fevereiro 26, 2017

Carnaval 1930

Por Elisabeth Santos

Para ver outras fotos vá no site Isto é Campanha, aqui nasceu o sul de Minas. 

Moças da sociedade participavam dos corsos na maior empolgação. Copiavam a fantasia da revista “Fon Fon”, formavam um bloco carnavalesco e iam de automóvel pelas ruas da cidade cantando.

O motorista descia a capota do veículo, para o desfile em volta da praça principal. As moças lançavam serpentinas de papel, que acabavam por emendar um veículo em outro e mais outro e no próximo, parecendo mesmo um trenzinho.

Chovia confete colorido nas pessoas que assistiam ao animado cortejo.

As marchinhas carnavalescas falavam de amores impossíveis e de saudade;  reclamavam dos governos e faziam solicitações às autoridades; criticavam alguns, elogiavam outros; nada nem ninguém escapava. As brincadeiras eram bem humoradas e houve marchinha que deixava bem claro o tanto que os foliões estariam preocupados com os comentários maldosos:

_ “A água lava, lava, lava tudo. A água só não lava a língua dessa gente”.

E os menos favorecidos também tinham vez nesse festejo. Saiam atrás do desfile principal, em suas caminhonetes e até caminhões. Fantasiados ou mascarados de improviso não ficavam devendo nada nos quesitos graça, e animação.

Certa vez um caminhãozinho quebrou, e ficou parado atrapalhando a festa. A notícia correu e chegou ao ouvido do seu proprietário. Achou que seu veículo estava transportando produtos da lavoura, mas o motorista tinha dado uma pausa para oferecer carona a um bloco carnavalesco. Com isto, o empregado foi mandado embora do serviço. Os últimos tostões que tinha no bolso apostou no jogo do bicho e acertando recebeu uma boa quantia. Montou negócio próprio, teve êxito, casou e formou numerosa família.

Carnaval tem disso: poderá mudar até o destino das pessoas!



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Elisabeth Carvalho Santos desde alfabetizada lê tudo que aparece à sua volta. Depois de aposentada professora (não de Português) resolveu escrever. Colabora com o jornalzinho da família, participa de concurso cultural e coleciona seus textos para publicar oportunamente. Os assuntos brotam de suas observações, das conversas com amigos e são temperados com pitadas de imaginação e bom humor. Costuma afirmar que "escrever é um trabalho prazeroso e/ou um lazer trabalhoso que todo alfabetizado deveria experimentar algum dia".

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