Atendendo a pedidos, cá estou eu dando
continuidade ao resumão do livro do Dr. Scott no qual ele combina experiências
de consultório, de amigos e observações sociais sobre a convivência com um
passivo-agressivo.
Lembrando que nada substitui a leitura do livro
do próprio autor. Esse texto tem a intenção de ser a base introdutória
para um assunto complexo que merece ser relido várias vezes durante o longo e
duro processo de amadurecimento.
Se protegendo
Todo ser humano tem direito a seus sentimentos,
mas não tem direito de jogar a culpa sobre você sem sofrer as consequências.
Amiga, você não é saco de pancadas!
Lembrando que a raiva que ele destila, não tem
nada a ver com você. Ele está bravo com o chefe e a despeja em você quando
chega em casa. Nos anos 1960 e 70 vários terapeutas americanos exploraram
técnicas de extravasar a raiva represada nos pacientes. Estimulados a dizer
várias vezes "estou com raiva", eles batiam em travesseiros no momento
de transbordar a fúria sobre algo específico.
Eles se sentiam melhor? Provavelmente. Entretanto
sendo o ser humano capaz de produzir ilimitadas quantidades de cólera, o
problema não ser resolvia. (Lembre-se disso para os seus próprios momentos de
irritação.)
O fato básico é entender que ele é dirigido pelo
medo, mas existem dois tipos de medo. 1. o medo de ser machucado por você e
isso fomenta a raiva e a passividade-agressiva. 2. o medo de machucar você que
quando de fato acontece, reafirma o fato da raiva dele ser algo destrutivo.
Sendo assim, limitar o comportamento hostil dele e se proteger, faz com que ele
sinta menos medo.
O benefício está também em entender que nem
sempre a raiva estraga as coisas, desde que ela seja expressa de maneira aberta
e com tato. Desabafar faz sentido para ambos, desde que seja feito de maneira
apropriada.
Confrontando-o sem piorar as coisas
Críticas devem ser dirigidas ao comportamento
dele, não à pessoa. O confronto é necessário para resolver problemas, então
prefira falar: "quando você faz ... , eu sinto ..." ou "você me
ofende, tal coisa me machuca". Comportamentos mudam, essência não. Por
exemplo, se seu colega de chega super atrasado e cancela no último minuto as
caminhadas que fazem juntos você deve cancelar as caminhadas, não a amizade.
Confrotamento tem duas vias: por um lado expõe o
passivo-agressivo às consequências de suas atitudes, mas se isso não funcionar,
pelo menos é uma maneira de você falar diretamente com ele se colocando fora
dessa lógica de comportamento. Nunca caia no jogo da vítima, pois o seu
grande erro será se sentir culpada pela reclamação dele. Por exemplo, falando
coisas como "me desculpe for falar isso para você" ou "sei que
você está ocupado".
Ao contrário, fale "você sempre foi justo e
eu sempre contei com você. Eu estou com medo do que está acontecendo agora
entre nós (nesse departamento), como eu tenho sido tratada. Vamos conversar
durante o almoço porque isso é importante para mim." Enfrentar o
passivo-agressivo mostrando as consequências da sua conduta é uma condição
necessária para se viver (ou trabalhar) com ele.
Aprenda também que outras horas é melhor nem
responder. A não ser que queira acabar com o relacionamento, você não deve o
enfrentar dizendo "esta é a última chance para dizer a verdade, ou vou
embora amanhã."
Sendo justa durante as brigas
A raiva é um componente inerente aos
relacionamentos entre seres humanos, mas como lidamos com ela e a expressamos
determina o sucesso de um relacionamento de longo tempo.
Relacionamentos fortes são aqueles onde a raiva
pode ser expressa naturalmente entre ambas as partes sem que essas fiquem
pisando em ovos para falar o que sentem. As brigas existem tanto nos
relacionamentos saudáveis quanto nos doentios. A diferença é que nos saudáveis
as brigas são justas, as pessoas sabem as regras básicas (ainda que implícitas
como não xingar a mãe do outro no meio da discussão) e as respeitam, além de
verdadeiramente tentar resolver o problema.
O passivo-agressivo não conhece discussões justas
nas quais ambos saem ganhando, pois está acostumado ao tudo ou nada do vencer
ou perder. As respostas aos seus pedidos trazem vitimizações do tipo: "eu
liguei, mas você não atendeu, você pede para eu ligar, mas você nunca
atende" ou "eu estou trabalhando dobrado esta semana, eu tenho meus
problemas e contas para pagar, então não posso (atender o seu pedido), dá um
tempo".
Enfim, ele não aceita criticismo porque
internamente escuta a voz de desaprovação de sua mãe. Então o jeito é descobrir
como mandar essa mensagem "eu me importo com você, mas eu não sou sua mãe.
Se você acha que ela te controlava, lembre-se que eu não estou tentando ser
como ela. Se quer alguém para te tratar como sua mãe, encontre outra pessoa,
pois somos casados e não sou sua mãe".
Fazendo as pazes
Raramente ele vai tomar a iniciativa de fazer as
pazes, sendo assim, pegue a bandeira branca e siga em frente. Raiva e agressão
são naturais, para alguns aceitar que isso é fato da vida pode ser a solução.
Como o passivo-agressivo somente age em seu próprio interesse você precisará
ensiná-lo que o melhor para ele também pode ser o melhor para você.
ALGUNS
PASSIVO-AGRESSIVOS CRESCEM E SE MODIFICAM.
***
O livro: Living with the Passive-Aggressive man; Coping with the Personality Syndrome of Hidden Aggression - from the Bedroom to the Boardroom, de Scott Wetzler, Ph.D. Em tradução livre Vivendo com o homem passivo-agressivo; Lidando com a Síndrome de Personalidade da Agressão Encoberta - da Cama à Sala de Reuniões. Autor: Scott Wetzler, Phd., New York, 1992.