março 19, 2015

5 coisas que parei de fazer quando me mudei do Brasil

Depois de 4 anos morando nos Estados Unidos, na Carolina do Sul para ser mais específica, foram inevitáveis as transformações no meio jeito de viver. Algumas boas, outras nem tanto, mas agora todas fazem parte de uma interessante bagagem que vou carregar para sempre em minha alma. Aqui estão compartilhadas 5 delas, aproveitem.

1. Carregar a bolsa como se fosse ser assaltada a qualquer momento.

Coloca a bolsa pra frente, menina!

A primeira vez que eu voltei ao Brasil de férias, percebi como as mulheres carregam suas bolsas. Todas mantém bolsas e mochilas grudadas ao corpo, às vezes com a mão por cima ou como se estivessem carregando uma carga de diamantes. Eu sei que o que está lá dentro é precioso, principalmente se for roubada, mas o fato foi que depois de um tempo morando fora (e numa cidade segura, veja este post) vi que eu também carregaregava a bolsa como se fosse ser assaltada a qualquer momento. Ainda em São Paulo, eu notei que agora os rapazes também carregam as mochilas na frente, como a garota da foto. Eu, ao contrário, passei a usar o celular na rua, sem precisar entrar numa loja para não chamar atenção, costumo tirar o tablet ou a carteira da bolsa sem olhar para os lados.  Na cidade onde moro hoje eu não preciso andar com medo. Muito mais do que isso, parei de me preocupar se a porta de casa estava trancada, se a bicicleta estava do lado de fora, na varanda e até se o vidro do carro estava um pouco aberto enquanto eu ia no mercado (a não ser pela possibilidade de chuva).

2. Comer arroz e feijão.

Duas panelas elétricas encostadas.

Não acho que isso foi algo bom, muito menos ruim, simplesmente aconteceu. No início compramos a panela elétrica para fazer arroz todo dia. Além de ser super prática, aqui é um produto barato. Pelo simples motivo de haverem muitos asiáticos no país e todos ele usam, é algo que você encontra em qualquer lugar. Por outro lado, não encontramos a famosa panela de pressão para cozinhar o feijão em poucos minutos, mas para ser sincera, nem procuramos muito. Um belo dia eu vi o nosso arroz com feijão não fica muito gostoso esquentado no microondas. Respondendo a dúvida que deve ter surgido... Sim! Aqui todos comem de marmita, não há o mínimo preconceito, nem comida "de graça" nas empresas. Chefes, gerentes, operários e os que querem ter mais saúde levam comida de casa, os outros saem e compram algo perto do trabalho. Enfim, hoje temos 2 panelas de arroz que só usamos quando temos visitas do Brasil.

3. Ser obsessiva com a aparência.

No salão deixando o meu cabelo curtinho.

Algumas mulheres vão horrorizar com o que vou dizer, mas a obsessão da brasileira com a aparência é uma coisa que deixei no Brasil. Isso não quer dizer que não me cuido, que não uso cremes ou maquiagem, não corto o cabelo porque a foto mostra eu no salão, viu gente =). Mas aquela obrigação de manter as unhas impecavelmente feitas não me atrai mais. Conversando com algumas amigas americanas eu entendi algo mais sobre esse comportamento. Por sinal, é o mesmo que as americanas pensam sobre as californianas. "Por que estabelecer um padrão de beleza cada vez mais alto, um patamar que só quando você estiver jovem vai poder seguir? Isso é um tiro no pé. Um dia você envelhece, todos vamos ter rugas, cabelos brancos. Então você perde tudo o que tinha, porque se resumiu ao exterior, às aparências. Mas se você tiver conteúdo, quando amadurecer continuará sendo bonita e atraente". E foi assim que eu deixei de ler revista Caras no salão para entender sobre assuntos que sempre me intrigaram, mas nunca tinha tempo para ler.

4. Achar um absurdo não saberem o Brasil.

Assim é um não americano nomeando os estados americanos.

No começo era irritante ouvir comentários do tipo "eu também falo um pouco de espanhol" ou responder às perguntas "por que vocês escrevem Brasil com S se o certo é com Z?" (fiz um post sobre isso aqui). Depois de um tempo percebi que fica difícil mesmo para qualquer que não fale português saber sobre um país que não se comunica em outra língua. Também notei que sabemos dos Estados Unidos o que vemos nos filmes, coisas sobre Manhattan que achamos ser Nova Iorque, um pouco sobre a Califórnia, alguns pontos turísticos e a Disney. A constatação final do meu pouco conhecimento sobre o mundo veio quando um colega da aula de inglês me perguntou se eu sabia dizer alguma coisa sobre a Argélia, seu país natal. O nome da capital já serviria para fazer ele ficar quieto, mas da minha parte ele só ouviu um grande silêncio.

5. Dirigir como se fosse salvar alguém da forca.

No meio do caminho tinham girafas, São Paulo capital.

Sei que em partes é porque eu moro numa cidade pequena, mas com o tempo parei de dirigir com pressa. No Brasil quando você entra no carro é instantânea a sensação de ansiedade, é preciso chegar rápido, onde quer que seja, mesmo que esteja indo para a casa de praia nas férias. Ninguém, muito menos se for mulher e sozinha, dirigindo numa cidade grande brasileira pode se dar ao luxo de ficar "passeando" por ai. Chegando aqui eu entendi que o máximo de tempo que economizava andando no limite da velocidade para chegar mais cedo eram míseros 5 minutos. Agora, vamos combinar, no Brasil ninguém faz cara feia para atrasos, ou seja, para que correr? A não ser que seja para fugir do risco de ser assaltada e isso muito tem a ver com a primeira mudança.

E você, também mudou seu jeito para se adaptar à nova cidade?

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