setembro 11, 2015

Cumprindo o dever

Obra de arte da Beth.

Uma certa professora graduada adentra a sala de aula onde alunos a esperam acomodados em carteiras e cadeiras dispostas em círculo.

Após os cumprimentos e uma oração espontânea ela dá início à atividade. Ao terminar a apresentação dos tópicos num aparelho data show, mostra uma folha de papel que tem às mãos e anuncia que lerá em voz alta aquele texto.

Alguém interrompe perguntando se não poderia xerocar e ler em casa e sair mais cedo. A professora responde que não, pois o assunto faz parte das novas normas e tem que ser debatido ali, naquele momento.

Protesto geral. Todos desejavam estudar em casa cada qual no seu computador.

A aula continua com a leitura planejada. Ao ver que alguns alunos não prestavam atenção, a regente anuncia que fará perguntas sobre o tema. Rebuliço geral: uns protestando, outros dizendo que aquela estratégia não era correta. Terminada a leitura, todos apreensivos com a arguição, voltavam a atenção à aula. A primeira pergunta ninguém soube responder. A segunda, idem. A partir da terceira é que a turma começou a acertar.

Encerrada esta etapa, uma aluna pergunta se já pode retirar-se. Um não decidido retumbou pela sala. A explicação veio em seguida: _ aqui existem normas a serem seguidas, e cada qual que trate de cumprir seu dever.

Após o estudo em grupo, ia ter início às apresentações, mas a maioria catou a bolsa, e pondo o relatório sobre a mesa da professora fez menção de sair do ambiente.

Não lhes foi permitida a saída. Com o dedo apontado para seu relógio de pulso, a chefe anunciou um sorteio de prendas para o final da aula. A turma voltou correndo, momentaneamente animada, na maior algazarra.

As apresentações foram bem feitas. O debate rendeu. Palmas foram ouvidas. E o sorteio começou.

Cada aluno pegava um papelzinho numerado e se dirigia ao centro para trocá-lo por algo embrulhado para presente. A instrução era para que abrissem todos ao mesmo tempo, sentadinhos em suas cadeiras, diante de suas mesas. Brilho nos olhos, sorriso estampado em cada rosto, e um falatório tal qual bando de maritacas em jabuticabeira carregada, era o que se via.

Comentários elogiosos, agradecimentos efusivos, abraços apertados, e até lágrimas! 

Terminou assim a última reunião do ano escolar dos professores com a coordenadora/professora daquela instituição de ensino. Qualquer semelhança com outras, pode não ser mera coincidência!

Professor é também aquele que aprende, repetimos. Alguns aprendem muitas lições... com seus alunos.




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Elisabeth Carvalho Santos desde alfabetizada lê tudo que aparece à sua volta. Depois de aposentada professora (não de Português) resolveu escrever. Colabora com o jornalzinho da família, participa de concurso cultural e coleciona seus textos para publicar oportunamente. Os assuntos brotam de suas observações, das conversas com amigos e são temperados com pitadas de imaginação e bom humor. Costuma afirmar que "escrever é um trabalho prazeroso e/ou um lazer trabalhoso que todo alfabetizado deveria experimentar algum dia".

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