setembro 25, 2015

O chapéu

CESTINHA ARTESANAL CONFECCIONADA EM TAQUARAS DE BAMBU EM CAMPANHA.
NOS MESES SEM A LETRA "ERRE" SÃO CORTADOS OS BAMBUS GARANTINDO QUE AS CESTAS; AS ESTEIRAS PARA O FORRO ENTRE TELHADO E PAREDE DAS CASAS; E TAMBÉM OS BALAIOS VÃO DURAR BASTANTE TEMPO.

Sô Sizinho cavalgava por suas terras, quando ouviu um zuuuuuuuuuuuuuuum. Até que era suave, como que longínquo, mas interminável de dar medo. Desceu do cavalo num salto, e pôs-se a correr no meio das pedras que rodeavam o morro. 

Tropeçava, se arranhava, sem parar de correr. Lá envinha seguindo a trilha um enxame enooormeeee!

O cavalo Pampa passou à frente de Sô Sizinho numa galopada só. Pressentiu o perigo! Marimbondos parecem se sentir ameaçados pelos quadrúpedes ferrados, e atacam pra valer. E o zumbido daqueles incomoda os ouvidos destes.

O cavaleiro escolheu fugir pelo morro da Pedreira por saber do açude ali bem perto. 

Seu cavalo Pampa, entretanto, chegou mais rápido ao estábulo da fazenda, a uma légua, de apavorado que ficou.

Quem não chegou nunca foi o chapéu do Sô Sizinho!

Certa tarde, batendo um papo na cozinha da fazenda do seu irmão, Sizinho vê chegar... nada menos, nada mais que o seu chapéu. Na cabeça de um desconhecido, claro!

Conversa vai, conversa vem, tendo absoluta certeza da origem daquele chapéu, Sizinho resolve revelar ser o verdadeiro dono.

O cara não quis devolver.

Tinha achado.

Achado não era roubado!

Sô Sizinho já estava ficando nervoso com aquela situação inesperada.

Só argumentando sobre a origem do chapéu. Fora do seu falecido pai, e junto à herança viera de lembrança. Era único portanto. Na etiqueta da loja onde havia sido comprado, resistiam bravamente, manuscritas, as iniciais F.M.

_ Este chapéu que o senhor diz ser seu, a mim pertence, e eu estimo ele.

O chapéu era de estimação! Foi este o argumento final, convincente e vencedor para voltar ao seu legítimo dono.

E o Sô Sizinho saiu satisfeito, sentindo ter ganho o dia. Afinal ele só não teria voltado à pedreira, e na trilha percorrida na fatídica ocasião em que perdera o chapéu por... 

por causa que não o vira cair da sua cabeça, ora!


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Elisabeth Carvalho Santos desde alfabetizada lê tudo que aparece à sua volta. Depois de aposentada professora (não de Português) resolveu escrever. Colabora com o jornalzinho da família, participa de concurso cultural e coleciona seus textos para publicar oportunamente. Os assuntos brotam de suas observações, das conversas com amigos e são temperados com pitadas de imaginação e bom humor. Costuma afirmar que "escrever é um trabalho prazeroso e/ou um lazer trabalhoso que todo alfabetizado deveria experimentar algum dia".

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