setembro 04, 2015

Clélia

Mais um quadro da artista, lindíssimo!

O aniversário dela foi comemorado com as amigas na casa da Tininha, na base da colaboração. O local é só tradição e bom gosto.

Para combinar com boas amizades feitas na redondeza, depois que Clélia Cristina mudou-se para cá, nada mais adequado do que uma festa informal, nos moldes dos tempos escolares: cada qual prepara um número da programação, leva um quitute, faz-se uma vaquinha para as bebidas que, a essas alturas do campeonato, variam do chá ao suco de frutas natural, passando pela água mineral gaseificada e geladinha.

Tudo acertado, “o clube da Luluzinha” chegando empolgadíssimo! Eram as vizinhas, as conhecidas do grupo de oração, colegas e amigas de longa data, prestigiando o acontecimento...

Parecia um sarau à moda antiga, mas a descontração da turma, o alvoroço a cada conviva que adentrava a sala do piano, de lustres e bibelôs centenários, se assemelhava também a uma genuína Reunião de Família. Família formada sem laços sanguíneos, cheia de laços afetivos, de afinidades, momentos de encontros casuais quer no supermercado, feira livre, portão de escola, salas de espera e tantos outros do dia-a-dia.

Em retribuição aos números de apresentações poéticas, musicais e de oratória, minha amiga Clélia Cristina tomou coragem e foi lá na frente entabular conversa com sua distinta plateia. Começou perguntando se ali alguém conhecia ou já havia comido “mandioca de porco”. A turma riu, respondeu que não, demonstrando curiosidade em saber do que se tratava.

Não se fazendo de rogada, com seu modo peculiar e bem humorado de descrever coisas e fatos, Clélia começou a contar de seus batalhadores pais, originários do norte de Minas que se mudaram para a capital do estado, criando os cinco filhos, e ainda hospedando parentes que vinham em busca de estudo, trabalho, ou tratamento de saúde.

Próxima à residência da família acontecia semanalmente uma feira livre muito boa. 

Lá iam as crianças buscar, com samburá e balde, a mandioca de porco. Engordavam leitões num cercado do quintal, e ganhavam as pontas daquelas raízes para servir de alimento para porco.

Como frutas, doces e queijos a família tinha, com fartura, enviados ou trazidos pelos parentes do interior, um bocado da mandioca de porco haveria de cair bem num prato de feijão e carne seca.

Então, chegando em casa com boa quantidade de “mandioca de porco”, as próprias crianças separavam as aparas mais graúdas para consumirem fritas na próxima refeição.

Uma delícia!

Todas as colegas presentes ali bateram palmas para a Clélia. A história da “mandioca de porco” foi reconhecida por elas como suas avós contavam a respeito da abóbora, do chuchu, do inhame, dentre outros: “_ Comida de porco!”



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Elisabeth Carvalho Santos desde alfabetizada lê tudo que aparece à sua volta. Depois de aposentada professora (não de Português) resolveu escrever. Colabora com o jornalzinho da família, participa de concurso cultural e coleciona seus textos para publicar oportunamente. Os assuntos brotam de suas observações, das conversas com amigos e são temperados com pitadas de imaginação e bom humor. Costuma afirmar que "escrever é um trabalho prazeroso e/ou um lazer trabalhoso que todo alfabetizado deveria experimentar algum dia". 

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