novembro 08, 2019

O país das maravilhas

Por Elisabeth Santos


No dia que Alice, perseguindo um coelho, se achou no País das Maravilhas seu sossego acabou. Todo mundo ali, fora da casinha, deixou- atordoada. Alice já não sabia se estava dentro, ou estava fora, e trocando os pés pelas mãos, na fuga do pesadelo, teve de engatinhar.

Fugiu perseguida por um pelotão de guardas de uma rainha tão má quanto dizem ter sido a madrasta da Branca de Neve.

Assim a menina do vestido azul, de fita da mesma cor no cabelo, voltou às origens; Conheceu o autor da sua história e devolveu-lhe as perguntas que lhe fazia na infância.

Ato sequente, a inconsequente Alice foi parar no consultório de Gepeto, que nas horas de folga entalhava madeiras. Tudo que saía da oficina dele tinha cara de Pinóquio mentiroso, e ele tentava acrescentar-lhes consciência. Consciência, para os que ignoram o que seja, é aquilo que seres humanos adquirem no berço. Como os bonecos caras de pau não tiveram berço, Mestre Gepeto, homem de caráter, emprestava-lhes um inseto denominado cientificamente Grillus Assimilis que era, nada mais, nada menos, que o popular Grilo. O falante tinha a incumbência de estrilar no ouvido dos Pinóquios a cada vez que agiam errado, e depois mentiam para ludibriar gente de bem.

Alice não queria mais daqueles bichinhos já existentes em sua cabeça. Agradeceu e se foi.

Andando a esmo, posto que não reconhecesse aquele novo caminho, como o de volta ao lar viu uma caverna fechada com porta petrificada. Ao ouvir som de muitos passos, foi sondar detrás de um arvoredo. Contou quarenta figuras muito feias! Dizendo as palavras: _Abra-te Sésamo, a turma conseguiu abrir aquela porta, e entrar.

Alice foi atrás disfarçada por galhos arrancados da vegetação local. Nenhum dos quarenta desconfiou. Afinal tinham os olhares interessados no tesouro daquela caverna.

Até hoje ninguém soube com certeza que tesouro era aquele.

Em nosso desencantado mundo das maravilhas... Ouro, e outras preciosidades terrenas podem ser muito bem representados por: NATUREZA preservada; PAZ entre as culturas; IGUALDADE de oportunidades para diferentes povos; um MUNDO de amor fraterno... Tanta coisa que havia entre o céu e a Terra, impossível mensurar em nossa vã filosofia!







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Elisabeth Carvalho Santos desde alfabetizada lê tudo que aparece à sua volta. Depois de aposentada professora (não de Português) resolveu escrever. Colabora com o jornalzinho da família, participa de concurso cultural e coleciona seus textos para publicar oportunamente. Os assuntos brotam de suas observações, das conversas com amigos e são temperados com pitadas de imaginação e bom humor. Costuma afirmar que "escrever é um trabalho prazeroso e/ou um lazer trabalhoso que todo alfabetizado deveria experimentar algum dia".

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