Por Elisabeth Santos
Bordei de dia e cochilei bordando. Vi um nó de linhas
no bordado, peguei a tesourinha, cortei o nó sem perceber o pique dado no
tecido. Agora restava pegar agulha de crochê para tentar pegar a malha
escapulida. Teria que levantar-me da poltrona reclinável, e ir buscar a
ferramenta necessária no cestinho de costuras. No exato momento em que me
levantava... vi a malha solta, num efeito dominó, ir prosseguindo o caminho
ponto a ponto fazendo um grande estrago.
Desesperei-me ao pensar que seria impossível sair dali
sem que o meu movimento desfizesse o lindo casaquinho bordado.
Levantei-me assim mesmo!
Só não fui buscar agulha de crochê nem nada!
Encontrava-me em outro ambiente, e a situação também era outra, e bem diferente.
Acordando do rápido cochilo, aliviada percebi não
haver estrago nenhum no meu bordado.
Mas fiquei inculcada com o sonho. Por que vinha
trazer-me aflição?
Acabei sossegando-me: _ Preferível um sonho, que uma
realidade aflitiva!
“_ S’embora” tocar a vida pra frente, pois lá atrás
vem gente! _ Ordenaria minha bisa; e que Deus a tenha.
Elisabeth Carvalho Santos desde alfabetizada lê tudo que aparece à sua volta. Depois de aposentada professora (não de Português) resolveu escrever. Colabora com o jornalzinho da família, participa de concurso cultural e coleciona seus textos para publicar oportunamente. Os assuntos brotam de suas observações, das conversas com amigos e são temperados com pitadas de imaginação e bom humor. Costuma afirmar que "escrever é um trabalho prazeroso e/ou um lazer trabalhoso que todo alfabetizado deveria experimentar algum dia".
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