O termo design era para significar o desenho industrial, em série. Hoje se usa para vários tipos de desenho criativo.
Sensible é traduzido como sensato.
Design ou desenho específico; sensato e/ou sensível como sugere a grafia comum às duas línguas, trazem peculiaridades interessantes de se comentar com o usuário leigo no assunto design. Desde que este use o produto industrializado ou manufaturado saberá dizer acertadamente o que idealiza, necessita, espera do desempenho daquele objeto.
Começarei pela observação de uma casa e as seguintes questões: estará o morador bem servido com lindas portas e janelas que ao serem fechadas não vedam bem? Instalações sanitárias desconfortáveis? Quartos sem arejamento e luz natural? Salas de estar e de refeição que não comportem os móveis e os espaços para a movimentação dos usuários?
O que dizer então de móveis projetados apenas para embelezar? Ou de objetos difíceis de equilibrar, manusear, limpar, ligar, funcionar? Encontrar coisas assim no cotidiano dos afazeres domésticos é bem mais comum do que se pensa.
Já gastei preciosos dez minutos antes de uma festa procurando o fecho de um colar no meio de tantas pérolas; outros tantos minutos para enganchar o lado macho com o lado fêmea do fecho da pulseira; abri um frasco de creme para cabelo sem conseguir fechá-lo ao término do uso; vesti uma blusa e tive de tirá-la para eliminar a etiqueta bordada com fio metálico que gerou uma coceira incrível no meu pescoço.
Por essas e outras acho que redesenhar um produto tirando sua funcionalidade serve bem ao consumismo esquecendo, muitas vezes, o consumidor.
É bem um “cobertor peleja” que agasalha os pés e deixa as orelhas de fora ou vice versa. Nessa peleja de ora estica a coberta, ora encolhe o corpo, passa-se a noite torcendo para que amanheça logo.
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Elisabeth Carvalho Santos desde alfabetizada lê tudo que aparece à sua volta. Depois de aposentada professora (não de Português) resolveu escrever. Colabora com o jornalzinho da família, participa de concurso cultural e coleciona seus textos para publicar oportunamente. Os assuntos brotam de suas observações, das conversas com amigos e são temperados com pitadas de imaginação e bom humor. Costuma afirmar que "escrever é um trabalho prazeroso e/ou um lazer trabalhoso que todo alfabetizado deveria experimentar algum dia".