Conheci rádio na infância quando papai ouvia HORA DO BRASIL e REPÓRTER ESSO e eu tinha de ficar caladinha num canto da sala. Fui crescendo... e o rádio diminuindo. O que era antes uma enorme caixa preta, enfeitada de botões, lotada de válvulas, e que recendia a plástico queimado quando ligado o dia inteiro, virou uma pecinha dentro do celular!
Antes dessa enorme transformação... vivi fases e mais fases com rádio ligado por perto. Algumas destas ficaram marcadas com programação adequada aos meus interesses.
Que tal começar pela lembrança de uma história do “Tio Janjão” seguida de determinado episódio de “Jerônimo, o herói do sertão” e sua música inesquecível? Tinha novela também. Era “O Direito de Nascer”, com todo mundo em volta do rádio se debulhando em lágrimas. Na adolescência era correr pra perto do rádio, ao tocar minha música preferida; levar o transistor importado, escondido na pasta escolar para ouvir na saída do Colégio sem perder uma música da seleção “as melhores da semana” até chegar em casa, e solicitar outras, pelo telefone, ao locutor...
Muitas EMOÇÕES!
Com a chegada da TV deixei um pouco de lado meu radinho. Fazia faculdade, trabalhava fora, e o tempo de descanso era reservado para as novelas, que as crianças permitiam-me seguir ...
Sem dúvida o rádio ainda tem seu espaço na vida das pessoas. Indo de carro para o serviço, é útil para desviar-se dos engarrafamentos, enchentes, blitz ou coisas semelhantes; as músicas ajudam o tempo a passar nos sinais fechados; o noticiário, propagandas, previsão do tempo, e os jogos de futebol nos mantem atualizados.
Muitas serventias!
Algum dia gostaria de poder idealizar um programa “mandando meus recados” através de canções.
Começaria cantando “eu cheguei em frente ao portão...” que tem a letra mais interessante para a fase que estou vivendo. Dando sequencia a essa programação exclusiva eu colocaria no ar:
Uma PROPOSTA de um PAPO FIRME cheio de DETALHES alertando meus ouvintes que sempre É TEMPO DE AMAR, aqui ou ALÉM DO HORIZONTE; de provar O GOSTO DE TUDO já que É PRECISO SABER VIVER .
MAIS UMA VEZ eu subiria A MONTANHA para ver cair as ÁGUAS DE MARÇO e diante da ÁGUIA DOURADA constataria que AMANHECEU na AMAZONIA; que das curvas da ESTRADA DE SANTOS, OLHANDO O MAR, inda posso ver as BALEIAS assim como AS FLORES DO JARDIM DA NOSSA CASA.
Só POR MOTIVO DE FORÇA MAIOR deixaria de fazer o DESABAFO, DO FUNDO DO MEU CORAÇÃO, FALANDO SÉRIO, que TUDO QUE SONHEI voou igual FOLHAS DE OUTONO... viraram RECORDAÇÕES, RECORDAÇÕES E MAIS NADA!
Ver a COISA BONITA , a PAZ NA TERRA, OUTRA VEZ, MAIS UMA VEZ, PRA SEMPRE é e será o SONHO LINDO, SORRINDO PARA MIM, ETERNANTE!
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Elisabeth Carvalho Santos desde alfabetizada lê tudo que aparece à sua volta. Depois de aposentada professora (não de Português) resolveu escrever. Colabora com o jornalzinho da família, participa de concurso cultural e coleciona seus textos para publicar oportunamente. Os assuntos brotam de suas observações, das conversas com amigos e são temperados com pitadas de imaginação e bom humor. Costuma afirmar que "escrever é um trabalho prazeroso e/ou um lazer trabalhoso que todo alfabetizado deveria experimentar algum dia".