Produção de quebra-cabeças com as pinturas da Beth. |
“Ano Bom” era a designação, que meus pais, e os pais deles davam à passagem do ano, fosse
lá como tivesse sido o anterior ou o que a previsão sugeria sobre o posterior.
Entendíamos o termo “ANO BOM” como otimismo puro, e nessa onda embarcávamos: se 2014 não foi bom, o próximo será. Se 2014 esteve bom, 2015 será melhor!
A religião não deixava as pessoas da nossa família à vontade para festejar o ”Ano Bom” regado a bebidas alcoólicas ao som de músicas carnavalescas, então comemorávamos a passagem do ano numa ceia, com um brinde de Cidra Cereser, em casa mesmo. Se na casa do vovô, a reunião festiva era denominada “re- vô- ion”; dali, não raro, íamos para a praça principal, seguindo o som da fanfarra, na noite iluminada pela queima de fogos. Desejar aos próximos um Feliz Ano Bom acontecia à meia noite, numa cantoria animada: ”Adeus ano velho, feliz ano novo, que tudo se realize no ano que vai nascer. Muito dinheiro no bolso, saúde pra dar e vender”.
Jovens desfilavam trajes novíssimos ganhos no Natal de Jesus, viam as (os) namoradas (os), ou iniciavam uma paquera, ou flirt.
No primeiro dia do “Ano Bom”, quem festejou dormia até a hora do almoço. Por ser feriado,
íamos também à igreja agradecer o bom ano que tivemos e pedir o ano bom que aguardávamos esperançosos.
Sobre as boas intenções e propósitos:
Crianças: prometiam ser mais obedientes, estudiosas, ordeiras com seus brinquedos e demais objetos espalhados pela casa.
Jovens: propunham-se melhorar em tudo.
Adultos: planejavam mais uma vez retomar estudos, regimes, projetos de trabalho, amizades, ou o quer que fosse de melhor para si, família ou comunidade.
Idosos: pediam principalmente, que o Ano Bom fosse de boa saúde; de paz e fartura para a humanidade.
Aguardar o Ano Bom, com esse ritual tão simples, acessível, junto às pessoas queridas, sempre trouxe ânimo e alegria às famílias. Hoje são poucos que dizem do ano que vai chegar “Ano Bom”. Ouvimos mais as palavras reveillon e ano novo, mas sempre desejando ... Que entre o ANO BOM de nossas vidas!
_Feliz 2015 a todos!
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Elisabeth Carvalho Santos desde alfabetizada lê tudo que aparece à sua volta. Depois de aposentada professora (não de Português) resolveu escrever. Colabora com o jornalzinho da família, participa de concurso cultural e coleciona seus textos para publicar oportunamente. Os assuntos brotam de suas observações, das conversas com amigos e são temperados com pitadas de imaginação e bom humor. Costuma afirmar que "escrever é um trabalho prazeroso e/ou um lazer trabalhoso que todo alfabetizado deveria experimentar algum dia".
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