jardim para o verde pomar, e se perdiam no labirinto de corredores e demais
cômodos da casa. E agora?
A vassoura tinha cabo curto, mas dei um jeito de estendê-lo,
e fui atrás para direcionar a saída ao intruso.
Algumas vezes a “operação salva aves” foi acertada e
outras vezes não. Tive de fazer o enterro com honras e glórias para um
batalhador valente.
Por que estou acrescentando isto? Porque, embora
colocando quirela aos pássaros da natureza, eu observava que eles disputavam
entre si com bicadas, uns querendo o quinhão do outro.
Ainda não entendi, pois havia água, alimento e espaço
para todos. Acho que ainda terei muito a desvendar...
Elisabeth Carvalho Santos desde alfabetizada lê tudo que aparece à sua volta. Depois de aposentada professora (não de Português) resolveu escrever. Colabora com o jornalzinho da família, participa de concurso cultural e coleciona seus textos para publicar oportunamente. Os assuntos brotam de suas observações, das conversas com amigos e são temperados com pitadas de imaginação e bom humor. Costuma afirmar que "escrever é um trabalho prazeroso e/ou um lazer trabalhoso que todo alfabetizado deveria experimentar algum dia".
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