Há locutores que apreciam contar anedota entre as músicas de seu programa. Um dia desses escutei essa sobre casamento:
“O nonagenário estava entregando sua alma ao Criador e despedia-se da esposa:
_Adeus querida não vamos nos ver mais...
E a velhinha, na mesma faixa de idade respondeu-lhe:
_ Até mais meu querido. Breve estaremos juntos novamente.
_ Nada disso! No dia do casamento juramos ficar juntos SÓ até que a morte nos separasse!”
Risos. Piada sempre vem seguida da risada encomendada ou não.
Mas o que se passou na cabeça daquele moribundo ninguém jamais haveria de saber ao certo.
Podia ser que o esposo levava muito a sério aquela coisa de juramento.
Ou quem sabe ele queria dizer que iria para um lugar e sua esposa/viúva certamente iria para outro.
Também podia estar querendo dizer que sua amada não haveria de morrer nunca. Ia ficar “para semente”.
A propósito de todas as hipóteses sobre o que o velhinho quis dizer... quem achou graça na anedota contada no rádio deve ter concluído que o agonizante estava de safadeza mesmo.
A lei do divórcio é de 1977 cá no Brasil. Antes disso, separação de corpos num casamento errado existia, mas um segundo casamento, dentro da lei, não. Se desquitada, a pessoa poderia casar-se outra vez, e só. Se perdesse essa segunda chance... azar dela! A constituição de 1988 trouxe a novidade do divórcio quantas vezes fosse da vontade dos cônjuges. E assim, desfazer um casamento (sem filhos) ficou tão simples que basta uma ida ao cartório de Paz. Há quem prefira o divórcio on line, mais rápido, e de custo mais baixo ainda.
Com todas estas dissoluções ninguém permanece casado sem querer.
Por isso existe inspiração para tanta música de amor que ouço no rádio. As pessoas têm muitas chances de se apaixonarem (e se amarrarem) mais uma vez.
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Elisabeth Carvalho Santos desde alfabetizada lê tudo que aparece à sua volta. Depois de aposentada professora (não de Português) resolveu escrever. Colabora com o jornalzinho da família, participa de concurso cultural e coleciona seus textos para publicar oportunamente. Os assuntos brotam de suas observações, das conversas com amigos e são temperados com pitadas de imaginação e bom humor. Costuma afirmar que "escrever é um trabalho prazeroso e/ou um lazer trabalhoso que todo alfabetizado deveria experimentar algum dia".
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