agosto 07, 2015

Visita ao sítio


Nunca vi verduras tão desenvolvidas naturalmente, como aquelas que estavam ali diante dos meus olhos!

Nada de adubos químicos, nada de agrotóxicos! Difícil de acreditar...

E as galinhas caipiras naquele espação protegido por alvenaria e telhas, felizes a botar ovos nos balaios de taquaras.

A cadela mansa demais para vigiar um sítio, vai providenciar filhotes meio a meio com um namorado bem bravo, que lhe arrumaram para o cio atual. A torcida dos proprietários do sítio é que o cruzamento tenha êxito. Estão precisando urgentemente de um espantador de predadores.

-Da última passagem do gato, sumiram os alcapones, periquitos raros que também estavam sendo criados para reprodução.

-Da penúltima visita predadora, sumiram os oito periquitos australianos. A dona deles ficou a procurar os rastros. Encontrou-os mortinhos, empilhados dentro do ninho no oco da cabaça. Imaginando o medo que as avezinhas deviam ter sentido na perseguição, seus olhos encheram de lágrimas.

Continuou a busca, e nenhuma outra pista surgiu...

Chamou a vizinha para ajudar na caçada ao criminoso, e esta, depois de muita investigação, descobriu um par de olhos de ratazana a piscar para ela, na cumeeira do viveiro.


A partir daí Dona Suélen retirou a trepadeira florida de vermelho e branco, a encobrir parte da tela dupla achando então, a passagem utilizada pela ratazana! Ato seguinte providenciou a armadilha, que pegou a danada!

E eu, querendo saber de onde vieram tantas e tão lindas flores ao redor da casa, fui informada que a proprietária da floricultura presenteava minha comadre sitiante, com as raízes daquelas plantas:

As flores iam para os arranjos, buquês e coroas. As raízes, ainda nos vasos, eram doadas. E, que beleza! Assim tão bem cuidadas reflorindo, e dando boas-vindas aos amigos!

Também... os cabritos do sô Antônio ainda não haviam descoberto o jardim colorido da Dona Vizinha. O que vinham fazer ali não era uma simples visita. Ultrapassando a cerca de arame farpado, que separava os dois sítios, os sete pintavam o sete. Mesmo que não fossem pegos em flagrante era possível ver os gravetos que deixavam, sobras da comilança em terreiro alheio. O que mais indignava a Comadre Suélem era a bagunça bem debaixo da placa “Benvindos ao meu ranchinho”. Gostava da entrada sempre limpa. Considerava perfeita a placa entalhada a canivete pelas mãos de um artista popular, como cartão de apresentação de sua humilde, mas acolhedora residência. Porém, quando o rebanho caprino passava dos limites, ela ficava chateada com razão. Quem iria querer chegar num lugar sem capricho na limpeza?

Dando a hora do café, convite feito pela prendada dona de casa, dirigimo-nos ao espaço gourmet. Lá bebemos café, comemos biscoito de farinha com a manteiga, de leite in natura, batido e lavado na batedeira elétrica!

Conversamos sobre vários assuntos, trocamos receitas tradicionais mil vezes experimentadas, e também sobre as novas tecnologias a facilitar o preparo dos pratos, sem perda de nutrientes e sabor da roça.

De quebra, levei para minha casa folhas gigantes de couve verde escura, originária da África dos velhos tempos.


Para quem inventou que sítio proporciona duas alegrias: quando se compra, e quando se vende, acrescento mais uma alegria: quando se visita amigos que vivem por lá!



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Elisabeth Carvalho Santos desde alfabetizada lê tudo que aparece à sua volta. Depois de aposentada professora (não de Português) resolveu escrever. Colabora com o jornalzinho da família, participa de concurso cultural e coleciona seus textos para publicar oportunamente. Os assuntos brotam de suas observações, das conversas com amigos e são temperados com pitadas de imaginação e bom humor. Costuma afirmar que "escrever é um trabalho prazeroso e/ou um lazer trabalhoso que todo alfabetizado deveria experimentar algum dia".

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