maio 13, 2016

A importância da Amizade

Por Elisabeth Santos


Não foi a primeira vez que tentei entabular conversa com uma pessoa próxima, porém de uma nacionalidade e idioma completamente diferentes do meu.

Certa vez, pegando a mesma condução até o aeroporto arrisquei um curto diálogo com a companhia que era uma coreana, colega de serviço de minha amiga.

Coincidentemente, da última vez também foi num aeroporto (Paris), a condução que foi buscar-me tinha a incumbência de também transportar um moço japonês. E ele já aguardava há algumas horas. Assim conheci um de meus colegas do curso de Francês para estrangeiros, a iniciar-se no dia seguinte.

A motorista e eu, brasileiras, conversávamos em Português. Voltando-me para o japonês, falei e gesticulei que estava chegando do Brasil, país amigo do Japão. Como era de se esperar, ele se lembrou de futebol, do Pelé e do Neimar. Rimos quando meu futuro colega, perguntou de Christiano Ronaldo, confundindo com um dos Ronaldos brasileiros.

Correy desceu primeiro em seu novo endereço residencial, não antes de surpreender-me com um presente, lembrança de seu país: Um leque! Quis recusar por achar que ele poderia estar confundindo-me com sua anfitriã. Ele insistiu.

Parecia dizer que trouxe outros souvenires. Agradeci dizendo obrigada, e arigatô.

Na segunda feira cheguei bem cedo à escola, e tomei meu lugar na sala de aula. Em pouco mais de meia hora, sala cheia, entrou Correy, meu amigo japonês. O lugar que sobrava era ao meu lado, e nos reconhecendo... trocamos um sorriso.

A turma surpreendeu-se, e expliquei com o pouco que sabia de Francês:

“_ Laeropórte, laeropórte!”

E parece que todos entenderam.

Dois desconhecidos, que se encontraram na chegada, agora reunidos com outros desconhecidos, com o mesmo objetivo: estudar Francês!

Este único motivo bastou para olharmo-nos com empatia, sentirmo-nos confiantes, num ambiente acolhedor.

Começando a aula éramos nove ilustres desconhecidos de seis países diferentes fazendo suas apresentações em Francês.

Todos ouvindo atentamente, com muita vontade de entender! Para os de idiomas originados do latim, como o Francês, foi mais fácil do que para chinês, japoneses, e a polonesa. Assim mesmo, a professora falando somente francês, direcionando as perguntas sobre naturalidade, trabalho, e motivo que trouxe cada qual àquela escola, conseguiu bons resultados. A maioria ali estava por necessidade profissional, alguns para viajarem pelo mundo, e outros porque mudaram com suas famílias. As idades variavam de vinte e dois a sessenta e seis anos. Só o nível de conhecimento da nova língua é que fazia a homogeneidade: todos iniciantes, que dali saíram um degrau acima. Débutantes, ou seja, de pé!

Admirável a habilidade da equipe de professores, a explicar com gestos, mímica, onomatopeia e desenhos, o significado do que eles próprios falavam; do que era ouvido de cada aluno; do que se pretendia demonstrar; do sentido da palavra escrita.

A parte teórica era nos apresentada, principalmente, através de exercícios escritos a serem concluídos em casa. Enquanto, a conversação, era estimulada através de perguntas sobre: filmes, músicas internacionais, jogos e brincadeiras populares, tudo respondido de uns para outros, promovendo a socialização.

A simulação de uma família conversando com agentes de turismo, na montagem de um roteiro a ser percorrido na França foi muito interessante. Uns turistas querendo viagem focada na gastronomia; outros com interesse em paleontologia; e ainda os que preferiam passeios convencionais; ou no campo, e até em montanhas.

Ainda bem que era fictício!

Não fosse o clima amistoso existente naquela sala de aula, verdadeira Torre de Babel, haveria de sair briga ou confusão. O pessoal estava levando com excessiva seriedade a atividade proposta pelo professor.



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Elisabeth Carvalho Santos desde alfabetizada lê tudo que aparece à sua volta. Depois de aposentada professora (não de Português) resolveu escrever. Colabora com o jornalzinho da família, participa de concurso cultural e coleciona seus textos para publicar oportunamente. Os assuntos brotam de suas observações, das conversas com amigos e são temperados com pitadas de imaginação e bom humor. Costuma afirmar que "escrever é um trabalho prazeroso e/ou um lazer trabalhoso que todo alfabetizado deveria experimentar algum dia".

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