Por Elisabeth Santos |
Expectativa e realidade para 2020
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O Carnaval ia chegar e muitos já
tinham conhecimento que uma pandemia iniciava no Oriente. Poucos ficaram
sabendo da grande ameaça a representar para a humanidade.
A esposa diz para o marido:
- A escola fechando, a gente tendo
que trabalhar, deixaremos as crianças com a cuidadora?
E o marido responde:
- Não, pois ela convive com muitas outras
pessoas onde reside.
- Então vamos levar as crianças para
a casa da avó...
- Também não querida, ela já passou
dos sessenta anos e pertence ao grupo de risco.
E a mulher continuou a perguntar:
- Você está querendo dizer que mamãe
representaria uma ameaça à saúde dos netos? É isto?
- É muito pelo contrário. Pessoas na
terceira idade, se forem infectadas, têm risco maior de não se curarem.
Isolamento social para elas, nessa temporada pandêmica “corônica” é crucial.
No dia seguinte, as dúvidas ainda no
ar, o marido quer saber da esposa:
- Você vai para a fábrica?
- Não... Acabo de receber zap da
chefia dizendo que estão no planejamento de uma reunião geral com todos os
funcionários. Parece que vamos ter de trabalhar em casa...
E ele rindo comenta:
- Sem empregada doméstica, os meninos
em casa, vai ser difícil, né? E quem vai sair para as compras necessárias?
- Você amor! – Disse ela.
- Eu? Eu não. Sempre fomos juntos às
compras de supermercado cada qual com um carrinho. Você escolhendo toda a sorte
de alimentos, eu com a lista de produtos de higiene e limpeza geral. Nem sei
diferenciar uma verdura de outra...
- Preciso manter meu emprego. Quanto
às verduras, não se preocupe, traga uma de cada para os sete dias da semana.
Temos que nos adaptar para sobrevivermos. Era você que dizia isto, lembra-se?
- Pois é, e terei de usar máscara
protetora de respiração também...
- E eu tenho que me acostumar com o
álcool gel a 70% que me faz espirrar e resseca minha pele.
E a filharada em coro:
- Teremos de parar de disputar
brinquedos no tapa. E não poderemos andar de bicicleta ou jogar bola com os
amigos.
- Por quê? Nenhum deles encontra-se
adoentado das vias respiratórias...
E respondeu o mais velho para a mais
nova:
- Porque algumas pessoas podem ter o
vírus sem apresentar sintoma algum.
E o do meio, mais compenetrado:
- Pelo menos poderemos estudar via
internet, cada qual no seu tablet. Então, nos horários de lazer disputaremos
games com nossos colegas sem corrermos riscos desnecessários.
-É isto meus amores. _Tentou amenizar, dona
Mamãe.
E o papai achando que seria uma boa
ideia passarem o fim de semana na chácara, onde além de mudar de ares, teriam
bastante coisas a fazerem... Desistiu ao lembrar-se do comércio fechado e dos
caminhos já monitorados pela Vigilância Sanitária. Muito complicado!
- Vamos viajar para um local seguro?
_ Foi a pergunta lançada no ar.
- Não sem respeitar os quatorze dias
de isolamento antes e depois.
- O que mais ainda temos que aprender
então?
- Além de seguir todas as
recomendações conhecidas para evitarmos o pico da doença que poderá levar ao
colapso de atendimento hospitalar, teremos de nos manter atualizados.
Também checar notícias falsas ou
precipitadas de novas aparelhagens ou de medicação não aprovada pela
Organização Mundial de Saúde. Não temos diante de nós uma corrida armamentista,
mas sim... “Vacinancista”.
- E as discussões políticas trazidas pela
mídia? Teremos de acompanhar também?
- Vamos deixar a boiada passar. Deve
terminar na pizza de sempre. Churrasco ou pizza, vamos todos para a cozinha
preparar o jantar!
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Elisabeth Carvalho Santos desde alfabetizada lê tudo que aparece à sua volta. Depois de aposentada professora (não de Português) resolveu escrever. Colabora com o jornalzinho da família, participa de concurso cultural e coleciona seus textos para publicar oportunamente. Os assuntos brotam de suas observações, das conversas com amigos e são temperados com pitadas de imaginação e bom humor. Costuma afirmar que "escrever é um trabalho prazeroso e/ou um lazer trabalhoso que todo alfabetizado deveria experimentar algum dia".