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Moças da sociedade participavam dos corsos na maior empolgação. Copiavam a fantasia da revista “Fon Fon”, formavam um bloco carnavalesco e iam de automóvel pelas ruas da cidade cantando.
O motorista descia a capota do veículo, para o desfile
em volta da praça principal. As moças lançavam serpentinas de papel, que
acabavam por emendar um veículo em outro e mais outro e no próximo, parecendo
mesmo um trenzinho.
Chovia confete colorido nas pessoas que assistiam ao
animado cortejo.
As marchinhas carnavalescas falavam de amores impossíveis e de saudade; reclamavam dos governos e
faziam solicitações às autoridades; criticavam alguns, elogiavam outros; nada
nem ninguém escapava. As brincadeiras eram bem humoradas e houve marchinha que
deixava bem claro o tanto que os foliões estariam preocupados com os
comentários maldosos:
_ “A água lava, lava, lava tudo. A água só não lava a
língua dessa gente”.
E os menos favorecidos também tinham vez nesse
festejo. Saiam atrás do desfile principal, em suas caminhonetes e até
caminhões. Fantasiados ou mascarados de improviso não ficavam devendo nada nos
quesitos graça, e animação.
Certa vez um caminhãozinho quebrou, e ficou parado
atrapalhando a festa. A notícia correu e chegou ao ouvido do seu proprietário.
Achou que seu veículo estava transportando produtos da lavoura, mas o motorista
tinha dado uma pausa para oferecer carona a um bloco carnavalesco. Com isto, o
empregado foi mandado embora do serviço. Os últimos tostões que tinha no bolso
apostou no jogo do bicho e acertando recebeu uma boa quantia. Montou negócio
próprio, teve êxito, casou e formou numerosa família.
Carnaval tem disso: poderá mudar até o destino das pessoas!
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Elisabeth Carvalho Santos desde alfabetizada lê tudo que aparece à sua volta. Depois de aposentada professora (não de Português) resolveu escrever. Colabora com o jornalzinho da família, participa de concurso cultural e coleciona seus textos para publicar oportunamente. Os assuntos brotam de suas observações, das conversas com amigos e são temperados com pitadas de imaginação e bom humor. Costuma afirmar que "escrever é um trabalho prazeroso e/ou um lazer trabalhoso que todo alfabetizado deveria experimentar algum dia".
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