Por Elisabeth Santos
No mês de outubro a Igreja Católica comemora Nossa Senhora do Rosário.
Missionários Dominicanos levaram à África pré-colonial a devoção da Santa. A tradição católica africana afirma ter aparecido no mar uma imagem de Nossa Senhora do Rosário convidando pescadores a segui-la, rezando o rosário pela paz mundial.
Os negros tornados escravos no Brasil trouxeram a tradição das Congadas, que são danças e batuques dos devotos. Eles vêm em grupo, uniformizados, cantando, seguindo rei e rainha do Congo, aceitando a busca da paz.
A tradição é preservada de norte a sul do nosso país, e tem muitas variações. Devido ao grande número de pessoas que atrai, nasceu o comércio de alimentos e bebidas em torno da comemoração. Não demorou a aparecerem roupas e calçados vendidos em barraquinhas, na praça da igreja do Rosário, e por fim, grande variedade de produtos e entretenimentos para todos os gostos, bolsos e idades.
Festa do Rosário hoje é sinônimo de aglomeração festiva do povo! Tem apresentação dos chamados Ternos de Congado, não raro com premiação aos julgados melhores pela organização do encontro. Esta geralmente ocorre após a missa; e o bingo, após o batuque, pois precisa do silêncio dos autofalantes. A movimentação de pessoas nos: parque de diversões, praça de alimentação, barraquinhas, estacionamento e vias públicas próximas... vira a noite!
Se você der umas voltas por ali, e perguntar se estão gostando ouvirá respostas diferentes, e até contraditórias:
Há quem goste do som ligado alto.
Há quem reclame.
O comerciante vindo de outra cidade poderá responder que a chuvarada da primavera atrapalhou bem.
Outro dono de barraca atribuirá à crise financeira o mau resultado das vendas.
O missionário afirmará que dentro da igreja mesmo havia bem poucos fiéis.
O chefe de alguma Congada reclamará que foi prejudicado na contagem dos pontos ao apresentar-se aos jurados.
E o povo dirá que a Festa do Rosário foi linda, e não tinha nenhum defeito!
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Elisabeth Carvalho Santos desde alfabetizada lê tudo que aparece à sua volta. Depois de aposentada professora (não de Português) resolveu escrever. Colabora com o jornalzinho da família, participa de concurso cultural e coleciona seus textos para publicar oportunamente. Os assuntos brotam de suas observações, das conversas com amigos e são temperados com pitadas de imaginação e bom humor. Costuma afirmar que "escrever é um trabalho prazeroso e/ou um lazer trabalhoso que todo alfabetizado deveria experimentar algum dia".