Feather Tales II, Áustria & Holanda, File Festival. Veja outas obras do File Harmônica de Taças e Exposição Interativa. |
Assim como o “bem te vi” ganhou o nome por
causa do canto; a pomba do ar ficou popularmente conhecida como “Deus quer um”.
Ela, muito “lindona” em seu porte e cores,
pousa sozinha na árvore mais alta e isolada e solta a voz:
_ Huuum... Deus quer uuuuum! – e repete pausada
e incansavelmente.
Afinal é só um canto, nada mais, que os
antigos insistem em afirmar ser de mau agouro.
Por isso ao mudar-se a ave para a cidade as
duas velhinhas ficaram apavoradas:
_ A pomba do arr tava no meu quintal dijahoje
(inda hoje) cumadi.
_ I cantô?
_ Bem ansim: - Deus qué um... Deus qué
um...
E as amigas se benzendo exclamaram
juntinhas:
_ Cruiz em crédu! Afi Maria! Quem será qui
invai dessa veiz cumadi?
_ Sei não, sei não... - respoderam também
em uníssono.
_ É bão nóis confirí si’nda têmu sombra...-
diz uma das velhinhas.
E cada qual olhou o chão atrás de si.
Eu que escrevo o que ouvi em minhas
andanças... Esqueci como termina esse causo..
Vai gostar de ler todos os Contos da Beth.
* Feather Tales II é uma instalação de Ebru Kurbak e Ricardo O'Nascimento feita de plumas hipersensíveis a ondas emitidas por dispositivos de comunicação móveis. Sempre que sinais eletrônicos rondam o espaço, as superfícies começam a mostrar reações involuntárias em forma de "arrepio".
Elisabeth Carvalho Santos (63) desde alfabetizada lê tudo que aparece à sua volta. Depois de aposentada professora (não de Português) resolveu escrever. Colabora com o jornalzinho da família, participa de concurso cultural e coleciona seus textos para publicar oportunamente. Os assuntos brotam de suas observações, das conversas com amigos e são temperados com pitadas de imaginação e bom humor. Costuma afirmar que "escrever é um trabalho prazeroso e/ou um lazer trabalhoso que todo alfabetizado deveria experimentar algum dia".
É um caso interessante. No meu quintal havia um abacateiro com uma copa verde e frondosa. Hoje, após a referida pomba passer a pousar e cantar, resta uma árvore, sem uma folha verde sequer. Hoje esla está morta e seca. É real: Huuum, Deus quer uuum (ou uma). E, neste caso, foi uma a árvore.
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