A prosa ao telefone rolou assim:
_ Alô Dona Téia estou ligando para lhe dizer,
_ E eu queria mesmo saber se posso diminuir aquele risco de bordado para caber no tecido que você trouxe para eu bordar.
_ Sei que estou precisando decidir sobre a toalha de mesa aí com você, mas chegou gente aqui de...
_ Já sei. Chegou visita cerimoniosa aí, e você teve de fazer as honras da casa sem poder resolver assuntos urgentes.
_ Nada disso. Chegaram nossos parentes de São Paulo, e
_ Vieram de avião?
_ Vieram como de costume, porque
_ Imaginei que com a falta d’água eles não iam conseguir ficar atoa lá.
_ Vieram trazer o
_ O filho deles para ver os bisavós já velhinhos e doentes.
_Não. Vieram trazer os dólares para você viajar no ano novo.
_ Nossa! Por que você não falou logo mulher!
_ Porque sua ansiedade não deixou que eu terminasse uma frase sequer.
_ Ansiosa é você querendo falar primeiro.
_ Eu que liguei amiga.
_ Pois estou calçando meu chinelinho para ir aí agora buscar meu presente!
E desligou sem ao menos despedir-se e agradecer.
A parenta ficou a ouvir o som do telefone desligado na sua orelha, quando a campainha da porta tocou assim: diiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiim doooooooooooooooooooooooom!
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Elisabeth Carvalho Santos desde alfabetizada lê tudo que aparece à sua volta. Depois de aposentada professora (não de Português) resolveu escrever. Colabora com o jornalzinho da família, participa de concurso cultural e coleciona seus textos para publicar oportunamente. Os assuntos brotam de suas observações, das conversas com amigos e são temperados com pitadas de imaginação e bom humor. Costuma afirmar que "escrever é um trabalho prazeroso e/ou um lazer trabalhoso que todo alfabetizado deveria experimentar algum dia".
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