Por Elisabeth Santos
Minha vizinha plantou uma macieira no seu jardim. Era um desejo seu ter uma macieira. Comprou-a no caminhão, respondia a quem perguntasse sobre aquela raridade num jardim tropical. Onde ela reside todos sabem que o caminhão de mudas pegas vem a cada quinzena. É só contar os dias que lá está ele na praça, devidamente licenciado.
Junto ao seu desejo Melissa recebeu de graça uma porção de amigos: crianças, passarinhos e abelhas, para citar os melhorzinhos. Omitiu as formigas marchando em fila carregando seus fardos, as moscas das frutas, e outros esquisitos de seis perninhas.
A macieira floriu, frutificou e ficou muito bonita. Também Melissa usou a técnica de amarrar uma pedra em cada galho para incliná-los para baixo, deixando os frutos amadurecerem bem fáceis de serem colhidos.
As maçãs não cresciam muito. Isto não fazia diferença. Também caiam do pé sem estarem maduras, mas Melissa pouco se importava. E por fim, num ano de inverno tropical rigoroso (!), verão de muita chuva, a macieira carregou!
Ficou uma beleza!
A dona quis fotografar para as redes sociais o resultado da sua boa colheita.
E aí estão as fotos das maçãs mostrando um lado.
Fotografou-também mostrando o outro lado todo bicado.
Quis perguntar aos passarinhos por que razão não escolhiam uma fruta só e a comiam inteira. Não ia adiantar de nada a indagação.
Ficou desconfiada que maçã bicada de todos os lados caísse no chão sem proveito algum.
Melissa criava um gato que não comia as maçãs caídas.
O gato haveria de caçar os passarinhos que viessem atrás das frutas.
A história da maçã termina com dois lados: o lado claro e o lado escuro agora revelado.
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Elisabeth Carvalho Santos desde alfabetizada lê tudo que aparece à sua volta. Depois de aposentada professora (não de Português) resolveu escrever. Colabora com o jornalzinho da família, participa de concurso cultural e coleciona seus textos para publicar oportunamente. Os assuntos brotam de suas observações, das conversas com amigos e são temperados com pitadas de imaginação e bom humor. Costuma afirmar que "escrever é um trabalho prazeroso e/ou um lazer trabalhoso que todo alfabetizado deveria experimentar algum dia".
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