setembro 16, 2016

Porta cartas

Por Elisabeth Santos


Quem conheceu um porta-cartas nem deve lembrar-se dele mais. Do objeto sim. Da importância dele, tenho cá minhas dúvidas...

O carteiro entregava correspondência à porta, e quem recebia ia entregar à dona da casa. Esta lia a quem era endereçada, quem era o remetente, e colocava os envelopes no porta-cartas fixado em lugar de fácil acesso aos membros da família. 

Todos passavam por ali, olhavam e retiravam o que lhes pertencia. Eram cartas manuscritas, sem código de endereçamento postal, perfumadas ou não; ou eram convites, cartões diversos, sendo alguns tarjados na cor preta, anunciando falecimento de alguém conhecido, amigo, ou parente.

Cartas eram escritas por motivos diversos, por pessoas alfabetizadas, por vários motivos inclusive do coração:

Saudades, simplesmente saudades... E se traziam fotografia do objeto de tal sentimento, faziam chorar.

Esperar o carteiro com ansiedade era comum. Afinal uma carta havia sido enviada repleta de perguntas, e o SIM estava sendo aguardado com muita esperança.

De uns tempos para cá as coisas estão mudando com tamanha velocidade, que o porta-cartas teve que achar outras funções. Nem porta-contas é mais, pois estas estão em débito automático.

Vi um objeto desses na varanda da minha vizinha. Virou ninho de pardal!



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Elisabeth Carvalho Santos desde alfabetizada lê tudo que aparece à sua volta. Depois de aposentada professora (não de Português) resolveu escrever. Colabora com o jornalzinho da família, participa de concurso cultural e coleciona seus textos para publicar oportunamente. Os assuntos brotam de suas observações, das conversas com amigos e são temperados com pitadas de imaginação e bom humor. Costuma afirmar que "escrever é um trabalho prazeroso e/ou um lazer trabalhoso que todo alfabetizado deveria experimentar algum dia".

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