fevereiro 05, 2019

Ave ave avestruz

Por Elisabeth Santos
Free photo 2640439 © Mikhail Blajenov - Dreamstime.com

Por que será que o avestruz enterra a cabeça na areia e deixa o bumbum de fora?

Para refrescar a cuca, responderiam alguns...

Para esconder-se da verdade que omitiu...

Porque se envergonha de algo por ele visto...

Opções:

A) Todas certas.


B) Todas erradas.


C) O avestruz não revelará jamais.


É muito que se ouve por aí... E o mais provável é que o avestruz não queira ver seu triste fim, se estiver correndo de algum predador. E olha que ele corre muito, sabia?

No mundo animal existe cada coisa... Dificílima de acreditar! Mais difícil de crer porem, é o ser humano (também pertencente ao reino animal) ter como verdadeira a seguinte premissa: _ Se escondo meu olhar ninguém me verá!

Ao perspicaz, interessado em desvendar mistérios, acontece o contrário:


Pessoas que não erguem o olhar à altura do interlocutor, estão admitindo um medo, uma dor, lembrança ruim ou outro sentimento indefinível. 


Quando alguém responde por enigmas, algo há de estar a ocultar. Aquele que se nega a responder qualquer pergunta, teme se trair, cair em contradição, e com este estratagema... Revelar-se por inteiro. A verdade lhe dói: _É imperfeito!

Pense numa pessoa que se achando perfeita, falha! Mal sabe que a perfeição não é característica de nenhum animal, racional ou não. Vive corrigindo erros alheios sem admitir os seus próprios. O primeiro erro desta pessoa é pautar-se por si própria, olhando para o próprio umbigo. Se conseguir perceber a possibilidade da existência do diferente, aceitará a verdade de cada um. Respeitando a universalidade cultural, aproximar-se-á da perfeição almejada.

Enquanto isto não ocorre... Vigia sem orar! Incomoda quando não humilha; se faz de vencedor (sem derrotar).

Observa atos do seu semelhante, sendo ou não seu subalterno, aluno, ou dependente. Indica as falhas dos outros; corrige em público; castiga com um simples olhar, ou silêncio acusador.
Já disseram que o opressor não existirá sem o sentimento de oprimido do outro.


Disseram que o opressor algum dia vivenciou a opressão?


O que fazer se quem sente opressão está sempre a perder a jogada? Ele mudará mesmo sem necessidade premente: de lugar; cargo; amizades; companhias, etc.


Poderá esconder a cabeça, mas sendo racional não estará tão vulnerável quanto um avestruz.
_“Ave, ave, avestruz!”

 

Elisabeth Carvalho Santos desde alfabetizada lê tudo que aparece à sua volta. Depois de aposentada professora (não de Português) resolveu escrever. Colabora com o jornalzinho da família, participa de concurso cultural e coleciona seus textos para publicar oportunamente. Os assuntos brotam de suas observações, das conversas com amigos e são temperados com pitadas de imaginação e bom humor. Costuma afirmar que "escrever é um trabalho prazeroso e/ou um lazer trabalhoso que todo alfabetizado deveria experimentar algum dia". 

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