julho 26, 2019

Na feira

Por Elisabeth Santos

Cena do filme infantil Charlotte's web (1973).

As crianças assentadas no sofá da sala assistiam juntas “A aranha e o Porquinho” e a mãe na cozinha estourava as pipocas ouvindo a história do Uilber. De tanto ver o filme todos da família, já cantavam juntos as músicas do sucesso cinematográfico. A preferida era “A feira é uma verdadeira gostosura, que fartura!”


Aliás que feira não é? Entretanto no filme, que tem uma menina com importante papel, quem rouba várias cenas é o Tempton, um rato divertido com uma voz rouca. Vilão dos animais da fazenda torna-se amigo para manter-se na boa vida. Afinal vai alimentar-se das sobras de ração do estábulo, da pocilga, granja etc.


São muitos os tipos de feira no mundo e a mais comum no Brasil é conhecida como “Livre”. Nela feirantes ocupam barracas desmontáveis para vender hortifrutigranjeiros, cada dia da semana num dos bairros da cidade.


A feira que aparece no filme citado tem de tudo, pois o produtor sai do campo levando produtos e animais para expor, negociar, e até participar de alguma competição. O fabricante de implementos rurais exibe as últimas máquinas agrícolas lançadas no mercado. As famílias têm diversões à vontade nesse tipo de feira. Nas barracas de alimentação também há diversas opções, pois um evento desses pode durar um dia ou a semana inteira.


A extensão das feiras nacionais e internacionais de produtos industrializados não se compara com as de cidades turísticas que mostram arte e artesanato, por exemplo. Entretanto pessoas que apreciam novidades podem gostar, tanto de umas quanto de outras. Numa feira se tem oportunidade de “ver com a ponta dos dedos” que não tem olhos, e até de provar ou fazer teste drive. Para completar, os visitantes vão-se embora com duas sacolas: a primeira com as compras efetuadas; a outra lotada de amostras grátis, ou simplesmente de brindes.


As ditas amostras servem para a gente testar efeito positivo... e anotar na lista das próximas compras.


O brinde serve para a gente estar sempre lembrando... “A feira é uma verdadeira gostosura, que fartura, que fartura!”

Cena do filme infantil Charlotte's web (1973).

Elisabeth Carvalho Santos desde alfabetizada lê tudo que aparece à sua volta. Depois de aposentada professora (não de Português) resolveu escrever. Colabora com o jornalzinho da família, participa de concurso cultural e coleciona seus textos para publicar oportunamente. Os assuntos brotam de suas observações, das conversas com amigos e são temperados com pitadas de imaginação e bom humor. Costuma afirmar que "escrever é um trabalho prazeroso e/ou um lazer trabalhoso que todo alfabetizado deveria experimentar algum dia".

julho 19, 2019

O escritor e o leitor

Por Elisabeth Santos




Às vezes sou leitora, outras sou escritora, quando não tenho as duas funções de uma vez só. É possível sim! Tenho como obrigação ler de maneira atenta o que escrevi numa revisão de texto, provável modificação ou até mesmo correção. É aí que entra meu olhar crítico e perscrutador de escritora (Aquela que é, sem nunca ter sido... profissionalmente no caso). Gosto de ler e também de escrever. Para as devidas alterações nos meus textos não dispenso auxílios. Peço ajuda ao corretor de textos, mas não vou aceitando tudo que ele sugere. Aprecio uma ponderação ou simples análise contextual. Tenho um estilo ou mais. A mim nem interessa saber se ora escrevo de um ou de outro jeito. Escrevo o que gosto, tenho vontade, oportunidade ou inspiração momentânea. E sobre esta última reforço meu esforço: não perder nenhuma a mais do que as numerosas vezes que me senti inspirada, veio a vontade, faltou oportunidade e aí... “dancei”!

Outro tipo de auxílio que utilizo é a anotação do que me veio à cabeça, para desenvolver o tema posteriormente, mas nunca vem do jeito que pensei primeiro. Não dou importância também a este detalhe, senão nada escrevo nunca. A engrenagem é misteriosa em seus meandros então é tratar de dar início à atividade. Incrível como funciona! Sento em frente ao computador (não escrevia em máquina) e dou início até sem saber pra onde sigo. Nas primeiras frases é que fico sabendo o rumo a tomar. Presto atenção ao que já tenho, busco o que preciso e acrescento o que ouvi aqui e ali. Guardo para o desfecho uns lances que surgem de supetão. É o elemento surpresa, imaginativo, jocoso, moralista, ou seja lá o que vem em minha ideia. A verdade, que pode não ser inteira, é que nem sempre sei de antemão “pra que lado vai o desfile e o que a banda tocará”. Dizem por aqui: quem não sabe o caminho a seguir, poderá acabar chegando onde não quer. Comigo não, pois me policio devidamente. Aprendo todo dia e cada dia mais um pouco. Com o radialista Boechat aprendi que as pessoas tem que ouvir coisas do seu interesse. Vou variando assuntos, mas os temas se repetem, pois estou atenta ao momento que vivencio. Não adianta focar, por exemplo, só no que os políticos estão aprontando. Tenho que deixar ser visto o facho de luz no fundo do túnel da vida dos seres vivos. Sinto que posso levar ânimo e esperança apenas repetindo: 

“_Toque o barco”!

Elisabeth Carvalho Santos/ 2019        


Elisabeth Carvalho Santos desde alfabetizada lê tudo que aparece à sua volta. Depois de aposentada professora (não de Português) resolveu escrever. Colabora com o jornalzinho da família, participa de concurso cultural e coleciona seus textos para publicar oportunamente. Os assuntos brotam de suas observações, das conversas com amigos e são temperados com pitadas de imaginação e bom humor. Costuma afirmar que "escrever é um trabalho prazeroso e/ou um lazer trabalhoso que todo alfabetizado deveria experimentar algum dia".    


julho 16, 2019

O Castelo e o São Jorge


Por Elisabeth Santos

Estátua de São Jorge na praça do Castelo e a Beth admirando a magnitude da construção.

Na noite em que as crianças pediram ao pai que lhes contasse a história do São Jorge residente na lua cheia, e quanto devia sentir-se apertado na minguante, aquele adulto ficou sim sem saída: ou contava tudo o que ocupava sua memória, ou inventava uma nova história para o Santo Mártir do catolicismo que teve seu título cassado, e depois devolvido.

O que não poderia acontecer de maneira alguma: as crianças ficarem sem a hora da história antes de dormirem profundamente. Caso não fossem embaladas por história verdadeira, ou fruto da criatividade do contador, poderia acontecer de simularem tourada com um cobertor, guerra de travesseiros, ou cabaninha do colchão de espuma, impedindo que os adultos da casa dormissem com tanta algazarra.

Ninguém ali poderia perder hora de escola ou trabalho na manhã do dia seguinte!

_ Jorge, que nasceu e foi criança que nem vocês- começou o papai sem saber como daria desfecho ao assunto- cresceu aprendendo o catecismo, quando jovem escolheu ser soldado, e assim conseguiu ser ótimo guerreiro na defesa do reino onde morava.

Era uma pessoa de bom coração, e dois ou três episódios da sua vida confirmam isto: Era fiel à família real; doou aos necessitados a enorme herança recebida do seu falecido pai; e certa vez salvou pobres indefesos aldeões dos ataques de um dragão do mal, que exigia sacrifício de vidas não sabemos para que tanta maldade.

Assim era o homem, e o mito, denominado Jorge.

A igreja o reconheceu naquela vida de santidade, fazendo o bem, e só muito depois ficou sabendo que povos da África identificaram as manchas na lua cheia como retrato de Ogum também guerreiro.

A Inglaterra escolheu para sua bandeira a cruz de S. Jorge; muitas cidades o têm de padroeiro, e o time do Corinthians o elegeu seu patrono.  Muitas homenagens são prestadas em todo o mundo por povos que pediram a intervenção do Santo em momentos de luta contra algum mal e obtiveram a graça.

E eu, afirmou “O melhor contador de histórias para crianças dormirem como Arcanjos”, fui visitar o Castelo de São Jorge em Lisboa. Não encontrei o anfitrião. Seus vestígios devem ter sumido a cada reconstrução através dos séculos! Acontece que o imaginário coletivo leva muita gente a procura-lo lá, e acha-lo somente popularmente, em suas crenças, lembranças passadas por gerações a gerações.

E assim São Jorge resiste bravamente até hoje!   

...

Mas ali, naquele quarto de seis crianças, nenhuma ficou acordada para questionar o pai.

_Ainda bem que dormiram! Eu não saberia dizer se no tempo em que Jorge nasceu na Capadócia ainda existia um dragão de sangue e osso...
Em sentido horário: arcos e colunas do salão principal do Castelo de São Jorge, o teto de uma das salas, o portal de entrada, dinheiro e os azulejos da época em Portugal.


Elisabeth Carvalho Santos desde alfabetizada lê tudo que aparece à sua volta. Depois de aposentada professora (não de Português) resolveu escrever. Colabora com o jornalzinho da família, participa de concurso cultural e coleciona seus textos para publicar oportunamente. Os assuntos brotam de suas observações, das conversas com amigos e são temperados com pitadas de imaginação e bom humor. Costuma afirmar que "escrever é um trabalho prazeroso e/ou um lazer trabalhoso que todo alfabetizado deveria experimentar algum dia".


julho 12, 2019

Clube dos Vagalumes

Por Elisabeth Santos




A intenção daqueles jovens na pequena cidade da Campanha, na década de mil novecentos e sessenta era juntar o “útil ao agradável” ajudando a comunidade local a ter uma vida melhor, e ao mesmo tempo ampliarem o próprio círculo de amizades. O Clube Vagalumes nasceu despretensiosamente, e foi aumentando à medida que outras entidades pediam sua colaboração em mutirão voluntário, em alguma ação social necessitada de força jovem e idealismo.

Era um grupo de seis ou sete moças e rapazes, aberto a novas adesões. Vieram adultos, adolescentes, pais de famílias, religiosos, todos dispostos a ajudar. O grupo de Vagalumes sabia que a “união faz a força” assim como aquele bichinho inspirador, ao voar em bandos nas noites escuras, sabia que uma pequena luz juntando-se a outras, poderia iluminar uma floresta.

Embora tendo normas de funcionamento conjunto, as boas ações surgiam de ideias isoladas que, expostas aos demais, eram de imediato aceitas. Mais ou menos assim: _ Vamos fazer? / _ VAMOS!

Para eles “não tinha tempo ruim” nem empecilho financeiro. Recurso material inexistente não era problema, mas era trabalho, e todos ali tinham disposição de sobra. Às vezes “bolavam” um baile e conseguiam emprestado um local. Noutras vendiam lugares num almoço festivo muito bem organizado, com a doação de “comes e bebes” conseguida de porta em porta com famílias de boa vontade, ou os comerciantes locais. Trabalhos prazerosos os da época... Ao final, diversão e muitos causos para contar aos netos e bisnetos daquela geração.

O baile azul, por exemplo, exigia que o participante viesse de azul, ou com algum detalhe daquela cor. O rapazinho quis passar sem trazer o obrigatório e foi literalmente “barrado no baile”. Intimado a mostrar a exigência dos organizadores da brincadeira, estendeu a mão exibindo a unha do dedo minguinho pintada de azul. Riso geral, pois a turma era forte também no bom humor.

As rendas dos divertimentos planejados beneficiaram Campanha, ou num trocadilho espirituoso, as campanhas dentro da cidade chamada Campanha (MG). Citando apenas algumas das realizações participativas a repercutirem entre a população da época: Mutirão para Saneamento Básico e Higiene (ACAR); Peça teatral com tema Ecológico; decoração com tapetes artísticos na rua da procissão de Corpus Christi; fortalecimento de atividades cívicas; reuniões com os diversos seguimentos sociais, e pequenos auxílios solicitados a tempo e à hora ao Clube dos Vagalumes.  

Professores, demais educadores, líderes religiosos e escolares, da cidade ou do campo aderiram a este Clube tornando-o poderoso! Os participantes fizeram por merecer a consideração, o respeito e a saudade de toda a população.




Elisabeth Carvalho Santos desde alfabetizada lê tudo que aparece à sua volta. Depois de aposentada professora (não de Português) resolveu escrever. Colabora com o jornalzinho da família, participa de concurso cultural e coleciona seus textos para publicar oportunamente. Os assuntos brotam de suas observações, das conversas com amigos e são temperados com pitadas de imaginação e bom humor. Costuma afirmar que "escrever é um trabalho prazeroso e/ou um lazer trabalhoso que todo alfabetizado deveria experimentar algum dia".   

julho 09, 2019

Portugal: Lisboa e Guimarães


Por Elisabeth Santos

A vista privilegiada do Castelo de Lisboa que fica em um dos pontos mais altos cidade.

Chegamos a Portugal de manhã para nós, de tarde para os portugueses, que tem a diferença de fuso horário montante em quatro horas. Aeroporto bem movimentado devido às festas juninas de lá. Comemoram Santo Antônio e todos os Santos portugueses; é época de pesca farta então coincide com a festa da sardinha; é fim da primavera antecedendo a estação mais aguardada do ano, inclusive pelos turistas de toda parte do mundo.

Lisboa, a capital, se encontra com multidões pelas ruas. Entendem-se falando idiomas diferentes, tendo idade de zero a mais de cem, vindas de outras culturas, estampando nos rostos a mesma descontração de quem está, ou chegou para “curtir” tudo o de bom que for possível.

Deixando no Estúdio a nós reservado, apetrechos e malas da longa viagem até ali, saímos a um passeio de reconhecimento da área em torno. Vizinhança boa de bons restaurantes, cafeterias e pastéis. Igrejas católicas a cada esquina, uma praça com trânsito intenso, e nossa praia de cimento! Ali permanecemos para um banho de sol e vento, com vista para o mar de pequenas e médias embarcações turísticas. Na praia bem urbanizada famílias com ou sem pets, fazendo pique nique, conversando ou em quietude de quem contempla e admira.


Em sentido horário: Vista do Cais Sodré, Praça dos Descobrimentos, decoração da cidade que se prepara a semana de festas, sardinhas sendo preparadas na frente do bar, Beth e "pé na cova" (água Penacova) e o delicioso prato de sardinhas à moda.

Deixamos de almoçar para jantar pratos típicos da região às oito horas da noite, luz solar, céu claro!

Só assim voltamos ao nosso apart hotel para colocar objetos de uso diário nos devidos lugares, e dormirmos cedo para de manhã partirmos rumo à cidade de Guimarães, berço de Portugal.

E no vento frio das 4 da manhã em Lisboa rumamos de Uber para o aeroporto. Lá, depois de um cafezinho, achamos nosso ponto de partida para a cidade de Guimarães onde tínhamos feito reserva num hotel. Hospedar onde funcionários falam a Língua Portuguesa é uma tranquilidade para mim! Dali a pouco chega o amigo para juntos irmos à padaria mais perto, e em seguida conhecer a pé, palácio e castelo da primeira Realeza do país. É incrível a história da construção de ambos no Distrito de Braga, século IX. Ali nasceu Dom Henrique e por esse motivo o castelo é considerado “Berço da Nacionalidade”, e uma das sete maravilhas de Portugal.

Em sentido horário: fonte na praça central de Guimarães, o restaurante da Dona Maria (a melhor picanha da cidade!), propaganda na entrada da cidade de Guimarães o berço de Portugal e o Paço dos Duques de Bragança.

Turistas lotam suas dependências, subindo e descendo escadas, caminhando de cômodo em cômodo, parando a observar lareiras, móveis, decoração da época, e imaginando as pessoas que transitavam por ali em épocas remotas. É o mesmo que estar no cenário de algum filme, pisando a mesma pedra, espiando pelo janelão ao longe, quem estaria chegando... Amor? Amigo? Contingente de invasores?

_ Ah... a paisagem!

Um passeio no entorno mostra uma defesa perfeita, um fosso antes da ponte levadiça, muro alto, jardins, ou simplesmente pátios a receber cavaleiros ou carruagens.

Muita história, muitas maneiras de nos lembrarmos dela!

Beth sentada em na ponte do Castelo, a vista do muro e arredores de Lisboa e um inovador (para a época) sistema de coleta de água da chuva.



Elisabeth Carvalho Santos desde alfabetizada lê tudo que aparece à sua volta. Depois de aposentada professora (não de Português) resolveu escrever. Colabora com o jornalzinho da família, participa de concurso cultural e coleciona seus textos para publicar oportunamente. Os assuntos brotam de suas observações, das conversas com amigos e são temperados com pitadas de imaginação e bom humor. Costuma afirmar que "escrever é um trabalho prazeroso e/ou um lazer trabalhoso que todo alfabetizado deveria experimentar algum dia".

julho 05, 2019

Quadrilha Junina II

Por Elisabeth Carvalho Santos

A sabedoria popular diz que “filho bonito tem pai” significando a frase que sempre a origem de uma boa ideia vem acompanhada de vários supostos autores.

A dança de “nossa” quadrilha junina tem comandos em francês, deve ter chegado ao Brasil com os descobridores, mas antes passou pelos salões nobres europeus e sabe-se lá onde mais. Caiu no gosto popular é a verdade atual.

Muito difícil será afirmar quem não aprendeu uns passos na escola regular, quem não reconhece a cadência de sua música, ou um que desconheça que a festa é caipira!

O caipira é nosso herói que tem o devido reconhecimento sintetizado na dança de quadrilha Junina.

É ele quem aguarda a chuva para conseguir boa colheita, faz a ponte entre o campo e cidade, espera pacientemente a estiagem passar, é fervoroso em suas rezas para obter bom casamento e ainda comparece às festas na cidade trazendo fartura de produtos, animação de sobra! Não importa se a roupa está apertada, a bota folgada no pé, ou se o chapéu de palha tem a aba desfiada... traz no bolso as economias do mês, e muita vontade de guardar no coração boas lembranças da sua festa!

Festa onde quentão não pode faltar para espantar o friozinho, e até o  reinventaram sem acréscimo de álcool para que os mais velhos aproveitem seus benefícios.
E à meia noite, no terreiro enfeitado de bandeirinhas coloridas, dança-se a quadrilha ao som da sanfona acompanhada de percussão e vozes.

Os comandos são simples, e nem precisam de muito ensaio: Caminho da Cidade, na ida pra festa; Caminho da Roça, ao final.

No entremeio dança-se desde o Miudinho até o mais difícil que é o Passo do Canguru; faz-se e desfaz-se o enrodilhado Caracol; perde-se o chapéu, mas não a cabeça... no Túnel do Amor!

Dançar quadrilha é para todo e qualquer salão, de qualquer nível cultural ou financeiro, idades de oito a oitenta e oito (+ ou -) valendo o “Junto e Misturado” também!

Para quem não teve muitas oportunidades de participar das Danças de Festas Juninas, antes de chegar à Terceira Idade... Estas são as melhores e imperdíveis, portanto!

A sabedoria popular diz que “filho bonito tem pai” significando a frase que sempre a origem de uma boa ideia vem acompanhada de vários supostos autores.

A dança de “nossa” quadrilha junina tem comandos em francês, deve ter chegado ao Brasil com os descobridores, mas antes passou pelos salões nobres europeus e sabe-se lá onde mais. Caiu no gosto popular é a verdade atual.

Muito difícil será afirmar quem não aprendeu uns passos na escola regular, quem não reconhece a cadência de sua música, ou um que desconheça que a festa é caipira!

O caipira é nosso herói que tem o devido reconhecimento sintetizado na dança de quadrilha Junina.


É ele quem aguarda a chuva para conseguir boa colheita, faz a ponte entre o campo e cidade, espera pacientemente a estiagem passar, é fervoroso em suas rezas para obter bom casamento e ainda comparece às festas na cidade trazendo fartura de produtos, animação de sobra! Não importa se a roupa está apertada, a bota folgada no pé, ou se o chapéu de palha tem a aba desfiada... traz no bolso as economias do mês, e muita vontade de guardar no coração boas lembranças da sua festa!

Festa onde quentão não pode faltar para espantar o friozinho, e até o  reinventaram sem acréscimo de álcool para que os mais velhos aproveitem seus benefícios.

E à meia noite, no terreiro enfeitado de bandeirinhas coloridas, dança-se a quadrilha ao som da sanfona acompanhada de percussão e vozes.

Os comandos são simples, e nem precisam de muito ensaio: Caminho da Cidade, na ida pra festa; Caminho da Roça, ao final.

No entremeio dança-se desde o Miudinho até o mais difícil que é o Passo do Canguru; faz-se e desfaz-se o enrodilhado Caracol; perde-se o chapéu, mas não a cabeça... no Túnel do Amor!

Dançar quadrilha é para todo e qualquer salão, de qualquer nível cultural ou financeiro, idades de oito a oitenta e oito (+ ou -) valendo o “Junto e Misturado” também!

Para quem não teve muitas oportunidades de participar das Danças de Festas Juninas, antes de chegar à Terceira Idade... Estas são as melhores e imperdíveis, portanto!


Elisabeth Carvalho Santos desde alfabetizada lê tudo que aparece à sua volta. Depois de aposentada professora (não de Português) resolveu escrever. Colabora com o jornalzinho da família, participa de concurso cultural e coleciona seus textos para publicar oportunamente. Os assuntos brotam de suas observações, das conversas com amigos e são temperados com pitadas de imaginação e bom humor. Costuma afirmar que "escrever é um trabalho prazeroso e/ou um lazer trabalhoso que todo alfabetizado deveria experimentar algum dia".

julho 02, 2019

Rogai por nós Santo Antônio

Por Elisabeth Santos


Em sentido horário: Igreja de Santo Antônio em Lisboa, breve história do Santo, imagem do Santo com o Menino no Museu que fica ao lado da Igreja, painel sobre um dos milagres do Santo e interior da Igreja em Lisboa, Portugal. 

Quem for ao Museu Santo Antônio em Lisboa poderá constatar o milagre dele de bilocação, ou seja... De ter tido o poder de estar em dois lugares ao mesmo tempo! Está fixado na parede o quadro de Frei Antônio celebrando numa igreja e cantando em outra bem distante dali, ou num Senado defendendo possível criminoso.

Ao observador atento não passam despercebidos os azulejos, pintados em azul em paredes externas, com outras histórias incríveis do Frei canonizado Santo da Igreja Católica:

_Os peixes pondo cabeça fora d’água para ouvir teológicos sermões...

_ O burrinho de carga ajoelhado diante da Hóstia Consagrada...

_ Jesus menino, fazendo-lhe companhia num facho de etérea luz...

_ Curando doentes, ressuscitando mortos, achando desaparecidos e até arranjando bom matrimônio a quem pedisse com fé...

“Eu pedi a S. João, que me desse um matrimônio. São João disse que não... Isso é lá com Santo Antônio”.

Assim sendo, aquele nobre batizado Fernando Antônio de Bulhões, tornou-se o santo mais popular de todo mundo católico!

Tendo residido em Pádua, esta cidade italiana mais a capital dos portugueses guardam muito da história, e devoção ao Frei seguidor de Francisco de Assis.

“Santo Antônio casa, São João batiza, mas pra entrar no céu... São Pedro é quem autoriza!”
_ O melhor é ser devoto (a) dos três!

Beth visitando a Igreja e Museu de Santo Antônio.
Maquete da procissão do Santo pela cidade de Lisboa com as devidas paradas em Igrejas representativas da história da cidade e do Santo.

A festa junina em Lisboa comemora todos os santos padroeiros de cidades portuguesas com monumental procissão (também denominada desfile); muitas cores, trajes típicos, turistas de diferentes idades posto que, os mais velhos seguem preceitos, os jovens procuram seus afins, as famílias levam os filhotes!

A animação é total, com segurança, fartura de sardinha na brasa, exposições artísticas, feiras culturais, e tudo de bom!

É no final da primavera com ares de verão, que acontece a festança imperdível que nós brasileiros herdamos dos colonizadores. Entretanto aqui é inverno e fazemos uma grandiosa fogueira para aquecer todos os corações, sob olhares dos Santos retratados em bandeiras de altos mastros.

“Com a filha de João, Antônio ia se casar, mas Pedro fugiu com a noiva... Na hora de ir pro altar! E no fim dessa história, ao apagar-se a fogueira, João consolava Antônio... que caiu na bebedeira.”

_ Rogai por nós, que não somos santos!

Cada qual se diverte como pode numa festa que caiu no gosto popular e põe todos muito à vontade no ecletismo que representa.

Imagem do Santo e as sardinhas do Festival que acontece durante a festa de todos os Santos.




Elisabeth Carvalho Santos desde alfabetizada lê tudo que aparece à sua volta. Depois de aposentada professora (não de Português) resolveu escrever. Colabora com o jornalzinho da família, participa de concurso cultural e coleciona seus textos para publicar oportunamente. Os assuntos brotam de suas observações, das conversas com amigos e são temperados com pitadas de imaginação e bom humor. Costuma afirmar que "escrever é um trabalho prazeroso e/ou um lazer trabalhoso que todo alfabetizado deveria experimentar algum dia".