A artista plástica enxergou uma árvore na pracinha do condomínio onde morava. A árvore não estava no esplendor da juventude, e sim num tamanho que sugeria entre infância e adolescência. A artista resolveu sair de seu posto de observação, descer as escadas que levavam ao térreo, e conferir detalhes daquela vegetação que lhe estava sendo apresentada naquele exato momento.
Chegando lá viu que eram da mesma altura. Achou a folhagem miúda, beliscou e levou o fragmento perto do nariz para tentar uma identificação. Achou que seria frutífera, mas não soube pensar acertadamente a qual espécie pertencia aquela árvore. Olhou em volta e só viu pés de flores: rasteiras, de vasos, em arbustos... nenhuma semelhante à sua descoberta recente.
Voltando ao seu apartamento Maria da Glória pôs-se a recortar, colar, pintar e com a mão cheia de minis prendedores desceu ao jardim para pendurar lagartas, borboletas e joaninhas na galhada da árvore nascida ali por acaso.
Numa outra ocasião, a artista mudou os adornos. A árvore já estava maiorzinha. Moradores vizinhos ao jardim paravam a observar, interessados. O que começou como curiosa brincadeira virou compromisso de conscientização ambiental. Alguns fotografando, outros deixando mensagens, a maioria dispensando cuidados à plantinha que começava a florir. Era uma pitangueira!
No mês de dezembro, pessoas da comunidade reuniram-se para a decoração de Natal. Foi algo muito lindo mesmo!
A partir disso, enxergaram a praça toda e a “adotaram”.
Daglória sentiu-se mais feliz ainda quando, abrindo a janela viu a árvore carregada de frutinhas, passarinhos de verdade, e muitas crianças em torno!
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Elisabeth Carvalho Santos desde alfabetizada lê tudo que aparece à sua volta. Depois de aposentada professora (não de Português) resolveu escrever. Colabora com o jornalzinho da família, participa de concurso cultural e coleciona seus textos para publicar oportunamente. Os assuntos brotam de suas observações, das conversas com amigos e são temperados com pitadas de imaginação e bom humor. Costuma afirmar que "escrever é um trabalho prazeroso e/ou um lazer trabalhoso que todo alfabetizado deveria experimentar algum dia".