junho 20, 2014

Estranhamentos


Conversando sobre gatos, gatas e gatinhas minha amiga narrou o seguinte fato:

_Uma gata sem dono, pelo de cores mescladas, ganhou seis filhotinhos coloridos. O que era da cor preta a mãe desnaturada alem de não lhe dar de mamar, com a boca no couro do lombo dele, firmou-o bem e levou-o para longe da ninhada. Este longe era próximo do meu tanque de lavar roupa, escutei os miadinhos mais parecendo choro e cuidei dele com mamadeira e carinho. O quintal era suficientemente espaçoso para mais um animal doméstico. Ali conviveriam na paz por muitos anos.

_Pois comigo aconteceu um caso curioso envolvendo gata sem dona - começou a narrar meu amigo Dedé – foi no tempo que eu morava num quarto alugado e este tinha um balcão semelhante ao de romeu e julieta. Eu saia de manhãzinha para a fábrica e deixava a janela/porta aberta, pois mesmo que chovesse... Água não entraria ali. De volta ao lar, à noitinha, tomava banho e dormia pesado até o sol raiar.certa vez acordando de madrugada, por suspeitar de um barulho dentro do quarto, apurei meu ouvido. – rec...rec...rec.. _ Cobri a cabeça com o lençol, pois o ruído vinha de baixo da minha cama. Ainda ouvi outras vezes o rec... rec... rec... Antes de pegar novamente no sono. Ao acordar com a luz clareando todo o cômodo, sem por os pés no chão, estiquei o pescoço para ver o que havia sob meu leito. Silêncio completo. Dois brilhantes pareciam fitar-me. Era uma gata.

Aqui uma pausa para um amigo engraçadinho comentar:

_Pensei que poderia ser bem melhor: uma “gata” sobre a cama...

E a outra amiga:

_E como você soube que não era gato e sim do sexo feminino?

_Por causa dos filhotinhos uai! Eu guardava meu tatame ali. Um local tranquilo e macio era tudo que a bichana precisava naquele momento. Por isso mesmo, enquanto eu fazia a barba, pelo espelho eu a vi levando uma a uma das suas crias, pela boca, para cima do grosso galho do flamboyant que quase relava no balcão do meu quarto.

_ Peraí moço. Uma perguntinha ainda _Há quanto tempo você não usava o tatame e varria embaixo da cama?

_Isso fui saber pela faxineira que limpou e arrumou a “maternidade” afirmando categoricamente não ter percebido nada na semana anterior. O tatame... Ah o tatame... ‘tava ali desde o ano passado.

_E se a mãezoca e seus cinco filhos resolvesse não sair?

_Só de pensar... Me arrepio todo. Sou alérgico a pelos!


Quem quiser que acredite! Meus amigos adoram contar “causos” para eu escrever.


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Elisabeth Carvalho Santos desde alfabetizada lê tudo que aparece à sua volta. Depois de aposentada professora (não de Português) resolveu escrever. Colabora com o jornalzinho da família, participa de concurso cultural e coleciona seus textos para publicar oportunamente. Os assuntos brotam de suas observações, das conversas com amigos e são temperados com pitadas de imaginação e bom humor. Costuma afirmar que "escrever é um trabalho prazeroso e/ou um lazer trabalhoso que todo alfabetizado deveria experimentar algum dia".

Um comentário:

  1. O dia em que escrevi ESTRANHAMENTOS havia perdido meus óculos e hoje estou observando as falhas pelas quais peço desculpas. Sobre os gatos que nos fazem de sapatos, gosto de observá-los pois estão sempre a surpreender-me. fazem serenata p/ a lua ... do meu telhado sim! Beth

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