Sou casado há alguns anos e minha sogra é uma gracinha. Fiz uma viagem para a Índia e perguntei-lhe o que queria de lembrança de lá.
Minha sogra escolheu incenso. Perguntei-lhe se teria preferência por algum aroma especial e respondeu-me que queria dos mais fracos, mas se eu não achasse, poderia ser outro, pois ela aproveitaria para espantar Aedes egipsi.
Comprando as lembrancinhas no shopping próximo ao hotel, procurei o tal incenso sem achá-lo. No dia seguinte, antes da viagem de volta, enfrentei um trânsito confuso, sem sinaleiras, de motos carregando famílias inteiras, lentos tuc-tucs lotados, caminhões abertos com carga e estudantes uniformizados indo para a escola, todos desviando das vacas sagradas placidamente sentadas no meião da rua... E dirigi-me ao mercado onde encontrei incenso de todo tipo. Na pressa peguei uma caixinha de quatro dúzias, cada qual com uma essência melhor que a outra, e sai feliz. Afinal era o presente da minha sogra!
Na passagem da minha mala pelo raio X do aeroporto o alarme soou. Era o incenso que foi detectado como explosivo e tive de largá-lo lá.
Chegando ao aeroporto brasileiro tratei de comprar incensos indianos no Free Shopping e mandar embalar para presente. A vendedora fez um bonito embrulho, que entreguei à minha sogra logo que a vi. Ela adorou, disse que era aquilo mesmo que queria e não cansava de agradecer-me.
Não falei que ela é uma gracinha?
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Elisabeth Carvalho Santos desde alfabetizada lê tudo que aparece à sua volta. Depois de aposentada professora (não de Português) resolveu escrever. Colabora com o jornalzinho da família, participa de concurso cultural e coleciona seus textos para publicar oportunamente. Os assuntos brotam de suas observações, das conversas com amigos e são temperados com pitadas de imaginação e bom humor. Costuma afirmar que "escrever é um trabalho prazeroso e/ou um lazer trabalhoso que todo alfabetizado deveria experimentar algum dia".
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