Por Elisabeth Santos
Geladeira é artigo muito útil em casa. Precisando substituir a sua, Dona Raimunda telefonou para o “Use Usado” mais próximo e chamou Seu Cândido para negociar.
Ele veio, e logo de cara com a geladeira branca, trezentos e sessenta litros, uma porta só, já foi dizendo:
_ Não vai dar negócio! Esta geladeira tá muito velha.
_ Velha? Como assim? Não tem dez anos de uso e o senhor pode olhar como está novinha. Não tem um arranhão!
E Seu Cândido abrindo a porta do eletrodoméstico... viu uma garrafa de cachaça, e foi logo perguntando:
_ E esta pinga aqui vem junto? Parece das boas.
_ A garrafa pode ir junto. Foi um presente do meu cunhado lá de Salinas.
E seu Cândido pegou o copinho que já lhe estava sendo oferecido e provou. Estalou a língua. E completando o copinho disse pra Dona Raimunda: _ Realmente a geladeira está bem conservada. Nem a lâmpada interna queimou. É toda original!
_ É isso mesmo. – respondeu a proprietária – O regulador da temperatura, barulho do motor, tudo perfeito Seu Cândido. E olha que estou pedindo só quatrocentos!
E ele encheu o copinho de cachaça, virou goela abaixo, tirou um bolo de notas do bolso, contou, pagou e enfiando a garrafa debaixo do braço despediu-se assim:
_ Vou mandar meu chapa com a caminhonete buscar dentro de meia hora.
E lá se foi Seu Cândido trançando as pernas.
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Elisabeth Carvalho Santos desde alfabetizada lê tudo que aparece à sua volta. Depois de aposentada professora (não de Português) resolveu escrever. Colabora com o jornalzinho da família, participa de concurso cultural e coleciona seus textos para publicar oportunamente. Os assuntos brotam de suas observações, das conversas com amigos e são temperados com pitadas de imaginação e bom humor. Costuma afirmar que "escrever é um trabalho prazeroso e/ou um lazer trabalhoso que todo alfabetizado deveria experimentar algum dia".
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